A casa de Turismo Rural
“Mogadouro”, em Celorico da Beira, promove, na próxima sexta-feira, uma visita
aos centros históricos de influência judaica de Linhares da Beira, Belmonte e
Trancoso.
O evento, conduzido por João Patrício, pretende dar a conhecer todo
um patrimônio “ainda ignorado por muitos”, que vai desde os locais, passando
pela gastronomia ou símbolos religiosos.
“Este é um evento turístico, inserido no
designado Turismo Cultural, que se centra na visita a lugares que se destacam
pela sua riqueza patrimonial, principalmente monumental e artística, mas também
pelos seus costumes, tradições e idiossincrasias do seu povo”, explica o
responsável pela iniciativa. João Patrício destaca aqui a importância de
Belmonte, um local já bem conhecido pela sua influência judaica, tendo mesmo
uma sinagoga, o Museu Judaico, que retrata a presença sefardita em Portugal, e
mesmo gastronomia kosher, mas também de Linhares da Beira e de Trancoso.
“A judiaria de Linhares, por exemplo, é pouco
conhecida e vale a pena visitar. Pretendemos levar os turistas a conhecer os
locais e símbolos judaicos ali existentes”, explica. “Ainda hoje é possível
notar a herança judaica em Linhares através dos portais chanfrados dispersos
pela povoação e também através das janelas manuelinas. As casas dos cristãos
novos têm, nas ombreiras das portas, cruzes que os protegiam da Inquisição”,
conta, adiantando que este tipo+o de turismo é uma alternativa para todos
aqueles que estão fartos de sol e praia ou da Torre da Serra da Estrela. “É
para dar a conhecer um pouco daquilo que faz parte das nossas raízes”, sublinha
João Patrício, licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova e
com uma pós-graduação em Programação Cultural, pela mesma instituição.
A
influência judaica nesta região é muito forte, contando com algumas das cidades
e vilas mais significativas da história daquela cultura em Portugal, estendendo-se
por Belmonte (com a presente comunidade, única na Península Ibérica a resistir
organizada a séculos de inquisição), Guarda, Trancoso, Covilhã, Pinhel,
Penamacor, Fundão, Celorico da Beira, Gouveia, Marialva, Castelo Rodrigo,
Almeida, Sabugal e Linhares da Beira.
O
reforço da presença na região da influência judaica remonta a 1492, devido à
expulsão dos judeus de Espanha. Estima-se que cerca de 35 mil utilizaram a
fronteira de Vilar Formoso, tendo muitos deles reforçado as comunidades já
existentes. Durante a II Guerra Mundial dezenas de milhar de judeus utilizaram
a mesma fronteira para entrar em Portugal, fixando-se também boa parte deles na
região.
Fonte: Celorico