Nascido em Bagdá, Yosef passou pelas décadas subindo os degraus do judaísmo. Sem demora, graças a uma memória prodigiosa e a seus conhecimentos profundos a respeito da religião, ele tornou-se referência para as decisões do rabinato.
Ele foi rabino-chefe da população sefardita (judeus ibéricos, norte-africanos e médio-orientais) entre 1973 e 1983, cargo hoje ocupado por seu filho.
A família Yosef está relacionada, por exemplo, à expulsão de famílias palestinas no bairro árabe de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental (território considerado pela ONU como ocupado). Mas a morte do rabino Yosef é um momento solene nesta cidade habituada a seu rosto em cartazes –um senhor de óculos escuros com a lente avermelhada, de aparência austera.
A figura do rabino é fascinante, na cultura judaica. Há, especialmente entre ortodoxos e ultraortodoxos, um apreço apaixonado pelo estudo da religião, realizado por jovens insistentes nas instituições religiosas chamadas “yeshivá“. O texto sagrado é relido e reinterpretado há centenas de anos, em um rico –ainda que polêmico– debate intelectual.
O rabino Yosef, que ocupou a chefia sefardita durante a Guerra do Yom Kippur (1973), é autor de decisões polêmicas, como a que permitiu que mulheres se casassem sem divórcio caso seus maridos estivessem desaparecidos no esforço militar. Ele também é responsável pela decisão de permitir que judeus etíopes, conhecidos como Beta Israel, imigrassem ao país via Lei do Retorno.