Fonte: Judeus de Caruaru/Blogspot
Expulsos de Portugal, muitos judeus se instalaram no nordeste brasileiro no século XVII. Em 1492, os reis católicos da Espanha, Isabel de Castela e Fernando de Aragão, expulsaram os judeus sefaradins do seu território e parte destas famílias transferiu-se para Portugal.
No entanto, logo em 1497, D. Manuel, Rei de Portugal, obrigou que todos os judeus fossem batizados, criando a figura do cristão-novo, e determinando a expulsão daqueles que não viessem a adotar a religião católica romana. Temendo o poder do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição, instalado em 1536 e responsável por milhares de vítimas durante sua atuação na Espanha, os judeus iniciaram a dispersão para a Antuérpia (1537), França (1550), Hamburgo e Amsterdã (1590).
Outros, porém, movidos pela aventura, vieram tentar a sorte no Brasil . Em Pernambuco, a primeira presença documentada de cristãos-novos ocorreu em 1542, período em que houve a doação das terras a Diogo Fernandes e Pedro Álvares Madeira, para construírem o Engenho Camaragibe.
O primeiro, originário de Viana do Castelo, era marido de Branca Dias, que, nesta época, respondia processo por práticas judaizantes perante o Tribunal do Santo Ofício de Lisboa, só se transferindo para o Brasil por volta de 1551; o segundo, talvez oriundo da Ilha da Madeira, era especialista na produção de açúcar .      Portanto, em Pernambuco, os cristãos-novos ou tornaram-se senhores de engenho, ou permaneceram como mercadores, ou se transformaram em rendeiros na cobrança dos dízimos, ou, ainda, grande parte deles se dedicou ao comércio de exportação de açúcares, indústria que se encontrava em franco desenvolvimento na capitania .</p>
No final do século XVI, na primeira visitação do Santo Ofício ao Brasil (1593-1595), já era considerável o número de cristãos-novos em Pernambuco. Por volta de 1635 chegaram aos portos do nordeste  judeus vindos da Holanda, mas originários da Península Ibérica. Atraídos pela prosperidade, os navios fretados por  judeus chegavam aos nossos portos quase que mensalmente.
Uma vez aqui, muitos prosperaram sobretudo no comércio. Em 1910, uma nova leva, desta vez vindo da Rússia, chega a nossa região nordeste.Mas na verdade, a presença dos judeus nesta região data da chegada de Pedro Álvares Cabral. De acordo com Gilberto Freyre, de dez portugueses que vieram para cá, oito eram cristãos-novos, eles se espalharam principalmente pela Paraíba e Rio Grande do Norte, fugindo da Inquisição e lutando para preservar a religião e a cultura judaicas em segredo. Muitos mudaram seus sobrenomes a fim de fugir do preconceito, chegando a adotar nomes de árvores, plantas ou lugares em substituição.
Como por exemplo: Carvalho, Moreira, Nogueira, Oliveira, Pinheiro, Lopes, Dias, Nunes, Souza, Medeiros e Costa. Por aqui ficaram conhecidos como marranos; por terem sido convertidos ao catolicismo na marra.
Não precisaríamos adotar a Estrela de Davi como o “Novo Símbolo Religioso do Nordeste”, não precisaríamos adotá-lo, apenas reconhecê-lo, pois, a mesma Estrela sempre está associada ao Nordeste à espiritualidade através dos ornamentos nas igrejas católicas e evangélicas do Nordeste, assim como em seus presépios e representações artísticas dos Símbolos Sagrados das Sagradas Escrituras.
A Estrela de Davi está sempre sendo associada com a valentia do Povo Nordestino, pois, não raro, podemos flagrá-la ornamentando o chapéu do nosso maior herói o eterno Lampião, nos retratos de barro produzidos pelo também eterno Mestre Vitalino, assim como pinturas em telas, painéis e sem contar com o longa-metragem que foi elevado à categoria de documentário sobre o Rei-do-Cangaço, onde o mesmo aparece recitando uma prece particular cujas palavras protetoras relacionavam; punhal, Cruz e a Estrela de Davi. Depois da expulsão dos holandeses em 1654, a comunidade judaica pernambucana voltou a sofrer perseguição religiosa por parte dos portugueses e abandonou o Brasil.
Das 150 famílias que deixaram o Recife com destino a Amsterdã, um grupo de 23 judeus acabou tendo sua embarcação – o navio Valk – interceptada por piratas espanhóis e aprisionada na Jamaica. Logo em seguida o grupo foi libertado pela tripulação de um navio francês que seguia para a América do Norte e deixado, em setembro de 1654, em Nova Amsterdã, um vilarejo de 1.500 habitantes na época. Foi esse grupo de judeus saído do Recife que fundou a primeira comunidade judaica norte-americana e ajudou a construir o que atualmente é a cidade de Nova Iorque .
Fontes : Arquivo Brasileiro de Endocrinologia & Metabolismo Universidade do Rio Grande do Norte