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O motivo do cumprimento das Mitsvot



Esta parashá inicia com o passuc: "Vaydaber Hashem el Moshê behar Sinay lemor"(Vayicrá 25:1) – E falou o Eterno a Moisés no Monte Sinai dizendo. Em seguida relata sobre o ano de shemitá (ano sabático).

O exegeta clássico da Torá, Rashi, ao perceber que em princípio as palavras "no Monte Sinai" são supérfluas – uma vez que todas as mitsvot nos foram dadas no Monte Sinai – traz o Midrash "Torat Cohanim". Este nos explica que da mesma forma, que todos os detalhes e minúcias da lei do ano de shemitá nos foram dados no Monte Sinai, assim também os detalhes de todas as outras leis nos foram transmitidos no Monte Sinai.

Ao abordar este midrash citado por Rashi, o rabino Moshê Feinstein zt"l nos diz em seu livro Darash Moshê, que as palavras "behar Sinay" – citadas no início da parashá – vêm nos ensinar, que a obrigação do cumprimento de todas as mitsvot da Torá está no fato de elas terem sido ordenadas por D'us no Monte Sinai. Mesmo as mitsvot que já haviam sido reveladas antes de serem transmitidas no Monte Sinai – como a mitsvá doberit milá, a de não comer o nervo ciático e outras, citadas por Rashi em Parashat Beshalach sobre o versículo: "Sham sam lo choc umishpat vesham nissahu" (Shemot 15:25) – ganharam novo sentido e força ao serem lá transmitidas.

Também as sete mitsvot que foram dadas aos Benê Nôach (termo atribuído pela Torá aos outros povos), as quais lhes garante o"Olam Habá", devem ser cumpridas por eles pelo fato de terem sido ordenadas na Torá por intermédio de Moshê. Caso eles as cumprirem somente por serem algo lógico e compreensível, não estarão incluídos entre os "Chassidê Umot Haolam" – os justos dos outros povos (Rambam, Hilchot Melachim 8:11).

Não seria o mesmo, se as mitsvot não houvessem sido transmitidas por D'us no Monte Sinai por intermédio de Moshê. É isso que nos garante a continuidade do seu cumprimento nas gerações que estão por vir. Prova disso, é que não houve continuidade nas famílias dos inúmeros discípulos da yeshivá de Shem e Êver (antes da Outorga da Torá no Har Sinay).

Não é correto cumprirmos as mitsvot por acharmos que elas sejam lógicas ou por serem saudáveis. Cumprimos as mitsvot pelo fato de terem sido transmitidas por D'us. A conseqüência deste procedimento errado é que quando nem todos entenderem o motivo e a razão das mitsvot, elas passarão a não ser mais cumpridas.

Quando cumprimos as mitsvot unicamente por terem sido transmitidas por D'us, para que se faça Sua Vontade, temos a garantia de sua continuação nas gerações futuras. Isso nossos olhos assistem há mais de 3000 anos; desde a Outorga da Torá. O judaísmo vivo e crescente vem sendo transmitido de pais para filhos em todas as gerações, até mesmo em comunidades que foram obrigadas a abandonar seus países de origem no decorrer das diásporas. Reorganizaram-se e reergueram-se em outros lugares, sempre dentro do espírito da Toráe graças a sua fé absoluta no Todo-Poderoso.

Esta idéia, que devemos cumprir as mitsvot pelo fato de terem sido transmitidas por D'us no Monte Sinai independentemente de seu sentido lógico, nos é transmitida pela mitsvá de shemitá. Em princípio, depois de seis anos de cultivo e plantação, não há lógica para deixar a terra descansar durante um ano inteiro e abandoná-la a quem queira usufruir de seus frutos. Conforme consta na Torá: "Vetsiviti et birchati lachem bashaná hashishit veassat et hatevuá lishlosh hashanim" (Vayicrá 25:21) – E mandarei a vocês minha bênção no sexto ano, quando produzirá o suficiente para três anos (para o sexto, o sétimo e o oitavo). Fica evidente então, que isso só é possível, porque o Criador assim ordenou e nossa fé Nele nos faz acreditar que mandará sua bênção.

