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Zohar ganha tradução direta do aramaico


A tradução direta integral do Zohar - considerado a maior obra da Cabalá -, do aramaico para o português, foi lançada na sede do Centro da Cultura Judaica, em São Paulo. O autor é Diego Raigorodsky. Ele nasceu em Jerusalém e formou-se em linguística pela Universidade de São Paulo. Começou a estudar a Cabalá com 13 anos e hoje se dedica a traduzir e comentar textos cabalísticos.
Entrevista com Diego Raigorodsky
O que é o Zohar? Qual a sua origem e ligação com a Cabalá?
O Zohar é considerado a obra magna da Cabalá. Como muitos livros antigos, a origem do Zohar é incerta. A maioria dos cabalistas afirma que o livro foi escrito no século II pelo Rabi Shimon bar Iochai, a partir de ensinamentos recebidos diretamente pelo profeta Elias. A tradição conta que, fugindo da perseguição romana, o Rabi Shimon e seu filho se esconderam em uma caverna por 13e anos, se alimentando apenas de tâmaras e água. Teria sido nesse período em que a obra foi escrita. Por outro lado, a historiografia e os estudos filológicos apontam que, provavelmente, o Zohar foi escrito pelo Rabi Moshé de Leon, na Espanha, do século XIII. Como quer que seja, quando a obra se difundiu, causou profundo assombro no judaísmo, maravilhando a grandes mentes por conta das interpretações místicas inovadoras da Torá. E foram justamente essas interpretações que ligam intrinsicamente o Zôhar à Cabalá, pois pode-se dizer, resumidamente, que a Cabalá é um estudo místico da Torá, uma tentativa de ler o texto sagrado para além do nível literal (no nível que os cabalistas chamam de "sod", "secreto").
Que contribuição o Zohar pode dar hoje para a humanidade? Qual a sua relevância para os tempos atuais?
Quando o texto bíblico é lido nesse nível mais profundo, seguindo interpretações do Zohar, por exemplo, toda uma nova gama de significados e reinterpretações se oferecem ao leitor moderno, justamente em uma época em que a busca por significado tem se tornado objetivo de vida muitas pessoas, e quando, em particular, a Cabalá tem despontado como conhecimento que permite o acesso a esse significado.
Tendo em vista que o Zôhar é um texto complexo, profundo e antigo, quais as dificuldades que você encontrou no processo de tradução?
Desnecessário dizer que a tradução de uma obra como o Zôhar é tarefa nada fácil. As diferenças culturais e linguísticas, aliadas a um texto naturalmente hermético e “lacônico”, podem ser fator de choque e estranhamento para o leitor moderno. Por vezes, pode ocorrer a sensação de que o texto está bem escrito, não apresenta erros que impedem a compreensão, mas que, mesmo assim, o entendimento do conteúdo é pequeno ou quase nulo. O mesmo ocorre no original em aramaico, e um desafio da tradução foi manter o texto desse jeito na tradução, sem revelar o que não está revelado, e sem ocultar mais aquilo que já é oculto.
Uma outra dificuldade, que pode parecer banal, mas está longe de ser, é que o texto original, dada a sua forma e época em que foi escrito, não possui as divisões modernas em parágrafos e, muitas vezes, nem mesmo divisões lógico-gramaticais dentro da frase, como vírgulas, pontos e travessões. Portanto, dividir o texto em parágrafos e colocar marcas de pontuação é algo importante tendo em vista o leitor moderno, mas é uma decisão mais ou menos arbitrária por parte do tradutor. O critério para fazer isso sempre foi objetivar à legibilidade e clareza, dentro do possível.

Fonte: Conib e Centro de Cultura Judaica/SP.

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