Londres – Há exatos sete anos, a bandeira israelense foi retirada da Faixa de Gaza, depois que aproximadamente 7.500 colonos israelenses saíram ou foram retirados do território.
Não se sabe exatamente o que se passava na mente de Ariel Sharon, que era o primeiro-ministro de Israel na época e o arquiteto da separação de Gaza: um passo dramático em direção à paz? A primeira de muitas remoções dos assentamentos israelenses em território palestino? Ou um retrocesso mínimo – dar um pouquinho (Gaza) para continuar com um montão (a Cisjordânia)?
Uma coisa é óbvia: os sete anos entre 2005 e 2012 foram fraquíssimos para o processo de paz e gordíssimos para o aumento da ocupação israelense e para os assentamentos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. Quase 94.000 novos colonos chegaram a essas áreas desde 2005, alguns assentamentos foram legalizados e milhares de palestinos foram desalojados.
No Livro de Gênesis, José é chamado para interpretar o sonho do faraó, que tinha visto sete vacas gordas, seguidas de sete vacas magras saindo do rio. Ele diz ao faraó que sete anos de abundância serão seguidos de sete anos de fome – e que ele deve armazenar os alimentos necessários para que o Egito sobreviva aos sete anos magros.
Entretanto, ao interpretar os sete anos magros no processo de paz, podemos esquecer os sonhos e seus intérpretes. Basta olhar para como a retirada dos assentamentos da Faixa de Gaza remodelou o debate no bloco que domina Israel politicamente, a direita nacionalista religiosa – podemos chamar isso de ascensão da doutrina do 1,5 por cento de Israel.
Em termos de extensão territorial, a Faixa de Gaza corresponde a menos de 1,5 por cento da área total designada para a Palestina durante a época do mandato britânico (ou "Grande Israel", conforme os colonos preferem chamá-la). Entretanto, essa minúscula área abriga atualmente cerca de 1,7 milhões de palestinos, ou cerca de um quarto da população palestina entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo. Portanto, ao deixar de lado apenas 1,5 por cento do território, Israel modificou significativamente a chamada "equação demográfica" (a relação de judeus para árabes na área que está sob seu controle).
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