Durou poucas horas o cessar-fogo entre o Exército de Israel e as milícias da faixa de Gaza anunciado no início da manhã desta sexta-feira, por conta da visita do premiê egípcio ao território palestino. Os dois lados trocam acusações de desrespeito ao acordo.
Durante a madrugada, Israel manteve o bombardeio aéreo pesado contra Gaza, no terceiro dia consecutivo da operação batizada "Pilar Defensivo". Um dos alvos foi o prédio onde opera o Ministério do Interior do governo do movimento radical islâmico Hamas.
O cessar-fogo deveria ter ocorrido pela manhã, durante a permanência do premiê egípcio, Hisham Qandil. A visita pretendia aliviar as tensões entre os dois lados e demonstrar apoio ao movimento islâmico Hamas, que controla o território.
Israel mantém um tratado de paz com o Egito, mas o governo do presidente Mohamed Morsi, eleito depois da deposição do ditador Hosni Mubarak, é tido como partidário do Hamas.
Uma porta-voz do Exército israelense acusou as milícias palestinas de lançarem cerca de 50 foguetes enquanto Qandil ainda estava em Gaza. A TV israelense exibiu danos supostamente causados por um projétil que atingiu a cidade de Ashkelon, ao sul do país. Já fontes palestinas acusaram Israel de atacar e matar dois, elevando o total de mortes, desde quarta, a 21, sendo sete crianças e uma grávida.
Em Gaza, o premiê pediu um cessar-fogo em nome da estabilidade na região. "Não podemos nos calar diante desta tragédia, e todo o mundo tem de assumir responsabilidade", disse.
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OFENSIVA
O Exército israelense iniciou os bombardeios à Gaza na quarta-feira (14). Naquele dia, atacou vários alvos e conseguiu acertar e matar o comandante militar do Hamas, Ahmed Jabari, 52. Ele foi atingido por um míssil enquanto circulava de carro. O ataque foi seguido por dezenas de outros, contra instalações militares, depósitos de armas e plataformas de lançamento de foguetes.
Na manhã seguinte, o Hamas lançou um foguete que matou três israelenses a norte de Gaza. Horas depois, pelo menos um foguete foi lançado com direção à capital Tel Aviv, fazendo soarem os alarmes antiaéreos pela primeira vez desde a Guerra do Golfo, em 1991. Houve pânico, e a TV israelense exibiu imagens de pessoas jogadas no chão, no centro de Tel Aviv, enquanto as sirenes soavam.
Informações preliminares da polícia israelense dão conta de que o projétil caiu no mar. Não houve vítimas. Na sequência, Israel detonou mais uma série de bombardeios aéreos a Gaza.
Desde que iniciou os ataques, Israel convocou ao serviço militar cerca de 30 mil reservistas, em um indício de que cogita realizar uma invasão por terra. Na noite desta quinta, ao menos 12 caminhões carregando tanques e veículos blindados foram levados para a fronteira do território judaico com o palestino. Ônibus com soldados israelenses também foram deslocados.