Sessenta e oito anos depois da Segunda Guerra Mundial, o Centro Simon Wiesenthal lançou uma campanha como uma última tentativa de capturar os criminosos nazistas que nunca foram punidos. Ao lançar a iniciativa, chamada "Operação Última Chance II", Efraim Zuroff, diretor do centro, afirmou que cerca de 60 pessoas que ajudaram no assassinato de seis milhões de judeus europeus nunca foram descobertas, embora nunca tenham deixado a Alemanha. A Central de Esclarecimento dos Crimes Nazistas de Ludwigsburg iniciou uma investigação contra 50 guardas de Auschwitz-Birkenau, que não foram procurados nas primeiras décadas depois da guerra porque naquela época havia na Alemanha um consenso silencioso de que o melhor seria não tocar nas feridas do passado.
"Spät, aber nicht ... ZU SPÄT" (tarde, mas não tarde demais) diz o cartaz da "operação última chance", lembrando que "milhões de inocentes foram assassinados pelos criminosos de guerra nazistas" e pedindo a ajuda da população para que eles sejam finalmente punidos.
Mas a iniciativa é controvertida. Os procurados já são muito idosos e, além disso, ela oferece uma tabela de gratificações que parece mesquinha. Os prêmios por captura começam com cem euros, se o criminoso passar a partir de um dia na cadeia, e vão até 25 mil euros, se ele for condenado.
"Apenas 25 mil euros? Será que as vítimas não valem mais?", indagou com ironia o historiador judeu Michael Wolffsohn, que vive em Berlim.
Para Wolffsohn, a campanha é um "mau gosto" que não leva a nada e pode ser até contraproducente. O ucraniano John Demjanjuk, responsável pela morte de milhares de pessoas, tinha 91 anos quando foi condenado, em 2011, mas faleceu, no ano passado, antes de a penalidade poder entrar em vigor.
O historiador questiona a validade de se pôr na cadeia anciões de mais de 90 anos de idade. Os antigos criminosos de guerra despertariam até um certa piedade, apesar de tudo o que fizeram.