Nascimento 26 de marƧo de 1905 - Viena.
Morte 2 de setembro de 1997 (92 anos)
Viena
Nacionalidade Ćustria AustrĆaco
OcupaĆ§Ć£o Medicina
Viktor Emil Frankl (Viena, 26 de marƧo de 1905 — Viena, 2 de setembro de 1997) foi um mĆ©dico psiquiatra austrĆaco, fundador da escola da Logoterapia, que explora o sentido existencial do indivĆduo e a dimensĆ£o espiritual da existĆŖncia.
Juventude
No inĆcio da dĆ©cada de 1920, quando tinha quinze anos de idade, Frankl passou a se corresponder com Sigmund Freud. Em 1921, deu sua primeira conferĆŖncia, sobre o tema A respeito do sentido da vida. A seguir, Frankl torna-se membro ativo de organizaƧƵes de trabalhadores socialistas jovens.
Em 1925, como estudante de medicina, Frankl encontra-se pessoalmente com Freud e se aproxima do cĆrculo intelectual liderado por Alfred Adler. No ano seguinte, ele Ć© excluĆdo da Association de Psychologie Individuelle, em razĆ£o de suas divergĆŖncias com Adler.
De 1933 a 1936, Frankl Ć© diretor do pavilhĆ£o das mulheres suicidas do hospital psiquiĆ”trico de Viena. Quando os nazistas tomam o poder na Ćustria, Frankl, correndo risco de perder a vida, sabota as ordens que recebera de proceder Ć eutanĆ”sia de doentes mentais sob seus cuidados.
Segunda Guerra Mundial
Em setembro de 1942, Viktor, sua mulher grĆ”vida e famĆlia, porque judeus, sĆ£o deportados para diferentes campos de concentraĆ§Ć£o, tendo ele recebido a tatuagem de prisioneiro nĀŗ 119.104.
Libertado somente ao fim da guerra, Frankl toma conhecimento de que sua mulher morreu de esgotamento simultaneamente Ć liberaĆ§Ć£o do campo de Bergen-Belsen. Perdeu alĆ©m dela, seus pais e irmĆ£o no Holocausto nazista.
Esta indelĆ©vel experiĆŖncia pessoal serĆ” marcante em sua obra terapĆŖutica e em seus escritos, tendo sido capaz de manter, em tal situaĆ§Ć£o desumanizadora, a capacidade de manter a liberdade do espĆrito.
Maturidade
Nos 25 anos subseqĆ¼entes Ć guerra, Frankl serĆ” o diretor da policlĆnica de neurologia de Viena.
Em 1948, obtƩm seu doutorado em filosofia com o tema: "O Deus inconsciente". Em 1955, torna-se professor de neurologia da Universidade de Viena.
Em 1970, em San Diego, CalifĆ³rnia (em cuja universidade federal passara a lecionar), Ć© fundado o primeiro instituto de logoterapia do mundo.
Foi nos Estados Unidos - paĆs em que tambĆ©m lecionou como professor visitante nas Universidades de Harvard, Dallas e Pittsburgh - que a figura de Frankl atingiu notoriedade mundial, a despeito de suas teses contrariarem as correntes psicanalĆticas tradicionais e dominantes.
Ao longo de sua vida, os livros de Viktor Frankl serĆ£o traduzidos em mais de 30 idiomas.
Frankl recebeu o tĆtulo de doutor honoris causa de diversas instituiƧƵes de ensino do mundo inteiro, inclusive da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no Brasil.
Como conferencista, Frankl visitou muitos paĆses ao longo de sua vida, tendo passado pelo Brasil em 1984 (Porto Alegre), 1986 (Rio de Janeiro) e 1987 (BrasĆlia).
Atualmente, institutos, centros de estudos e associaƧƵes de logoterapia podem ser encontrados em mais de 30 paĆses.
Panorama de sua obra
A obra de Frankl Ć© relativamente pouco conhecida nos paĆses de lĆngua portuguesa e Ć© comumente ignorada pelas principais correntes da psicanĆ”lise (como Sigmund Freud, Alfred Adler e Jacques Lacan).
