Durante os últimos três dias, o público israelense acompanhou cada passo de Obama no país, em seus encontros com líderes politicos, visitas a museus, jantares e recepções. Cada gesto e cada palavra do presidente americano foram comentados e analisados, sua linguagem corporal foi observada minunciosamente.
"Obama estudou muito bem a psicologia dos israelenses e soube dizer as coisas certas para conquistar a simpatia do público, todos se apaixonaram por ele", disse o jornalista israelense Uri Avnery, ao Terra.
No discurso dirigido diretamente aos jovens israelenses, na quinta feira, Obama chegou a mencionar programas cômicos da TV local, incluiu palavras em hebraico e além de demonstrar simpatia pelos traumas passados pela população de país, exortou a juventude a pressionar o governo para fazer a paz com os palestinos.
Amigo
O presidente americano que antes era visto como hostil a Israel, conseguiu nestes três dias transformar dramaticamente sua imagem, passando a ser considerado um amigo.
O presidente americano que antes era visto como hostil a Israel, conseguiu nestes três dias transformar dramaticamente sua imagem, passando a ser considerado um amigo.
Das quase 50 horas que ficou na região, Obama dedicou apenas 4 horas a uma visita à cidade de Ramallah, na Cisjordânia, para se encontrar com o presidente palestino, Mahmoud Abbas.
"Essa foi uma visita de Estado a Israel e Obama também deu um pulo para visitar a prisão onde se encontram os palestinos", disse Mahdi Abdul Hadi, diretor da Passia (Associação Palestina de Estudos Internacionais).
Obama não tentou criar uma impressão de simetria entre as visitas a Israel e à Autoridade Palestina, nem no tempo dedicado e nem no cuidado com os símbolos importantes para os dois lados.
Em Israel Obama visitou o Museu do Holocausto, o túmulo de Theodor Herzl (idealizador do sionismo) e o túmulo de Itzhak Rabin.
Assimetria
No entanto, em Ramallah o presidente americano se negou a visitar o túmulo do lider palestino Yasser Arafat e também não concordou em se encontrar com mães de prisioneiros palestinos detidos em cadeias israelenses.
No entanto, em Ramallah o presidente americano se negou a visitar o túmulo do lider palestino Yasser Arafat e também não concordou em se encontrar com mães de prisioneiros palestinos detidos em cadeias israelenses.
"Foi um erro da parte dele", afirmou Avnery, "ele não estudou a psicologia dos palestinos e os vê através dos olhos dos israelenses".
Diferentemente do clima caloroso que vigorou em Israel, o encontro com o presidente palestino foi bem mais formal. Obama rejeitou a condição do presidente Abbas para voltar à mesa de negociações - de que Israel congele a construção dos assentamentos na Cisjordânia.
Nesse ponto o presidente americano se alinhou com a posição israelense, que sugere a volta às negociações "sem condições prévias".
Nesse ponto o presidente americano se alinhou com a posição israelense, que sugere a volta às negociações "sem condições prévias".
Esperança
No entanto, apesar das divergências e da assimetria, ainda há uma esperança de que a visita surta resultados positivos.
No entanto, apesar das divergências e da assimetria, ainda há uma esperança de que a visita surta resultados positivos.
"Em seu discurso em Jerusalem, Obama se comprometeu com a solução de dois Estados, ele falou sobre a criação de um Estado Palestino independente, viável e contíguo", disse Abdel Hadi, "acredito que durante sua segunda gestão algo vai ter que mudar, temos ainda quatro anos pela frente com Obama, é um longo caminho". "Um prisioneiro na cadeia não pode perder a esperança", acrescentou.
Para Avnery, "após a visita, o secretário de Estado John Kerry deverá começar a trabalhar seriamente para promover um avanço no processo de paz". "A construção dos assentamentos pode ser congelada ou reduzida silenciosamente, sem declarações, acho que é isso que vai acontecer", disse.
Kerry acompanha a visita do presidente Obama à Jordânia, e, já na noite deste sábado, deverá voltar à região, para novos encontros com os lideres de Israel e da Autoridade Palestina.