A premiada cineasta Kathryn Bigelow poderia ter feito uma versão hollywoodiana cheia de tiros e testosterona para narrar a história da captura e morte de Osama bin Laden. Em vez disso, ela e o roteirista Mark Boak transformaram "A Hora Mais Escura" em um complexo olhar sobre os dez anos de caçada pelo terrorista, o que inclui uma honesta representação das torturas cometidas pelos EUA e detalhes antes inéditos da missão.
Jessica Chastain em cena do filme "A Hora Mais Escura"
Quando o filme tiver pré-estreia em circuito limitado nos EUA, na quarta (19), Bigelow e Boal querem que as plateias deixem de lado as polêmicas dos últimos meses, incluindo as alegações, negadas por eles, de que os realizadores tiveram acesso a informações sigilosas.
"Trata-se de um olhar dentro da comunidade de inteligência. A força, coragem, dedicação, tenacidade e vulnerabilidade dessas mulheres e homens", disse Bigelow, de 61 anos, em entrevista com Boal à Reuters.
Bigelow ganhou um Oscar em 2010 por "Guerra ao Terror" , sobre a guerra do Iraque. Ela diz que seu novo filme coloca o público no centro da caçada a Bin Laden, dando-lhe uma noção a respeito da comunidade de inteligência dos EUA e de como seus métodos mudaram nos anos que se seguiram aos atentados de 11 de setembro de 2001, cometidos pela rede Al Qaeda.
Kathryn Bigelow no set de "A Hora Mais Escura"
"É um tópico polêmico, é um tópico que foi infinitamente politizado. O filme foi erroneamente caracterizado durante um ano e meio, e adoraríamos se as pessoas fossem vê-lo e julgá-lo por si mesmas", disse Boal.
O longa de ação desponta como um dos favoritos ao Oscar, após receber vários prêmios e indicações de entidades de Hollywood.
Quando Bin Laden foi morto por militares da Marinha dos EUA numa casa do Paquistão, em maio de 2011, Bigelow estava a poucos meses de começar a rodar um filme sobre a busca por ele nas montanhas de Tora Bora, no Afeganistão, durante a invasão norte-americana de uma década antes. Ela rapidamente reviu o projeto.
"A Hora Mais Escura" começa logo depois do 11 de Setembro, com cenas fortes dos interrogatórios, incluindo simulações de afogamento, humilhações sexuais e a colocação à força de um preso dentro de uma caixa.
Bigelow e Boal disseram que o filme não se propõe a julgar - de forma positiva ou negativa - esses interrogatórios. "O que estamos tentando mostrar é que aconteceu. O que eu acho que não é controverso", disse Boal.
"É obviamente um debate em curso. É um debate dentro da comunidade de pessoas que são especialistas, e tenho certeza de que é um debate que vai continuar por muitos anos", acrescentou.
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