
Mais de um século depois, o sucessor de Alexandre, Antíoco IV que estava no controle da região, começou a oprimir os judeus severamente, massacrando-os e proibindo a prática da religião judaica, profanando o templo, exigindo o sacrifício de porcos sobre o altar. Haviam dois grupos de oposição a Antíoco: um grupo basicamente nacionalista liderado por Matatias, o Hasmoneus e seu filho Judas Macabeu, e um grupo tradicionalista religioso conhecido como o Chasidim, os precursores dos fariseus (sem conexão direta com o movimento moderno conhecido como chassidim).
Eles se uniram em uma revolta contra a assimilação dos judeus helenistas e a opressão por parte do governo Selucida grego. A revolução foi bem sucedida e o templo reaberto. Segundo a tradição, como registrado no Talmud, no momento da reabertura do templo, havia muito pouco óleo não profanado pelos gregos.
O óleo deveria ser suficiente para manter a Menorá (candelabro) do Templo, queimando todas as noites porém havia apenas óleo suficiente para queimar por um dia, mas, milagrosamente, ele queimou por oito dias. Uma festa de oito dias então foi declarada então para se comemorar este milagre. A observância religiosa apenas relacionado com o feriado é a iluminação de velas. As velas são dispostas em um candelabro chamado Chanukiá.
Muitas pessoas referem-se à Chanukiá incorretamente como uma menorá. A Menorá, nome apenas usado para descrever o candelabro de sete braços que foi alojado no templo judaico. A Chanukiá detém nove velas: uma para cada noite, além de um Shamash (servo) a uma altura diferente. Na primeira noite, uma vela é colocada no lado direito.
A vela é acesa shamash e três Brachot (bênçãos) são recitadas: l'hadlik neir (uma oração geral sobre velas), ela-asah Nisim (uma oração agradecendo a D`s por realizar milagres para os nossos antepassados neste momento), e ela-hekhianu (uma oração geral agradecendo a D's por nos permitir chegar a esta época do ano).
A primeira vela é acesa em seguida, usando a vela shamash, a vela shamash é colocado em seu suporte. A cada noite, uma vela é adicionada da direita para a esquerda (como a língua hebraica).
As brachot são as seguintes:
Baruch atah a-donai elo-heinu melech ha'olam asher kid'shanu b'mitzvotav v'tzivanu l'hadlik ner shel Chanukah.
Baruch atah a-donai elo-heinu melech ha'olam she'asah nisim la'avoteinu bayamim haheim baz'man hazeh.
Na primeira noite, o Shehecheyanu também é recitado.
Chanucá faz as honras da casa. É a famosa rededicação que os macabeus
fizeram da Casa, da Casa da Santidade, o Beit Hamicdash. É a luz do fogo
no coração, a lareira, o lar de um Povo.
Chanucat Habayit é a celebração de instalar-se numa casa nova, uma
acolhida calorosa do tipo sagrado. É como se com cada mudança para uma
casa nova nós celebrássemos um Chanucá em miniatura. Pois cada lar é a
manifestação do Templo Sagrado em nossos tempos, em nossa própria vida.
Assim nossas quatro paredes clamam por um Chanucá – uma dedicação – o
acendimento de um fogo que aquece e santifica nosso espaço.
Luz a Cada Noite
E a iluminação de Chanucá na casa é nada menos que a iluminação do ser
interior. Pois o ser com suas escadarias secretas, suas janelas de
observação, é uma casa com muitos andares, a morada da alma.
Nossa tarefa nessas oito noites é rededicar o Templo, em nosso tempo, em
nossa vida; cada noite ilumina um novo aspecto do ser, acendendo uma
nova alcova de nossa Casa de Santidade interior.
Embora a mitsvá de Chanucá seja divulgar o milagre da menorá, há também
algo vital por termos uma conexão pessoal com cada mitsvá que cumprimos.
