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Meyer, rabino que enfrentou a ditadura militar argentina, será homenageado no Brasil

Será lançado em São Paulo, no dia 6 de outubro, o livro “Judaísmo, Direitos Humanos e Espiritualidade: Uma Biografia Intelectual do Rabino Marshall Meyer”, de Daniel Fainstein. A edição é da Comunidade Shalom, de São Paulo.

O rabino americano Marshall Meyer (1930-1993) tornou-se um ativista de direitos humanos internacionalmente reconhecido durante o período da ditadura militar na Argentina. Ele viveu no país de 1958 a 1984.

Fundou em 1962, em Buenos Aires, o Seminário Rabínico Latino-Americano, que já formou mais de 90 rabinos na linha masorti [conservadora].

Durante os anos do regime militar, de 1976 a 1982, tornou-se um forte crítico do governo e de suas violações dos direitos humanos. Lutou para salvar as vidas de centenas de perseguidos pelo regime. Visitou presos políticos nas prisões e trabalhou com o governo israelense para libertar o renomado jornalista Jacobo Timerman. Enfrentando o temido chefe de polícia de Buenos Aires, Miguel Etchecolatz (que foi condenado à prisão perpétua em 2006, por genocídio), Meyer disparou: “Este sacerdote é um pastor à procura de uma ovelha do seu rebanho e sabe que você é o ladrão que a levou. Sou o pastor de Jacobo Timerman, e você tem a minha ovelha. Não vou embora até que a devolva”. Poucas horas depois, a família pôde ver Jacobo e certificar-se de que estava vivo.

Timerman lhe dedicou seu livro de memórias “Prisioneiro sem nome, cela sem número” (1981), no qual escreveu: "Ele trouxe consolo para prisioneiros judeus, cristãos e ateus".

Após a restauração da democracia, em 1983, Meyer recebeu a maior honraria da Argentina, a Ordem do Libertador General San Martín.

O lançamento em São Paulo terá a presença de Fainstein e debate com o rabino Adrián Gottfried, líder religioso da Comunidade Shalom, editor do livro e discípulo de Meyer; Naomi Meyer, viúva de Marshall e também protagonista do trabalho do marido; Evelyn Berg Ioschpe, jornalista, socióloga e empresária atuante na Fundação Ioschpe. Também haverá a participação musical do Coral Luther King.

Fainstein é reitor da Universidade Hebraica de México, e o texto do livro faz parte de sua tese de doutorado “Secularização, Profecia e Liberação: O Despojamento da Religião no Pensamento Religioso Judaico Contemporâneo. Um Estudo Comparativo da História Intelectual”. O texto da edição brasileira foi adaptado da tese e será publicado pela primeira vez em língua portuguesa, com tradução do rabino Uri Lam, da Sociedade Israelita da Bahia, sob a supervisão do rabino Gottfried. Leia trecho do livro, com citações de e sobre Meyer.

“Tive a honra de, durante vários anos, aprender, estudar e trabalhar junto a Marshall, e assim conhecer de perto os projetos incríveis que ele criou. Sinto-me imensamente grato em poder apresentar a biografia intelectual do meu ‘rebe’”, declarou Gottfried.

Toda a renda da venda do livro será destinada ao Fundo Rabino Marshall T. Meyer e às obras assistenciais da Comunidade Shalom.

Por ocasião do lançamento, será apresentada pela primeira vez na America Latina a exposição “I Have No Right to Be Silent” - The Human Rights Legacy of the Rabbi Marshall T. Meyer [“Não tenho o direito de me calar” – O Legado de Direitos Humanos do rabino Marshall T. Meyer]. Criada pelos centros de Direitos Humanos e de Estudos Judaicos da Duke University, EUA, a mostra aborda o ativismo de Meyer pela justiça social e direitos humanos.Veja também arquivo digital sobre Meyer, com mais de mil documentos, mantido pela Duke University.

A exposição, com o lançamento do livro, também será levada ao Rio de Janeiro (no Midrash), Curitiba, Porto Alegre, Salvador, entre outras cidades brasileiras.
O lançamento em São Paulo ocorrerá em 6 de outubro, às 18 horas, na sede da Comunidade Shalom, Rua das Fiandeiras, 295.

Meyer foi aluno do rabino americano Abraham Heschel, cuja atuação no movimento pelos direitos civis nos EUA é lembrada nesta matéria.

Marshall Meyer (segundo à direita) saindo da Casa Rosada (sede do governo argentino), junto a Adolfo Pérez Esquivel (Prêmio Nobel da Paz em 1980); os bispos Jorge Novak e Jaime de Nevares; Hebe de Bonafini, fundadora do grupo “Mães da Praça de Maio”; e Augusto Conte McDonnell, fundador do Centro de Estudios Legales y Sociales, nos últimos anos da ditadura militar. Foto: Divulgação.


Entrevista de Marshall Meyer ao jornal El Diario La Prensa, em 5 fevereiro de 1984. O título da matéria: “Argentina: a hora de falar sem medo”. Imagem: Duke University Libraries. Leia na íntegra.


Marshall Meyer (dir.) com seu mentor, o rabino Abraham Heschel. Foto: Divulgação.

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