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Em entrevista ao Estado de Minas, militante do Hamas diz que 'ocupação não nos vence'


"Se a ocupação israelense vier à Faixa de Gaza, será um suicídio. Somos fortes aqui", diz*

O militante do Hamas Musheer Omar El-Masri adverte as forças israelenses sobre uma possível invasão terrestre. 'Se a ocupação vier à Faixa de Gaza, será suicídio. Enviaremos muitas encomendas para cidades israelenses' (Reuters)
O militante do Hamas Musheer Omar El-Masri adverte as forças israelenses sobre uma possível invasão terrestre. 'Se a ocupação vier à Faixa de Gaza, será suicídio. Enviaremos muitas encomendas para cidades israelenses'

Musheer Omar El-Masri, sorri quando pergunto se ele fala a partir de sua casa. “Estou atrás de nosso povo, na Faixa de Gaza", responde. Afirmou ao Estado de Minas que não tem medo de ser alvo de um míssil israelense. Em entrevista exclusiva, por telefone, Musheer acusa Israel de erradicar os palestinos e nega que o comando da facção esteja usando civis como escudos humanos. O militante adverte as forças israelenses sobre uma possível invasão terrestre. “Se a ocupação vier à Faixa de Gaza, será suicídio. (…) Enviaremos muitas encomendas para cidades israelenses”, ameaça o líder do Hamas, formado em sharia (lei islâmica) pela Universidade Islâmica, em Gaza, e mestre em figh (jurisprudência islâmica).

Israel destruiu o quartel-general do Hamas. Qual será o impacto desse ataque sobre seu grupo?
A ocupação comete muitos crimes contra nosso povo, contra o povo palestino. Nós, a palestina resistência, enfrentamos a ocupação israelense. Eu acho que o mundo precisa parar esta guerra contra o povo palestino. O movimento do Hamas e todas as nossas facções palestinas estão unidos contra a ocupação. Nós clamamos os países árabes – o Egito e as nações sunitas – a permanecer com o nosso povo. Eu penso que os Estados Unidos e as nações europeias estão apoiando a ocupação israelense contra o povo palestino.

Vocês pretendem retaliar esse bombardeio às instalações do movimento?
A ocupação israelense pretende matar muitas pessoas, ao realizar bombardeios contra vários prédios de escritórios do governo na Faixa de Gaza, como o escritório do primeiro-ministro, Ismail Haniyeh. A ocupação israelense não pode minar a resistência palestina.

O governo israelense acusa o Hamas de usar civis como escudos humanos, ao manter os líderes escondidos dentro de hospitais e de mesquitas…Eu sou um líder do Hamas. Muitos de nós recepcionamos o primeiro-ministro do Egito (Hesham Kandil) e a delegação do chanceler da Tunísia na Faixa de Gaza (em visitas na quinta-feira e ontem). Nós, líderes do Hamas, estamos com o povo palestino. E todas as pessoas de Gaza enfrentam a ocupação israelense. A retórica da ocupação israelense sobre a presença de líderes do Hamas em hospitais é uma mentira.

Que estratégias vocês pretendem usar no caso de as tropas israelenses invadirem Gaza?
Todas as pessoas da Faixa de Gaza estão conosco e com a nossa resistência. A ocupação israelense não pode enfrentar o movimento Hamas e a nossa resistência. Ela está matando nossas crianças e nossas mulheres em seus prédios e em seus quartos. Se a ocupação israelense vier à Faixa de Gaza, será suicídio, pois todas as pessoas se levantarão contra ela. Na Faixa de Gaza, somos fortes e enviaremos muitas encomendas para cidades israelenses.

Vocês estariam dispostos a aceitar um cessar-fogo?
O movimento Hamas e todas as partes palestinas desejavam um cessar-fogo, antes que a ocupação israelense matasse Ahmed Jabari, um líder do Hamas. Eles puseram fim ao cessar-fogo. Se a ocupação israelense detiver seus crimes e assassinatos, podemos estudar um cessar-fogo.

Israel considera o Hamas um grupo terrorista, que enviou vários homens-bomba e tem lançado foguetes. O que tem a dizer sobre isso?
A ocupação mata e comete muitos crimes contra meu povo. Até o momento, 40 shaheed (título honorífico para muçulmanos que morreram defendendo sua fé e seu país) foram assassinados pela ocupação israelense. São 40 homens, mulheres e crianças. Nós fizemos alguns foguetes para lutar contra a ocupação israelense. Eles estão fazendo uma erradicação do povo palestino e destruindo muitos prédios em Gaza.

O senhor tem medo de ser atingido por um míssil israelense e de morrer?
Eu estou com minha família, com meus amigos e com o povo palestino. (Ele pensa…) Não, não, não tenho medo
de morrer. 


Israel acelera ação na Faixa de Gaza

Brasília – São 16h40 em Beersheva, cidade localizada na Região Sul de Israel, a apenas 42 quilômetros da fronteira com a Faixa de Gaza. O músico israelense Tal Rotem, de 35 anos, conversa com o Estado de Minas por telefone e afirma que se apresentou ao Exército. De repente, a entrevista é interrompida. “Estamos tendo um alarme agora. Estamos sendo atacados neste momento e estamos correndo para o abrigo”, afirmou. Quase no mesmo instante, a rede de tevê CNN informa que as sirenes antiaéreas também soam em Telavive. Dessa vez, a bateria antimísseis Domo de Ferro interceptou dois foguetes Fajr-5 do grupo islâmico Hamas. Até o fechamento desta edição, os militantes palestinos haviam lançado 740 mísseis contra o Sul de Israel.