As meditações a seguir são baseadas nas minhas experiências e conexões
pessoais com cada noite de Chanucá e as lições e ideias únicas que
existem em cada noite. Descobri que concentrando-me dessa maneira, cada
noite ganha vida e se torna uma parte de mim enquanto cresço com as
luzes que vão aumentando.
Primeira Noite – Dedicada à Escuridão: o Porão
Antes de acender a primeira vela, fique quieta por um momento na
completa escuridão, e deixe que ela seja de fato completa, sem
necessidade de nada, nenhuma distração para a vista; simplesmente sinta o
ser calmo que está ali esperando pacientemente que você perceba,
desligue a televisão, desligue toda a visão, esteja calma e sinta o
santuário que é o ser.
De pé no porão de mim mesma, com uma vela apagada na mão, no escuro,
descubro um ser mais profundo do que com luz. Essa noite dedicada à
escuridão interior, ao desconhecido, recantos indizíveis da alma. É a
escuridão que me mantém procurando um oponente válido, provocando meu
caminho a maiores conquistas, meus pensamentos a maiores profundidades. É
como se fossem os aspectos ainda não iluminados, não respondidos de um
ser não desvendado, a paisagem de sonhos e pesadelos, verdades e temores
trágicos.
Dedico essa noite a toda questão que tenho buscado, a toda confusão que
tem me humilhado, a todo desafio que venci, à excitação do segredo. À
medida que essa vela lança uma sombra, meu ser num contorno escuro,
integro e dedico a escuridão com a luz. A primeira noite é para o porão
escuro do inverno, que ilumina uma percepção mais profunda.
Segunda Noite – Dedicada à Ascensão: A Escadaria
De pé na escadaria, a vista é para a ascensão.
Quando você acende a vela, visualiza uma escadaria se elevando à sua
frente, cada degrau uma ascensão da alma feita com uma ação valiosa,
cada palavra boa que você falou, cada obra boa feita pelas suas mãos.
Veja como cada degrau leva ao próximo. Dedique-se aos passos singulares
numa direção ascendente; saia do seu caminho para fazer um novo ato de
bondade em cada um desses oito dias, pois cada qual é um elo na corrente
sempre crescente de compaixão que se estende perante você.
Essa noite é dedicada a aumentar, ao segundo degrau de cada caminho.
Esse é o movimento para a abundância, para construir incrementos, um
processo ordenado. Os tesouros da casa de Hilel falam de santidade que
deveria somente aumentar, sempre crescer. Assim foi decretado que
acendamos uma vela adicional para marcar cada noite. Pois a santidade,
como a luz e toda a bondade luminescente, deveria sempre avançar, como
uma escadaria ascendente, cada vez mais inclinada, ampliada.
Assim como cada boa ação provoca outra, uma centelha brota para um segundo pavio, enquanto uma fileira de velas espera.
Fico de pé na escadaria das minhas profundezas, pronta a me elevar,
explorar. Tendo encontrado meu apoio na escuridão, eu me movo para um
momento acima, a segunda noite, o segundo degrau, a força para começar…
Terceira Noite – Dedicada a Decisões: A Entrada
Imagine-se num hall de entrada, um corredor interminável. À sua frente
há um leque de opções, uma série de portas de madeira escura; cada
abertura se alarga com oportunidade, cada qual oferece um caminho
desconhecido, deixando você escolher, exigindo que você se mova,
desafiando-a a agir. Por qual porta você anseia?
É a estreiteza que leva à expansão.
O hall de entrada é onde abro meu caminho através do mundo. É a
estreiteza que leva à expansão, onde uma batida determina destinos
inteiros. Essa passagem chama pela precisão, decisão, pela análise de
opções, o cuidado e a coragem para escolher o verdadeiro, o exato, o
correto. Esse corredor é a tensão antes de qualquer ato notável – quando
o momento clama por uma determinação mais profunda para elevá-lo da
vasta pilha de acontecimentos mundanos, para deixá-lo se tornar uma
grande ocorrência no curso da vida.
