Pierre Jourde
Romancista, crítico literário e professor na Universidade de Grenoble III
Raro artigo defendendo judeus na França
Desde da entrada de Tsahal na Faixa de Gaza, as mídias (francesas) falam constantemente de "importação de conflito" (na França), de "violência intercomunidades". Ainda assim, são um pouco mão única essas "violências intercomunidades". Elas consistem, a grosso modo, de jovens (franceses) de origem árabe-muçulmana que atacam judeus, manifestando, assim, o apoio deles a seus "irmãos" oprimidos palestinos. Eles, aliás, não esperaram o conflito de Gaza para praticar este esporte, e a agressão ou o insulto dirigidos aos judeus se tornou um fenômeno recorrente.
A morte de centenas de mulheres e crianças palestinas é um desastre humano que deve despertar em todo mundo o horror e a compaixão. Desse modo, é legítimo bater em um judeu na França, que não tem nada a ver com isso. Provavelmente porque essas pessoas, se sabe bem, formam um lobby. Todo judeu é cúmplice.
O que eles defendem, sobre o que eles manifestam aqueles que batem em judeus, e aqueles que se manifestam contra a operação israelense?
Eles apoiam o Hamas? Eles sabem que os textos de referência deste movimento não tem nada a invejar aos do Partido Nazista? Que o objetivo declarado do Hamas é o de matar judeus e destruir Israel? Será que eles querem que Israel eternamente receba mísseis sem reagir? Eles sabem que o emaranhado entre combatentes e civis em Gaza é tal, que fazer uma triagem em uma operação militar é extremamente difícil?
Eles reagem assim por serem árabes? Mas eles são franceses, e como um francês se envolve em um conflito internacional, se não for em nome da justiça universal? Então, eles reagem em nome da justiça universal? Como seres humanos? Mas então, por que eles não se revoltam quando massacram os índios de Chiapas, os tibetanos? Por que as centenas de milhares de mortes, as crueldades inimagináveis cometidas em Darfur não levam eles para as ruas? Mesmo que elas sejam cometidas por milícias de um regime islamista ? Por que eles não acham estranho que as comunidades judaicas praticamente desapareceram de todos os países árabes, após terem sido perseguidas e saqueadas? Por que eles não exigem, em nome da justiça, o direito de retorno aos judeus expulsos?
PROPAGANDA PARANÓICA
Se eles reagem por serem árabes, onde estavam eles quando os sírios ou os jordanianos massacraram dez vezes mais árabes, palestinos ou não, que Tsahal? Eles sabem que um dos poucos lugares no Oriente Médio onde árabes gozam de direitos democráticos é em Israel? Eles sabem que, pela liberdade, democracia, os direitos humanos, é infinitamente melhor ser um árabe em Israel que um judeu em um país árabe, e, em muitos aspectos, um árabe em um país árabe?
Será que eles sabem que Israel apoia financeiramente a Palestina, trata palestinos em seus hospitais? Que os dois milhões de árabes israelenses têm os seus deputados? Eles sabem que se o ódio anti-judaico e o negacionismo (negar que houve o Holocausto na Segunda Guerra Mundial) se alastra nos países árabes, alimentados por uma propaganda paranóica, que não hesita em fazer uso da falsificação anti-semita do Protocolo de Sião, o inverso não é verdadeiro? Que enquanto muitos israelenses defendem os direitos dos árabes, são raros os árabes que defendem os judeus?
Reagem como sendo uma comunidade oprimida? Mas então por que os negros da França não atacaram os árabes que os exterminavam no Sudão? Por que as comunidade indianas não se manifestaram contra os regimes árabes do Golfo, que tratam seus "irmãos" como escravos? Isso sim iria animar a República (como os franceses chamam a França)!
Reagem por serem muçulmanos? Mas onde estavam eles durante os massacres na Bósnia, Tchetchênia, na Índia? O silêncio não seria porque os assassinos não eram judeus, não é? Eles sabem que os muçulmanos em Israel praticam livremente a religião deles? Que a Universidade Hebraica de Tel Aviv está cheio de meninas com véu? Mas quantos judeus com a kipá (solidéu) no Cairo, em Damasco, em Bagdá? A exigência de justiça é de mão única?
Então, concluímos que estas demonstrações, violências e gritos de ódio que os acompanham não são motivadas por compaixão pelas vítimas palestinas, nem pela preocupação de justiça, ou mesmo pela solidariedade religiosa ou de comunidade, mas bem, pelo bom e velho ódio ao judeu. Podem matar e torturar no mundo inteiro cem vezes mais do que em Gaza, o verdadeiro culpado, o culpado universal é o judeu.
Um punhado de judeus que transformam um deserto em um país próspero e democrático no meio de um oceano de sangrentas ditaduras árabes, de miséria, de islamismo e corrupção, um punhado de judeus que também optam por não serem mais vítimas, isso sim é insuportável. Portanto, é preciso que os judeus sejam os culpados, caso contrário, onde estaria a justiça?