Hoje (18/12) é aniversário do capitão ARTUR CARLOS DE BARROS BASTO
(1887-1961), Abraham Israel Ben-Rosh, autodenominado o “Guia dos
Maranos” (com um “esse” só).
Ele foi um
personagem singular na história do Judaísmo, talvez apenas somente com
precedentes bíblicos. Além de um homem de ação, lutou na I Guerra
Mundial e foi republicano de primeira hora, buscou a reintegração dos
descendentes dos cristãos-novos ao Judaísmo rabínico, para isto
construiu a sinagoga KADOORIE MEKOR HAIM no Porto (rua de Guerra
Junqueiro nº 360), escolas e editou a revista HaLapid por longas
décadas.
O capitão Barros Basto terminou a vida, perseguido,
caluniado, cego e esquecido por muitos, mas não pelos seus. Tomo da
excepcional biografia Ben-Rosh. Biografia do capitão Barros Basto. O
apóstolo dos marranos (Porto: Afrontamento, 1997), escrita por Elvira de
Azevedo Mea e Inácio Steinhardt e este trecho fica como minha homenagem
a ele:
“Foi um acto civil apenas, como ele testemunhara ser
costume de todos os marranos. Assistiram mais de uma centena de pessoas,
entre familiares, conterrâneos, admiradores silenciosos das múltiplas
facetas de sua vida infatigável e todos os judeus do Porto, askenazi e
marranos. / Terminado o acto, quando os circunstantes se voltavam para
sair do cemitério, alguém saiu de entre a multidão e aproximou-se da
sepultura fresca de Abraham Israel Ben-Rosh.
O imigrante polaco, Srul
Finkelstein, apelou para os seus correligionários: “Judeus,
aproximai-vos”. / No meio do mais profundo silêncio, gerado pela
surpresa dos presentes, rodeado por pouco mais de um minyan de judeus,
Samuel Rodrigues pronunciou a oração de “kaddish” (...)” (pp. 239-240).