Essa noite é dedicada à direção, a tomar decisões no escuro, a dar o
salto de fé que leva a milagres. A partir da estreiteza do domínio
grego, os macabeus escolheram nada menos que a passagem para a liberdade
mais vasta. Eles não ficaram confinados, mas sim correram para a
passagem do auto-domínio e da independência, sem temer a luta do outro
lado.
De pé num corredor vazio, as passagens cegando meus olhos, contemplo o
caminho para o meu futuro, acendo três velas como minhas guias.
Quarta Noite – Dedicada aos Sentidos: A Sala de Jantar
Veja-se sentado à uma mesa prateada, arrumada para um banquete. Você é
convidado e anfitrião, chamado a trabalhar, a comer. Como está o seu
prato, cheio, qual o tamanho da sua necessidades. O seu espírito é
nutrido à medida que o seu corpo se alimenta?
A quarta noite é dedicada à sala de jantar e seu espaço vizinho, a
cozinha. Esse é o local do apetite, repleto com todas as coisas
deliciosas para os sentidos. No centro da mesa está uma fina tigela de
shemen, azeite de oliva, pois shemen é o símbolo do paradoxo do sensual,
onde o sublime e o material se encontram e jantam juntos, seja em
harmonia ou na mais completa discórdia. Shemen, o azeite da unção dos
reis, as marcas do Messiah, o símbolo essencial de Chanucá, é a própria
veste gotejante da Redenção. É o alimento para a vela, sobre o qual a
chama sagrada se alimenta. É o máximo do sublime, mas é também o mais
baixo do mundano. Como também quer dizer “gordura” (shuman), significa
que é grosso e físico, a suprema imagem do mundo material, a massa onde o
espírito reside. Essa noite é dedicada a equilíbrios delicados onde
nossos desejos vão jantar oferecendo prazer em cada embelezamento,
combustível para o fogo da vida embora o azeite unja e alimente,
derramado ele irá apagar a luz.
Quinta Noite – Dedicada ao Desafio – O Pátio Externo e a Vontade Interior
Veja-se de pé num pátio manchado pelo sofrimento. Diante de você está
Hannah e seus sete filhos. Eles olham para Antiochus e uma tarefa
torturante – negar a própria identidade ou enfrentar a morte. Eles são
uma família forçada até o limite da existência, recebem ultimatos que se
recusam a cumprir. Você é um observador no pátio externo. O que diz a
sua vontade interior?
É uma noite para conhecer a própria identidade.
A quinta noite vê minha força testada. Essa noite é dedicada a enfrentar
fortemente as forças externas, recusando-se a ceder às vozes da hoste
que me afastam do meu âmago. Essa é a noite de Hannah e seus sete
filhos, apanhados num pátio externo, chamados a se converterem, a
conformar-se com um mundo diferente. Essa é a noite dedicada à
persistência, uma noite que não teme o sacrifício. É uma noite para
conhecer a própria identidade, de estar baseado num pátio interior de
calma e coragem, sem se importar com o caos do mundo exterior.
No frio do pátio externo, repleto de chamados para concordar, eu
conclamo os poderes da minha própria vontade interior, para desafiar
corajosamente.
Sexta Noite – Dedicada ao Renascimento: O Quarto de Dormir
Seus olhos estão nublados por baixo de uma canópia, seus membros sobre
lençóis, em sua boca há um último suspiro. Relembra as cores dos seus
dias, você está satisfeito com o caminho que trilhou. Faça as pazes
consigo mesmo, eresigne-se a morrer, em vez disso encontre-se renascido.
A sexta noite me leva ao quarto, pintado com cenas do ser em seus
diversos estágios, as mesmas quatro paredes decoradas e redecoradas.
Durante uma vida testemunhou muitas vidas, muitos corpos gastos e
abrigados, personalidades desenvolvidas e descartadas, muitos
nascimentos e muitas mortes. Assim como o Templo de Jerusalém foi
perdido e achado e perdido novamente, da mesma forma estamos para sempre
caindo, e redefinindo, perdendo e reencontrando, um novo começo nascido
a cada fim.