Enquanto os palestinos intensificavam os ataques – somente ontem, 80 foguetes foram disparados –, as forças israelenses ampliavam a Operação Pilar de Defesa. Mais de 950 bombas já foram despejadas sobre a Faixa de Gaza. Dessa vez, os drones (aviões não tripulados) e os caças F-16 se concentraram em alvos simbólicos, ligados ao poder em Gaza. Pela manhã, mísseis reduziram a escombros o quartel-general do Hamas, onde também funciona o gabinete do premiê, Ismail Haniyeh. A casa do ministro do Interior, Ibrahim Salah, no campo de refugiados de Jabaliya, e a Universidade Islâmica foram destruídas. Desde quarta-feira, pelo menos 45 palestinos e três israelenses morreram. O número de feridos chega a 345 árabes e 18 judeus, incluindo 10 soldados.

“Nós transformaremos Gaza em seu cemitário e queimaremos Telavive.” A mensagem, assinada pelas Brigadas Al-Quds – facção armada da Jihad Islâmica – e enviada a oficiais das Forças de Defesa de Israel (IDF), antecipava-se a uma iminente invasão de tropas. Benny Gantz, chefe do Estado-Maior, concordou ontem com a convocação emergencial de 20 mil reservistas, já incorporados às suas unidades. Tal Rotem, um dos israelenses que atendeu ao chamado, disse aguardar ordens do governo de Benjamin Netanyahu. “Sou um soldado e tenho que fazer o que é preciso fazer. Pediram para que ficássemos de prontidão”, afirmou.

O chanceler israelense, Avigdor Lieberman, nega uma “guerra generalizada” e explica que os objetivos da Operação Pilar de Defesa foram fixados. “Estamos prontos para uma ampla operação terrestre, se necessário. Mas é preciso saber que, se ela começar, será impossível detê-la”, alertou. Por telefone, um dos líderes do Hamas, Musheer Elmasri, alertou que uma invasão de tropas seria “suicídio”.

Em Telavive, o empresário David Yaari, de 42, voltou a enfrentar o medo dos foguetes do Hamas. Pai de um casal de gêmeos de 3 anos e de um bebê de 18 meses, ele admitiu ao Estado de Minas : “Não há nada pior do que pegar seus filhos, correr para um abrigo antibombas e esperar o que acontece”. De acordo com ele, os 3,2 milhões de habitantes da capital financeira de Israel estão “bem assustados”. “Eu estive em São Paulo e no Rio de Janeiro, e cresci em Nova York. Posso lhe dizer que nunca tive que correr, por causa de um foguete caindo. É algo inaceitável que as pessoas vivam em um local que pode ser bombardeado”, comentou. “É a terceira vez, em três dias, que somos atacados.”

CERCO 

A blogueira e estudante palestina Shahd Abusalama, de 21, contou que uma amiga mora perto do QG do Hamas e sentiu o impacto da explosão. “Ela dormia, quando pedaços das casas vizinhas ‘choveram’ sobre a sua. Tudo tremia e todos acordaram em pânico”, relatou. Shahd não teme uma ofensiva terrestre. “A resistência está dedicada a proteger a população. Os tanques e as tropas israelenses estão espalhados ao longo da fronteira. Estamos cercados, recebendo mísseis de todos os lugares.” Pelo telefone, era possível escutar o barulho dos drones (aviões espiões) de Israel sobrevoando a região.


No front diplomático, o chefe da Liga Árabe, Nabil Al-Arabi, se comprometeu a apoiar os palestinos contra a “agressão” israelense e a pôr fim ao bloqueio de Gaza. A declaração foi feita durante reunião de emergência dos chanceleres do bloco, no Cairo. O ministro das Relações Exteriores da Tunísia, Rafik Abdesselem, visitou Gaza e enviou uma mensagem contundente. “Israel não goza de imunidade total e não está acima da lei. O que Israel faz é inaceitável.”

Depoimentos 

David Yaari, de 42 anos
empresário, morador de Telavive

“Minha preocupação aqui é em relação ao prospecto de paz. Se você vier a Israel e for comigo a qualquer lugar, como praias e restaurantes, verá que 90% dos israelenses desejam a paz. Se você for a Gaza, perceberá que os palestinos não almejam isso. Quando os árabes quiserem a paz mais do que desejarem matar civis israelenses, eles terão a paz. Eu espero que um dia possamos viver em paz e que isso fique apenas nos livros de história”

Shahd Abusalama, de 21 anos
jornalista e blogueira, moradora da Cidade de Gaza

“As forças de ocupação estão lançando uma chuva de mísseis sobre o povo de Gaza. As coisas estão malucas aqui. É algo apavorante, horrível e aterrador. Eu posso ouvir agora as bombas. Entre as pessoas assassinadas, há crianças. A grande maioria dos feridos também é de crianças e de mulheres. Sabemos que tudo tem um preço. E que nossa liberdade e nossa dignidade nos custam muitas mortes. Estamos dispostos a dar qualquer preço”.

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Reprodução: http://www.uai.com.br/

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