Certa manhã a Morte passou pelo palácio do rei Salomão.
O escudeiro tremeu de medo ao avistar aquela figura esquelética que o fitava espantada. Pensando que a Morte viera buscá-lo, ajoelhou-se aos pés do rei e disse:
- Senhor, eu o servi fielmente até hoje. Nunca exigi pagamento algum. Como única recompensa peço-lhe apenas ceder-me o seu cavalo mais veloz para eu fugir da morte. O rei atendeu o pedido do velho servidor.
Montou e saiu a galope. Atravessou montes e vales, riachos e rios caudalosos até o entardecer. Cansado, avistou uma pedra e resolveu assentar-se para refazer as forças e prosseguir na fuga. Foi quando divisou um vulto assentado no mesmo rochedo.
Ficou estarrecido. Era a mesma figura assustadora que estivera de manhã no palácio. Parecia esperar por alguém. O escudeiro pôde apenas gaguejar com voz arfante:
- Por que você me olhou assustada hoje cedo, no palácio do rei?
- Deus me pediu para esperar você aqui, hoje ainda. Vendo-o lá fiquei pensando: Como é que esse homem já velho vai conseguir chegar a tempo neste lugar? Ali mesmo o velho escudeiro caiu sem vida.
Quem pensa estar fugindo da morte, está indo ao seu encontro.