Portanto, da mitsvá de shemitá, aprendemos a lição para todas as outras mitsvot: que o principal motivo por cumprimos as mitsvotnão é a lógica e a razão do ser humano, mas sim o fato de terem sido ordenadas pelo Todo-Poderoso.
BECHUCOTAY
FORTALECER-SE CONSTANTEMENTE
No início desta parashá, o Midrash Rabá traz o versículo do Tehilim: "Chishavti derachay vaashiva raglay el edotêcha" (Tehilim 119:59) – Ponderei meus caminhos e fiz retornarem meus pés a Teus testemunhos. O Rei David costumava refletir freqüentemente e chegava à conclusão de que o caminho correto é o da Torá e suas mitsvot. Ele dizia: "Todos os dias eu digo que irei a algum lugar e no entanto meus pés me levam para os batê kenesset e batê midrash." O Rei David também meditava sobre a recompensa que a Torá promete pelo cumprimento das mitsvot e o prejuízo causado por contradizer o Todo-Poderoso e Seus preceitos.

Uma vez que David Hamêlech possuía um nível espiritual sublime e estava convicto de que servir o Todo-Poderoso, seguindo Sua Toráe Seus preceitos, é o ideal para a vida e que é por essa razão que as almas são enviadas para a Terra, qual o motivo, então, da necessidade de repetir diversas vezes o despertar desta convicção, por meio das reflexões citadas?

Nós sabemos que a recompensa pelo cumprimento das mitsvot está reservada para o Mundo Vindouro. Neste mundo não há retribuição pelo cumprimento das mitsvot, conforme consta em Kidushin (39b): "Sechar mitsvá behay alma leíca"

– Não há recompensa para as mitsvot neste mundo.

Em Hilchot Teshuvá (cap. 9 par. 1), Rambam nos diz que se cumprirmos a Torá com alegria e meditarmos sobre sua sabedoria sempre, o Criador nos livrará dos acontecimentos que nos impedem de cumpri-la, como as doenças, a guerra e a fome. Ele também explica queHashem nos dará em abundância todos os bens materiais como fartura, paz e opulência cumprindo-se, dessa forma as promessas da Torá,para que não tenhamos que nos ocupar todo o tempo com as necessidades materiais. Dessa maneira, teremos tempo livre para estudar aTorá com afinco e cumprir as mitsvot, para que possamos receber a verdadeira recompensa – o Olam Habá (Mundo Vindouro).

Nossos sábios disseram no Pirkê Avot (4:2): "Sechar mitsvá, mitsvá" – a recompensa por uma mitsvá é outra mitsvá. Quando cumprimos uma mitsvá, o Todo-Poderoso nos dá a oportunidade de cumprir outra. Com o acúmulo das mitsvot, o indivíduo cria seu "capital espiritual" e é por conta deste capital, que recebe o que lhe é de direito no Olam Habá.

A mitsvá é algo espiritual e o que é espiritual não pode ser pago com algo material, pois não há valor monetário, que possa remunerar uma mitsvá. Ela possui um valor ilimitado e eterno, o que não acontece com os valores materiais, que são limitados. Os valores espirituais são eternos, mas são abstratos – não enxergamos e não podemos tocar. Já os valores materiais são concretos e palpáveis. Isso faz com que seja difícil assimilar. Estamos mais acostumados com o concreto. É por isso, que o rei David fazia constantemente os cálculos da recompensa pelas mitsvot e dos danos espirituais causados pelos pecados. Para não perder a verdadeira noção do que é mais valioso, do objetivo de nossas vidas.

Se alguém como o rei David, tão convicto dos ideais da Torá e suas mitsvot, necessitava fazer este balanço constantemente, muito mais nós, temos necessidade de fortalecer nossa visão espiritual. Precisamos passar a sentir que os valores espirituais são absolutos e que não podem e não devem ser trocados por valores limitados e passageiros. Sobre isso, disseram nossos sábios (Berachot 32): "Arbaá tserichim chizuk: Torá, maassim tovim, tefilá vederech êrets" – são quatro os que necessitam de fortalecimento: o estudo da Torá, as boas ações, o nível de orações e a boa educação.

Sobre a palavra chizuc desta passagem, Rashi comenta, que este fortalecimento deve ser constante e com todas as nossas energias. Da mesma forma, que um profissional necessita aprimorar-se e atualizar-se em seu ofício para poder exercê-lo com a devida competência, assim também acontece com o estudo da Torá, com o cumprimento das mitsvot, com a tefilá e como nossa educação. Estes devem ser fortalecidos constantemente, para que possamos nos manter sempre em um nível espiritual elevado.

Por isso, nossas orações devem ser feitas sempre com compenetração e concentração, já que estamos servindo ao Mêlech Malchê.
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