Uma das passagens mais importantes desta parashá é o primeiro trecho do Shemá, que se inicia com o versículo “Shemá Yisrael”. Notamos, porém, que o versículo “Baruch shem kevod malchutô leolam vaed”, pronunciado por nós todas as vezes que recitamos o Shemá, não consta na Torá.
O Midrash Rabá relata, que quando Moshê esteve nos Céus, ouviu os anjos – que louvavam o Eterno – pronunciando este versículo e transmitiu-o ao Povo de Israel.
O Midrash Rabá questiona então, por que não pronunciamos este versículo em voz alta (este versículo é pronunciado em voz baixa exceto no Yom Kipur).
O Midrash traz a explicação de Rav Assi: Esse fato é comparado a uma pessoa que esteve no palácio do rei, trouxe de lá uma jóia de muito valor e deu de presente para sua esposa dizendo-lhe, que a usasse somente em casa e não em público. Porém face ao jejum e ao comportamento exigido de nós no dia de Yom Kipur, assemelhamo-nos aos anjos e por isso o pronunciamos em voz alta.
Logo em seguida a estes dois versículos, o primeiro trecho do Shemá segue com a seguinte frase: “Veahavtá et Hashem Elokêcha bechol levavechá uvchol nafshechá uvchol meodêcha” (Devarim 6:5) – E amarás ao Todo-Poderoso com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todos os teus bens, que vem a ser o amor a Hashem acima de qualquer coisa. Um de nossos grandes sábios, oMaharal de Praga zt”l, vê nos três termos citados no Shemá (levavechá, nafshechá e meodecha) uma ligação direta com as três orações diárias – Shachrit, Minchá e Arvit. Sabemos que os horários destas três orações nos foram instituídos pelos nossos três patriarcas: Avraham, Yitschac e Yaacov. Avraham instituiu a oração de Shachrit, conforme consta na Torá: “Vayashkem Avraham babôker” (Bereshit 22:3), Yitschac instituiu a oração de Minchá, conforme consta: “Vayetsê Yitschac lassuach bassadê” (Bereshit 24:63) e Yaacov instituiu a oração de Arvit: “Vayálen sham ki bá hashêmesh” (Bereshit 28:11).
O Maharal zt”l diz que a oração de Shachrit está ligada com o termo “levavechá”. Nossos sábios chamam nossa atenção sobre o fato de esta palavra estar escrita na Torá com duas letras “bêt” quando seria suficiente escrever “bechol libechá”, porém os dois bêt referem-se aos dois instintos do indivíduo: o yêtser hará (o mau instinto) e o yêtser hatov (o bom instinto). Isso nos ensina, que devemos servir o Todo-Poderoso por intermédio dos dois instintos, transformando o yêtser hará para o bem.
A relação entre a oração de Shachrit e “levavechá” é, portanto, a seguinte: normalmente, sentimos dificuldade em acordar cedo e fazer a oração de Shachrit. Nosso instinto mau tenta nos convencer a permanecermos deitados, alegando que estamos muito cansados e se não dormirmos mais um pouco não poderemos cumprir nossos compromissos da manhã. Assim, o tempo vai passando e o indivíduo acaba acordando tarde e fazendo a oração matinal às pressas, sem o equilíbrio necessário. Por isso, a Torá nos diz: “Veahavtá et Hashem Elokêcha bechol levavechá”. Procure vencer seu instinto mau e desperte mais cedo, vá até a sinagoga rezar com minyan e assim estará servindo o Todo-Poderoso com todo o seu coração.
O termo “bechol meodêcha” – com todos os teus bens, refere-se à oração de Minchá. Esta oração só pode ser pronunciada depois do meio do dia (no verão há dias em que Minchá só pode ser feita a partir das 14h) até o pôr-do-sol e é justamente o horário em que o indivíduo está mais ocupado no trabalho em busca de seu sustento. Em meio a esta “avalancha” de preocupações materiais, parando para fazer a oração de Minchá estaremos servindo o Todo-Poderoso também “bechol meodêcha” – com todos os nosso bens.
Por fim, a oração noturna de Arvit está ligada ao termo “bechol nafshechá”, conforme a explicação do Maharal zt”l. Sabe-se que a alma(neshamá) necessita de descanso. Nossos sábios comentaram o versículo de Meguilat Echá, “Chadashim labecarim rabá emunatêcha”dizendo, que quando dormimos, entregamos nossa alma cansada e esgotada das atividades do cotidiano ao Criador e Ele a devolve completamente renovada e com novas energias. Disseram ainda, como parâmetro de comparação, que quando entregamos um objeto novo a um ser humano para que o guarde, este o devolve velho e gasto. Entretanto, entregamos ao Todo-Poderoso nossa alma velha e gasta e Ele a devolve renovada.
A alma, portanto, sente a necessidade de descanso pelo esgotamento diário. Porém se apesar disso, encontramos forças antes de nos dirigirmos ao nosso descanso para fazer a oração de Arvit diariamente, estaremos com isso servindo o Todo-Poderoso “bechol nafshechá”, com toda a nossa alma, mesmo quando ela está esgotada e pedindo seu merecido descanso.
Sobre a mitsvá de amar o Criador, vide também Rambam, Hilchot Teshuvá cap. 10 par. 3 e 6, e no Tratado de Berachot 62b o relato sobre Rabi Akivá.
Da Revista Nascente – www.revistanascente.com.br
Maravilhso estudo, Shalom
ResponderExcluirGosto muito de tudo isso!
ResponderExcluirGosto muito de tudo isso!
ResponderExcluirIsso é Fantástico para mim!
ResponderExcluirBons pensamentos levam às Boas Condutas.
ResponderExcluirBoas Condutas nos Elevam ao Nosso Deus.
Bons pensamentos levam às Boas Condutas.
ResponderExcluirBoas Condutas nos Elevam ao Nosso Deus.
Bons pensamentos levam às Boas Condutas.
ResponderExcluirBoas Condutas nos Elevam ao Nosso Deus.
Estou fascinado por esta leitura a tora tem me dado sabedoria.
ResponderExcluirque legal
ResponderExcluiré mesmo é
ResponderExcluirNossa, como eu gostaria de entender o hebraico. Shalom
ResponderExcluirBaruch HaShem!
ResponderExcluirHodu LaAdonai ki Tov!