
A candidatura num montante de cerca de 5 Milhões de euros, apresentada ao EEA Grants, um programa da Noruega, Islândia e Liechtenstein, foi aprovada e a execução do projeto envolveu a revitalização da sinagoga de Tomar, a criação de um Memorial da Vida de Aristides Sousa Mendes, em Vilar Formoso, a recuperação das sinagogas de Almeida e de Vilar Maior, a criação do Centro de Interpretação da Cultura Sefardita do Nordeste Transmontano, em Bragança (com projeto do arquitecto Eduardo Souto de Moura) e a recriação da Casa da Inquisição em Reguengos de Monsaraz. A criação da rota envolve nove municípios e seis entidades regionais de turismo, para além da Comunidade Judaica de Belmonte.
Inicialmente estava previsto em Évora, o desenvolvimento de um dos projectos âncora das Rotas de Sefarad, a Casa da Cultura Judaica Diogo Pires – O Humanismo, a Literatura e a Poesia da História Judaica Portuguesa. Tratava-se da adaptação da Casa dos Saragoças – onde viveu Diogo Pires (1517-1519) – na judiaria de Évora, localizada no cruzamento da Rua da Moeda e da Rua do Alcoutim, para Centro da Cultura Judaica Portuguesa.
A casa tem 2 portais ogivais, um deles com uma das mezuzas que restam no centro histórico da cidade, numa das mais importantes vias da antiga judiaria medieval.
Este projecto, num montante de 280 000 €, com financiamento integral da obra e musealização do acervo da responsabilidade da Rede de Judiarias Portuguesas, implicava para a CME negociar apenas um contrato de comodato com os proprietários do edifício.
A inclusão de Évora nas Rotas de Sefarad seria muito importante para a cidade no sentido de atrair a Évora um fluxo de turismo cultural, religioso e científico em torno da Cultura Judaica. Deste modo, dando visibilidade à Judiaria de Évora abrir-se-iam certamente outras possibilidades de financiamento para a reabilitação urbana desta parcela do centro histórico da cidade. Nada disto se concretizou, em tempo útil, por razões que a razão desconhece e que terão de ser imputadas ao anterior executivo.
Évora esteve na reunião da Associação Rede de Judiarias, através da participação do Vereador Eduardo Luciano, que se realizou no dia 18/11/2013 no Museu Judaico de Belmonte, tendo sido pela primeira vez eleita para os orgãos sociais. O projecto Casa da Cultura Judaica Diogo Pires mantém-se como uma das prioridades na relação de Évora com a rede e a sua concretização dependerá apenas do necessário financiamento a encontrar no âmbito da associação e da parceria estratégica que Évora pretende incentivar com este maior envolvimento.
Um diálogo intercultural propiciador da paz passa pela compreensão e pela fruição das heranças patrimoniais dos povos que passaram e marcaram Évora. O tempo depurou a História e hoje é inquestionável a coexistência pacífica da Évora Cristã, Sefardita e Muçulmana. A cidade multicultural de hoje contribuiu decisivamente para uma formação das pessoas, assente na tolerância e no humanismo, promotora de mais cidadania.