Quando o presidente Barack Obama chegar em Israel nesta quarta-feira (20), ele deve se deparar com alguns israelenses em greve de fome para apoiar Jonathan Jay Pollard, americano que está cumprindo prisão perpétua na Carolina do Norte por ser espião de Israel.
Mas o apelo à libertação de Pollard não se limitará a um protesto de grupos de direita já enfrentados por autoridades americanas.
Em vez disso, o protesto virá do presidente pacifista de Israel, Shimon Peres, e de algumas das figuras públicas mais respeitadas do país: cientistas vencedores do Prêmio Nobel, generais, autores célebres e intelectuais que assinaram, juntamente com mais de 175 mil outros cidadãos, uma petição online apelando por clemência a Pollard.
Depois de anos sendo vista como uma questão um tanto marginal e divisória em Jerusalém, a campanha para libertar Pollard tornou-se uma cruzada digna de manchetes. Israelenses exaltam a vergonha que sentem a respeito do caso - um dos episódios mais prejudiciais no relacionamento entre EUA e Israel - e o reformulam como uma questão humanitária pronta para ser resolvida.
O esforço tem ganhado força e muitos israelenses consideraram a visita de Obama como a oportunidade perfeita para que seja feito um gesto de boa vontade. "Vou resumir o caso em uma palavra: basta", disse Amnon Rubinstein, professor de Direito do Centro Interdisciplinar de Herzliya, Israel, e ex-ministro da educação. "Não é humano mantê-lo na prisão por mais tempo."
O fator principal por trás da mudança de comportamento em relação ao caso, segundo os israelenses que apoiam a campanha, é o tempo que Pollard, 58 anos, que supostamente está doente, já cumpriu da pena - 28 anos. Advogados que defendem sua libertação disseram que não há precedentes entre americanos condenados por espionagem a favor de um aliado.
Outro fator é o crescente número de ex-oficiais nos Estados Unidos, que pediram clemência, nos últimos anos, incluindo dois ex-secretários de Estado George P. Shultz e Henry A. Kissinger, e um ex-diretor da CIA, James R. Woolsey. Essas vozes dá aos defensores de Pollard um outro nível de respeitabilidade e faz com que cada vez mais israelenses opinem sobre o caso.
Ativistas veteranos também mudaram sua postura. Depois que Israel se recusou a reconhecer Pollard como um "prisioneiro de Sião", em 2005, sua esposa, Esther, chamou a atitude do governo de "mesquinha e mal intencionada".
Agora, Esther Pollard tem uma abordagem diferente. Na semana passada, na televisão israelense, Esther Pollard disse que ela e seu marido sentiam "remorso profundo e tristeza pelo que aconteceu" e imploraram a Obama por misericórdia.
Por Isabel Kershner