No mesmo dia em que terminou em São Paulo a 6ª Mostra Audiovisual Israelense do Centro da Cultura Judaica – começou em Israel o TLVFest – Festival Internacional de Cinema LGBT, que segue até o próximo dia 17 na Cinemateca de Tel Aviv, dando continuidade às comemorações da semana do Orgulho Gay na cidade, cuja largada foi dada na última sexta (7) com a Parada LGBT.
A Parada reuniu mais de 100 mil pessoas e atraiu mais de 20 mil turistas. Originalmente chamada de Tel Aviv Love Parade, de acordo com Yair Hochner, director do TLVFest, ela é a única no mundo a ser 100% promovida e subsidiada pelo poder público – no caso, a Prefeitura de Tel Aviv.
A concentração começou no Gan Meir (Parque Meir), região central da cidade, que abriga o Centro Gay, fundado em 2008. De lá, a multidão segue até a praia, onde acontecem shows e a festa segue até o cair do Sol.
Fiz alguns registros do trajeto, e compartilho um pouquinho da diversidade que encontrei no caminho. De tudo o que mais me chamou a atenção foi um grupo de mães, que fazem parte da Tehila, uma associação sem fins lucrativos, cujo objetivo é dar apoio e orientação a pais e famílias de homossexuais e transexuais em Israel. Veja as imagens abaixo e sinta-se à vontade em compartilhá-las!
TLVFest – Daqui pro mundo e vice-versa
Desde 2006 em atividade, o Festival chega a sua oitava edição cheio de motivos para comemorar – Além de ser hoje um evento estabelecido e reconhecido não apenas pela comunidade LGBT, esse ano, pela primeira vez a programação incluí uma Conferência Internacional que dará foco a questões sociais e políticas que envolvem as comunidades homossexuais em Israel e no mundo.
Assim, o objetivo de dar visibilidade ao cinema gay israelense e tornar acessível o que é produzido ao redor do mundo, agora caminha de mãos dadas com a necessidade de refletir sobre conquistas de oito anos e o novos desafios que se colocam rumo à igualdade plena de direitos dos Homossexuais – que ainda é um horizonte a ser alcançado.
Os primeiros passos, no entanto, já foram dados – e essa trajetória de conquistas é abordada pelos diretores Michael Lucas and Yariv Mozer, no documentário “Undressing Israel: Gay Men in the Promised Land”, em cartaz no Festival. (Veja o trailer aqui).
Esse novo contexto conquistado socialmente pela comunidade LGBT me faz pensar em “Yossi“, do diretor Eytan Fox, que acaba de ser exibido em São Paulo, e conta a história do personagem título de “Yossi & Jagger”, dez anos depois de um relacionamento de fim trágico entre dois jovens durante o serviço militar. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Fox explicou os motivos que o levaram a retomar a história de Yossi: “O mundo mudou e esse homem pode ser salvo”, disse ele, referindo-se às mudanças sofridas pela sociedade israelense em relação a questão da homossexualidade no intervalo de dez anos. Com pouquíssimas exceções, a programação e inteiramente gratuita e pode ser conferida no site oficial do festival, disponível em hebraico e inglês.
Vida longa aos curta-metragens
A Matter of Sex (or love)
A Matter of Sex é um dos curtas que compõe a programação e, de todos que assisti, o meu preferido. Dirigido por Michelle Rapoport e inspirado em uma história real, o filme impressiona pela beleza delicada, que faz o espectador se descolar de parâmetros socialmente estabelecidos e se deixar levar por uma sensibilidade que faz com que tudo, de repente, soe simples e natural. Óbvio.
Original ao tratar dos desafios da homossexualidade às avessas: Quão difícil deve/pode ser para um homossexual se encontrar interessado por alguém do sexo oposto. Posicionando o tema no patamar de onde ele nunca deveria ter saído – mas que infelizmente ainda não alcançou no senso comum – Michelle faz do maior cliché uma grande descoberta: No fim, só se trata de amor. (Veja o trailer aqui)
Deborah Piha é jornalista de formação e apaixonada por cultura. Vive em Tel Aviv e trabalha com distribuição de cinema israelense.