Parlamento aprova lei que prevê alistamento de ultra-ortodoxos
JERUSALÉM, ISRAEL, O Parlamento israelense aprovou uma medida controversa que prevê o gradual alistamento militar obrigatório de ultra-ortodoxos.
Criticada tanto pela comunidade religiosa quanto pela oposição, que pedia ações mais duras, a lei tem entre as suas metas exigir uma mais ampla participação dos "haredim" (os ultra-ortodoxos).
Descontentes com as votações, ultra-ortodoxos já haviam realizado manifestações contra a lei, incluindo uma oração coletiva com 500 mil participantes em Jerusalém. Eles afirmam que já cumprem suas obrigações sociais a partir do estudo dos textos sagrados do judaísmo.
A lei prevê, na sequência da aprovação no Parlamento, o estabelecimento de metas anuais de alistamento até chegar, em 2017, a 5.200 ultra-ortodoxos. Parte crucial é a previsão de ações punitivas, como a prisão, a quem recusar o serviço militar.
A parlamentar Ayelet Shaked, líder do comitê que redigiu a lei, recebeu a aprovação da medida à que chama de "histórica". "Por 65 anos, houve uma isenção a todos os estudantes de instituições religiosas e a mudança feita pela coalizão é proporcional, gradual e correta", afirmou.
A oposição, no entanto, boicotou a votação da medida -cuja aprovação dá conta, também, da força do atual governo. Houve 67 votos a favor e apenas um contrário. O parlamentar Yoni Chetboun, que votou pelo "não", foi suspenso do comitê de assuntos internacionais como represália do partido.
Por parte da sociedade secular, a lei é vista como demasiado suave, com a previsão de diversas isenções nos próximos anos. Quando passar a prever detenções a quem escapar do alistamento, a lei já poderá ter sido cancelado pela coalizão seguinte no governo de Israel.
Os "haredim" constituem, segundo estimativas, 10% da população israelense. Eles são caracterizados pelas regras rígidas de vestimenta e pelo estudo frequente e intenso dos textos sagrados.
Com uma maioria desempregada e recebendo benefícios estatais, os ultra-ortodoxos são alvo da insatisfação da população secular, que lhes acusa de não compartilhar com os deveres no país em que homens jovens servem por três anos no Exército.
Pacote
A lei de alistamento militar faz parte de um pacote de três medidas votadas durante esta semana, apesar das críticas da oposição.
Foi aprovada ontem a barreira eleitoral que exige que um partido eleja no mínimo quatro parlamentares para fazer parte do Parlamento. Na prática, partidos árabes serão barrados a não ser que se unam para o próximo pleito.
Deve ser aprovada também, durante a semana, a lei que institui um referendo popular para eventuais entregas de território soberano pelo governo israelense --por exemplo, em um tratado de paz com palestinos.