À noite coloco minha alma para descansar aqui, minha respiração diminui,
o mundo se afasta, experimento o fim de tudo, somente pra sonhar e ser
renascido, sem fardos, pela manhã. A cama é um suave casulo, um útero,
um túmulo, uma sala de rejuvenescimento. Essas são as quatro paredes do
renascimento – onde a cama do nascimento se torna o leito de morte – o
anseio para terminar, porém, começar de novo.
As seis chamas se erguem da cinza como uma fênix, revivendo a vida em
sua volta circular. Embora a história seja uma espiral com curvas, a
Redenção está ao final da linha.
Sétima Noite – Dedicada a “Divulgar o Milagre”: A Luz na Janela
Enquanto você está perto da janela acendendo, levante os olhos para
olhar lá fora, E veja uma face à sua frente, alguns passantes curiosos E
então veja que é o seu reflexo, no vidro da janela, seus próprios olhos
O que você viu no espelho da janela, que milagre você divulgou?
A sétima noite é dedicada à janela do mundo. É aí que a força e o
propósito que tenho nutrido interiormente são celebrados à vista de
outros. Esses é o show de luzes que brotam de dentro para fora. É o
mandamento de Chanucá fazer pirsum hanes – “divulgar o milagre”, o
milagre que foi forjado pela história, que está forjado dentro de mim.
Que meus olhos possam contemplar os milagres brilhando com cada alma que
passa.
E enquanto olho pelas janelas deles, que meu próprio milagre seja contemplado enquanto eu contemplo.
Oitava Noite – Dedicada à Transcendência: O Telhado
Esse é o show de luzes que brilham a partir do ser. Imagine-se de pé
sobre um telhado, cumprindo aquele antigo rito humano de observar o cair
da noite. À medida que o azul se aprofunda e enegrece, você observa uma
única estrela aparecer, depois outra, e mais outra. A escuridão acende a
luz das estrelas no céu tão seguramente quanto você acendendo a sua
menorá. Quando a oitava estrela aparece, o céu inteiro libera sua
provisão de centelhas. Impressionada pelas estrelas incontáveis, você
encara o aparente infinito do espaço. Contemplando essa vastidão do alto
do telhado, você é lembrada da infinidade da sua própria alma.
A oitava luz, a última.
A menorá está luminosa à nossa frente. Acesa por inteiro. Completa.
Essas oito luzes são o grand finale de toda a jornada de Chanucá. E os
finais, com todo o seu aparato, sempre informam que chegamos ao fim,
Assim como o telhado é o limite superior da casa, esse é o limite das
nossas luzes de Chanucá. E além disso, como estar de pé no telhado nos
permite apreender um senso do infinito do céu, olhar para as oito luzes
nos faz lembrar da luz de D'us, o or haganuz que não tem fim.
A oitava e última noite é então dedicada à transcendência. Assim como os
sete dias da semana representam o tempo linear e a compleição do
físico, o número oito é um salto elegante além do linear, e além da
fisicalidade. O oito representa a transcendência. Assim como os próprios
milagres transcendem os limites do âmbito físico, também o número oito
nos chama à transcendência.
Embora a oitava noite seja o final exuberante da Festa, também sugere a
santidade ilimitada de todo dia. Sim, houve oito noites de azeite
milagroso, mas além disso – todo dia encerra seus próprios milagres.
Quando estamos conectados com a luz infinita de nossas próprias almas, o
próprio telhado de nós mesmos, então estamos em contato com a
infinitude de D'us. Daquele local, os milagres não somente são
possíveis, como são um presente. Essa noite final de Chanucá celebra
nossos espíritos transcendentes, e a promessa de D'us de Sua miraculosa
presença diária em nossas vidas.
Chag Sameach a todos!