A famosa Coleção de Livros de Manuscritos Sagrados Schneerson, alvo de disputa judicial entre entidades dos Estados Unidos e da Rússia, já tem destino certo para ser guardada, O Museu Judaico e da Tolerância de Moscou. A instituição, inaugurada em dezembro de 2012, destinará uma ala especial para estes livros sagrados, manuscritos e documentos de interpretação das leis judaicas onde funcionará um salão de leitura especialmente criado para os apreciadores e estudiosos.
Ao transferir a guarda da Coleção Schneerson para o Museu Judaico e da Tolerância de Moscou, as autoridades russas explicaram que, do ponto de vista jurídico, o material continuará sendo de propriedade da Biblioteca Estatal Russa. No entanto, não haverá qualquer restrição de acesso a quem desejar consultar as obras.
Em janeiro, um tribunal de Washington, nos Estados Unidos, condenou o governo russo a indenizar em US$ 50 mil a entidade religiosa Agudas Chasidei Chabad, ligada ao Movimento Ultra Ortodoxo Lubavich, que se considerava proprietário legítimo da Coleção Schneerson. As autoridades russas apelaram da sentença e a consideraram totalmente injusta, já que os livros se encontravam no país, em perfeito estado de conservação e sob a guarda de entidades responsáveis. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia chegou a emitir nota oficial, afirmando que a sentença da corte norte-americana era uma grave violação do direito internacional.
O Movimento Chabad Lubavich teve origem na Bielorrússia quando a mesma fazia parte da União Soviética. O Rabino Yosef Yitzchak Schneerson, fundador do Movimento também organizou a biblioteca de livros sagrados, no início do Século XX, e durante a I Guerra Mundial, mudou-se Rostov on Don e em seguida, Smolensk, ambas na Rússia, levando toda a sua coleção.
Com a II Guerra Mundial, o Rabino se mudou para os Estados Unidos, porém parte da sua coleção caiu em mãos dos nazistas. Posteriormente, a União Soviética recuperou o acervo e decidiu guardá-lo no Arquivo Público Nacional e, depois, na Biblioteca Estatal Russa.
O Rabino Schneerson morreu em 1950, nos Estados Unidos, e não deixou instruções quanto à manutenção da sua riquíssima Biblioteca. Com a instalação em definitivo do Movimento Chabad nos Estados Unidos, na segunda metade do Século XX, começou uma intensa disputa entre a entidade religiosa daquele país e o governo russo.
A decisão mais recente das autoridades russas foi confiar a guarda desta biblioteca ao Museu Judaico de Moscou até que todas as pendências se resolvam de vez. Os livros mais antigos da Coleção Schneerson datam de 1772. Atualmente, é composta por 12 mil livros, 50 mil documentos raros e 381 manuscritos.