ARTUR RODRIGUES , LUCIANO BOTTINI FILHO - O Estado de S.Paulo
A Justiça cassou anteontem três medidas cautelares que proibiam a nutricionista Gabriela Guerrero Pereira de dirigir e de ir a bares e casas noturnas. Acusada de ter atropelado e matado Vitor Gurman, de 24 anos, na Vila Madalena, em julho de 2011, ela havia sido flagrada dirigindo mesmo com a carteira de habilitação vencida.
A informação foi adiantada ontem pela coluna Direto da Fonte. O pedido de liminar foi feito pelo advogado criminalista José Luís Oliveira Lima e aceito pela 14.ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça. Em junho, já havia sido dada uma liminar. A íntegra do acórdão da decisão ainda não foi divulgada no site do TJ.
Em maio, a pedido do Ministério Público, a Justiça havia determinado que ela fosse obrigada a comparecer bimestralmente em juízo, além de proibir de ir a bares ou casas noturnas e de suspender sua habilitação até o término das investigações.
Na época, a juíza Eliana Cassales Tosi de Mello afirmou que tomou a decisão para evitar a prática de infrações penais. "Assim, em que pese ter sido indiciada neste inquérito policial por cometimento, em tese, de crime grave (homicídio), o fato é que a indiciada aparentemente continua conduzindo veículo automotor, mesmo com a habilitação vencida, demonstrada, portanto, a necessidade, proporcionalidade e razoabilidade das medidas requeridas", escreveu a magistrada. O MP utilizou como base para o pedido um vídeo do programa CQC, da TV Bandeirantes, em que Gabriela é flagrada conduzindo um veículo, em fevereiro deste ano.
O tio de Vitor, o arquiteto Nilton Gurman, afirmou que, apesar de a Justiça permitir que a acusada possa dirigir, na prática, ela terá de esperar pelo menos mais um ano para poder sentar ao volante. É que, segundo Gurman, a nutricionista ainda pode ser punida administrativamente pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e tem de cumprir uma suspensão de um ano da carteira. A sua habilitação, de acordo com o arquiteto, está vencida desde julho. Por isso, ela precisará passar por todo o processo de renovação, incluindo um curso.
"Na verdade, ela deve continuar dirigindo. Acho que a Justiça vai esperar que ela beba, dirija e mate mais um para ver o que faz", disse o tio. Segundo ele, com a decisão judicial anterior a acusada poderia responder por crime de desobediência, caso fosse flagrada conduzindo um veículo. Agora, ela só poderá responder por infração administrativa. OEstado não encontrou representantes do Detran para comentar o assunto no início da noite de ontem.
Penas. A morte de Vitor Gurman causou comoção e virou uma bandeira para que pessoas alcoolizadas ao volante tivessem penas mais severas. O rapaz foi atropelado por um Land Rover dirigido por Gabriela, que estava alcoolizada. No carro, também estava o namorado dela na época, o engenheiro Roberto de Souza Lima. O grupo "Viva Vitão", formado por amigos de Gurman, é um dos que apoiam o movimento "Não foi Acidente!".