CIDADE DE GAZA - Se pelo lado de Israel é possível ver centenas de fotos e horas de gravação do deslocamento de tropas, tanques, caças em rasantes, registradas pela imprensa nacional e estrangeira durante o conflito em Gaza, do lado do Hamas se viu, quase que unicamente, imagens das centenas de foguetes disparados a partir do território palestino cruzando o céu, dia e noite.
Quando muito, a rede de TV al-Aqsa, comandada pelo grupo fundamentalista islâmico Hamas, propagandeia vídeos de militantes encapuzados treinando artes marciais, entrando e saindo de túneis, ou em operações pelo mar.
- A resistência deve estar no coração e espírito do povo, que precisa saber que os sionistas matam crianças e pais - afirma Mohamed Thuraya, diretor da rede.
As Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, braço militar do Hamas, ameaçaram em um comunicado retaliar quem divulgasse uma foto sequer dos lançadores múltiplos de foguetes, ou dos combatentes em ação. Outra explicação para que não se vejam os extremistas é que, quando não estão disparando, estão escondidos nos túneis que atravessam o território palestino, conhecidos como "metrô de Gaza". Outra parte dos radicais, vestindo roupas civis, simplesmente se disfarça entre os habitantes de Gaza após os ataques.
ONIPRESENÇA VIRTUAL
Invisíveis nas ruas, incansáveis na internet. Cada vez que o Facebook veta perfis do Hamas - o que ocorreu pelo menos duas vezes durante o atual conflito -, a milícia conectada abre novas páginas, e detalha operações, reivindicações e bombardeios sofridos.
- É nossa batalha midiática e psicológica - ressalta um dirigente do Hamas, pedindo anonimato, inserindo-se nesta guerra oculta.
Só que a destruição da única central elétrica de Gaza por um ataque israelense tornou inviável para a grande maioria assistir à TV, ou ligar o computador.
- Agora, nossa televisão é para uso externo, para os palestinos na Cisjordânia, no Egito, na Argélia. Em Gaza, o povo escuta rádio. Diria que metade da população ouve nossa frequência - ressalta Thuraya.
Mas a emissora do Hamas divide opiniões.
- A Rádio Al-Aqsa é de longe a mais rápida.
O elogio é de Ahmed Nasir Gazaui, um rapaz de uns 20 anos.
- Mas não diz toda a verdade - observa outro jovem, sem dizer o nome. - A Al-Aqsa faz muita propaganda.