“A intenção de destruir a casa dos dois palestinos acusados da morte de Baruch Mizrahi significa adotar uma política oficial de prejuízo ao inocente”, ressaltou a citada ONG em comunicado enviado aos meios de comunicação.
Os suspeitos vão ser julgados e espera-se sejam condenados a longas penas de prisão. Seus parentes não são suspeitos de delito algum, mas serão os pejudicados pelas consequências da demolição: “na casa vivem 13 pessoas, oito delas crianças”, explicou B’Tselem.
A Promotoria militar israelense processou na segunda-feira dois palestinos do distrito cisjordaniano de Hebron por suposta participação no assassinato de um alto oficial da Polícia israelense quando viajava em seu carro com sua família.
Os dois acusados, Ziad Awad, de 42 anos, e seu filho Az Al-Adin Hassan Awad, de 18, foram detidos em 7 de maio pelo serviço secreto Shabak, embora só ontem, com o processo perante uma corte militar, foi revelado o segredo.
Ziad Awad já tinha estado em uma prisão israelense e tinha saído graças ao acordo com o Hamas para a libertação de detidos em troca da libertação do soldado Gilad Shalit, sequestrado pelo braço militar do citado movimento islâmico.
Ontem, logo após conhecer a notícia, se soube além disso que o governo que dirige Benjamin Netanyahu tinha instruído o Exército israelense para que seja demolida a casa do acusado, e que forças israelenses já tinham entregado a ordem à família, que pode apelar ao Tribunal Supremo.
Em sua nota, B’Tselem lembra que “há anos, o próprio Exército já concluiu que as demolições punitivas de casas não são uma medida efetiva para deter os ataques contra israelenses, e que inclusive há indícios que seu efeito é o contrário”.
“Parece que os motivos são cobrar vingança e capitalizar politicamente o atual estado de ânimo da opinião pública em Israel. Esta medida draconiana não foi adotada em quase dez anos, exceto uma vez em 2009″, acrescentou.
B’Tselem faz referência assim à busca de três estudantes desaparecidos em 12 de junho em um cruzamento perto da colônia de Gush Etzion, na Cisjordânia ocupada, que Israel acredita terem sido sequestrados por ordem do movimento islamita Hamas.
Desde então, o Exército israelense realiza uma vasta operação militar de busca que causou a morte de seis palestinos, ferimentos a mais de 100 e a suposta detenção de cerca de 500 pessoas, em sua maioria simpatizantes e membros do Hamas na Cisjordânia.
Segundo B’Tselem, o Exército israelense demoliu como castigo 664 casas palestinas entre 2001 e 2005 -em plena segunda Intifada- mas em fevereiro desse ano, o Ministério da Defesa anunciou que a prática seria suspensa.
Só em 2009, Israel ordenou a demolição de uma casa palestina em Jerusalém Oriental e selou duas mais, ações que deixaram 28 pessoas sem lar.