De uma forma prĆ”tica e simples assim diferenciava a PsicanĆ”lise da Logoterapia: Na psicanĆ”lise, o paciente tem de deitar-se num divĆ£ e contar coisas que, Ć s vezes, sĆ£o muito desagradĆ”veis de serem contadas. Pois na logoterapia o paciente pode ficar sentado normalmente, mas tem de ouvir coisas que, Ć s vezes, sĆ£o muito desagradĆ”veis de serem ouvidas.(in Sede Sentido, SĆ£o Paulo: Quadrante, 1999).
O fundador da Logoterapia (tambĆ©m chamada de "Terceira Escola Vienense da Psiquiatria"), adotou um certo distanciamento de Freud no que se refere Ć etiologia sexual das neuroses e tambĆ©m no que se refere Ć religiĆ£o. Frankl considera que a neurose individual poderia ser, em alguns casos, a expressĆ£o da recusa da espiritualidade.
Segundo Frankl, existiria no ser humano um desejo e uma vontade de "sentido". Ele percebeu que seus pacientes nĆ£o sofriam exclusivamente de frustraƧƵes sexuais (Freud) ou de complexos como o de inferioridade (Adler), mas tambĆ©m do que reputa ser o vazio existencial.
Para o analista, a neurose revelaria antes de mais nada um ser frustrado de sentido, o que o levou a concluir que a exigĆŖncia fundamental do homem nĆ£o Ć© nem a emancipaĆ§Ć£o sexual, nem a valorizaĆ§Ć£o do self, mas a "plenitude de sentido". Segundo Frankl, a compensaĆ§Ć£o sexual nĆ£o seria nada alĆ©m de um Ersatz para com a falta de sentido existencial. Por isso, conclui, o terapeuta nĆ£o pode negligenciar a espiritualidade do analisado e a logoterapia passa a estar centrada no inconsciente espiritual, mais do que nas pulsƵes.
Em "O Deus inconsciente", Frankl repudia a psicanƔlise tradicional, declarando que "Degradando o 'eu' em simples epifenƓmeno, Freud, por assim dizer, traiu o 'eu' em favor do 'isso'; mas ao mesmo tempo ele, por assim dizer, insultou o inconsciente, vendo nele nada alƩm do que Ʃ do 'isso' - o instintivo - deixando escapar aquilo que Ʃ do 'eu' - o espiritual".
Para o autor, haveria um hiato ontolĆ³gico entre o instinto e o espĆrito. Ele considera o homem uma totalidade trinĆ”ria e tridimensional, com expressĆ£o psicolĆ³gica, biolĆ³gica e espiritual. Segundo Frankl, Freud teria negligenciado a terceira dimensĆ£o.
No seu livro A Busca do Homem por Sentido (publicado pela primeira vez em 1946), Frankl relata suas experiĆŖncias como interno de campo de concentraĆ§Ć£o, descrevendo seu mĆ©todo psicoterapĆŖutico para encontrar sentido em todas as formas de existĆŖncia (mesmo as mais sĆ³rdidas) e, daĆ, uma razĆ£o para continuar vivendo. Em suas prĆ³prias palavras "O homem, por forƧa de sua dimensĆ£o espiritual, pode encontrar sentido em cada situaĆ§Ć£o da vida e dar-lhe uma resposta adequada.
Em Viena, em 1983, no PrefĆ”cio que faz da sua obra Em Busca de Sentido, Ć ediĆ§Ć£o de 1984, Frankl, afirma: ...o PĆ³s-escrito de 1984 a este livro Ć© intitulado "A Tese do Otimismo TrĆ”gico". O capĆtulo se refere a preocupaƧƵes dos dias de hoje e a como Ć© possĆvel dizer sim Ć vida apesar de todos os aspectos trĆ”gicos da existĆŖncia humana. Espera-se que um certo "otimismo" com relaĆ§Ć£o ao nosso futuro possa fluir das liƧƵes retiradas do nosso "trĆ”gico" passado..
Sua filosofia Ć© fundamentalmente otimista e baseada na crenƧa - fruto de sua experiĆŖncia pessoal - de que o fim Ćŗltimo da existĆŖncia humana tem uma meta fora do prĆ³prio indivĆduo, fim este que lhe dĆ” o sentido da prĆ³pria existĆŖncia.
