No início desta parashá, Moshê dirige-se ao povo enumerando os locais onde Benê Yisrael rebelaram-se contra o Todo-Poderoso. Esta forma de repreensão (citando apenas as localidades e não os erros propriamente) é uma forma de repreender sem faltar com o respeito.
A parashá inicia com as seguintes palavras: “Ele hadevarim asher diber Moshê el col Yisrael” – Estas são as palavras que falou Moshê a todo Israel. O Midrash Rabá levanta a seguinte questão: quando Moshê foi chamado pelo Todo-Poderoso para ir falar com o Faraó para que libertasse o Povo de Israel, a resposta de Moshê foi: “Lô ish devarim anôchi” (Shemot 4:10) – Não sou uma pessoa que tem o dom da palavra. Entretanto, nesta parashá, vemos que antes de seu falecimento, Moshê reúne o povo e faz uso de uma linguagem das mais desenvoltas possíveis para lehochiach – admoestar o povo. De onde Moshê obteve esta eloqüência, uma vez que afirmara anteriormente “Lô ish devarim anôchi”?
O Midrash responde, que após Moshê ter tido o mérito de receber a Torá e transmiti-la ao Povo de Israel, sua língua curou-se. Portanto, a partir de então, começou a falar da melhor forma possível.
Cabe-nos analisar os vários aspectos existentes na tochachá – admoestação. O versículo em Mishlê (28:23) diz: “Mochiach adam acharay chen yimtsá” – Quem repreende alguém para seguir as ordens do Criador, será bem visto por Ele. O Midrash explica que este versículo refere-se a Moshê. Ele tinha o intuito, com esta repreensão, de reaproximar o povo do Todo-Poderoso e também de reaproximar o Todo-Poderoso do povo. Ao povo Moshê disse: “Atem chatatem chataá guedolá” (Shemot 32:30) – Vocês cometeram um grande pecado e ao Todo-Poderoso, Moshê disse “Lama Hashem yecherê apechá beamêcha” (Shemot 32:11) – Por que Te zangas contra Teu povo?
Quando a repreensão é feita com o propósito de aproximar o povo do Todo-Poderoso, ela atinge seu objetivo. Além de explicar a gravidade do pecado, anula a distância gerada pelo pecado entre Yisrael e o Criador. Tem, portanto, função dupla: rogar para o Todo-Poderoso Que tenha piedade pelos Seus filhos (e filhos são sempre filhos, independente da situação) e chamar a atenção dos filhos perante Quem pecaram.
Nessa admoestação é como se Moshê dissesse para o povo e para D’us: “É agradável que um Pai Se distancie de Seus filhos? É correto que os filhos se afastem de seu Pai?
Esta é, portanto, a repreensão correta. Procura demonstrar ao pecador não somente o grave erro que cometeu e a necessidade de fazer teshuvá, mas principalmente, procura demonstrar, que o maior mal do pecado cometido, consiste no fato de que este erro faz o indivíduo se distanciar de seu Criador, criando uma barreira entre eles. A admoestação tem, como objetivo principal, derrubar esta cortina de ferro, que pode vir a nos separar do Todo-Poderoso.
Da Revista Nascente
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