Argentina deu um formidável passo atrás ao firmar um acordo com o Irã criando uma Comissão da Verdade para apurar, mais uma vez, o atentado terrorista cometido contra o edifício da Amia, em 1994, em Buenos Aires, que matou 85 pessoas.
Ao se associar a um estado terrorista, a atitude do governo argentino desqualifica os esforços realizados pela sua justiça junto com a Interpol e cujas investigações apontaram o dedo acusatório na direção de cidadãos iranianos incumbidos de obedecer à determinação oficial de praticar um atentado exemplar e, nele, matar quantos pessoas fosse possível.
É uma afronta à justiça pretender recomeçar tudo de novo realizando audiências em um país como o Irã cujo governo ignora os direitos mais elementares da pessoa humana.
Como buscar a verdade em um país que no último final de semana prendeu 14 jornalistas acusados de suposta cooperação com veículos da mídia estrangeira favoráveis à oposição?
Como encontrar a verdade realizando audiências em um Irã controlado pelo ministro da Defesa Ahmad Vahidi, que, junto com o ex-presidente Ali Akbar Rafsanjani, é o principal suspeito de planejar o atentado, e ambos procurados pela Interpol?
Como a Argentina pretende descobrir a verdade em um país como o Irã que nega o Holocausto de cerca de 6 milhões de judeus pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial?
A ironia da história – além de pretender desmenti-la – é que o acordo foi firmado dia 27 de janeiro, consagrado como o Dia Internacional de Recordação às Vítimas do Holocausto.
JACK TERPINS
PRESIDENTE DO CONGRESSO JUDAICO LATINO-AMERICANO