VisĆ£o do campo de concentraĆ§Ć£o de Auschwitz no inverno, onde Viktor Frankl foi aprisionado pelos nazistas
Outras citaƧƵes Ćŗteis para a compreensĆ£o de seu pensamento podem ser invocadas, como no PrefĆ”cio que faz da EdiĆ§Ć£o de 1984 Ć sua obra Em Busca de Sentido: NĆ£o procurem o sucesso. Quanto mais o procurarem e o transformarem num alvo, mais vocĆŖs vĆ£o errar. Porque o sucesso, como a felicidade, nĆ£o pode ser perseguido; ele deve acontecer, e sĆ³ tem lugar como efeito colateral de uma dedicaĆ§Ć£o pessoal a uma causa maior que a pessoa, ou como subproduto da rendiĆ§Ć£o pessoal a outro ser.
E ainda, no mesmo prefĆ”cio da ediĆ§Ć£o de 1984 de Em Busca de Sentido: Quero que vocĆŖs escutem o que sua consciĆŖncia diz que devem fazer e coloquem-no em prĆ”tica da melhor maneira possĆvel. E entĆ£o verĆ£o que a longo prazo - estou dizendo a longo prazo! - o sucesso vai persegui-los, precisamente porque esqueceram dele.
Finalmente: NĆ³s que vivemos nos campos de concentraĆ§Ć£o podemos lembrar de homens que andavam pelos alojamentos confortando a outros, dando o seu Ćŗltimo pedaƧo de pĆ£o. Eles devem ter sido poucos em nĆŗmero, mas ofereceram prova suficiente que tudo pode ser tirado do homem, menos uma coisa: a Ćŗltima das liberdades humanas - escolher sua atitude em qualquer circunstĆ¢ncia, escolher o prĆ³prio caminho.
Por essa e outras razƵes, Viktor Frankl Ć© uma das figuras-chave da terapia existencial, ou existencialista. Sua vida e sua obra sĆ£o, para certos analistas, uma sequĆŖncia de atos e fatos que se desencadeiam em um testemunho inquestionĆ”vel do poder desafiador do espĆrito. Para Frankl, a "busca de sentido" Ć© uma exata e precisa definiĆ§Ć£o da natureza humana.
Em sua obra, Frankl nĆ£o recomenda nenhuma religiĆ£o ou confissĆ£o constituĆda, muito menos alguma Igreja em especial. A todo tempo ele remete o leitor Ć s suas prĆ³prias preferĆŖncias e escolhas. Alguns analistas entendem que um maior estudo da obra de Viktor Frankl seria capaz de ajudar a psicanĆ”lise a se libertar de dogmas problemĆ”ticos para a sua coerĆŖncia.
CORREĆĆO: a trĆade que Viktor Frankl fala Ć© psĆquica-fisio(bio)-espiritual e nĆ£o fisica-fisica-espiritual, como constava...
Trabalhos publicados
Man's Search for Meaning. An Introduction to Logotherapy, Boston: Beacon, ISBN 0-8070-1426-5; Random House/Rider, London 2004, ISBN 1-84413-239-0; Washington Square Press; ISBN 0-671-02337-3.
On the Theory and Therapy of Mental Disorders. An Introduction to Logotherapy and Existential Analysis, Brunner-Routledge, London-New York 2004. ISBN 0-415-95029-5.
Psychotherapy and Existentialism. Selected Papers on Logotherapy, New York: Simon & Schuster
The Will to Meaning. Foundations and Applications of Logotherapy, New York: New American Library, ISBN 0-452-01034-9.
Man's Search for Ultimate Meaning, Perseus Book Publishing, New York, 1997; ISBN 0-306-45620-6, Perseus Book Group; New York, July 2000; ISBN 0-7382-0354-8.
ReferĆŖncias bibliogrĆ”ficas
FRANKL, Viktor E. Em busca de sentido: um psicĆ³logo no campo de concentraĆ§Ć£o. PetrĆ³polis: Editora Vozes, 1991. ISBN 85-326-0626-2 ISBN 85-233-0274-3
FRANKL, Viktor E. Sede de Sentido (NeurotizaĆ§Ć£o da Humanidade ou ReumanizaĆ§Ć£o da Psicoterapia?) SĆ£o Paulo: Quadrante, Soc. PublicaƧƵes Culturais, 1989.
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