Segundo o costume sefaradita, os alimentos utilizados nas noites de Rosh Hashaná são tamar (tâmara), rubia (feijão de corda), carti (alho-poró), silcá(acelga), cará (abóbora), rimon (romã),tapuach (maçã), mel e rosh keves(cabeça de carneiro).
Entre os ashkenazitas é costume usartapuach (maçã), mel, guezer (cenouras), keruv (repolho), dag (peixe), rimon (romã) e rosh dag (cabeça de peixe).
Ao se analisar a raiz hebraica ou aramaica dos nomes dos alimentos que, ao longo dos anos, foram integrados ao ritual, conseguimos entender o significado das bênçãos e sua ligação com a história judaica. Sobre certos alimentos, invocamos a D´us pelo aumento de nossos méritos e nossas virtudes. Este é o pedido feito quando ingerimos, por exemplo, feijão de corda ; em hebraico, rubia. O nome hebraico provém do radical rava, aumentar.
Na realidade, o uso de algum alimento que aluda ao termo "aumentar" não se limita às espécies mencionadas no Talmud ou ao seu nome em hebraico. Pode ser utilizado, também, algum alimento cujo nome lembre este termo, no idioma local usado pelos judeus, em uma determinada região.
Por isso, muitas comunidades que falavam ídiche passaram a usar cenouras no lugar de rubia – planta comum no Oriente Médio, mas não na Europa. Cenoura, em ídiche, é mehren. Esta palavra significa também "aumentar" ou " multiplicar". De forma similar, a palavra alemã para cenoura é mohrube, muito semelhante às palavras mehr mais e rubia.
Ao ingerir peixe, os ashquenazitas pedem a D´us que possam "multiplicar-se como os peixes;.O costume também é interpretado como uma proteção contra o mau-olhado. Ensina o Talmud que o mau-olhado não tem poder sobre aquilo que está escondido dos olhos e, como os peixes vivem dentro dágua, o mau-olhado não os pode afetar. Já a romã serve para invocar o aumento de nossos méritos, para que nos tornemos repletos de boas ações, como a profusão de sementes dessa fruta. A simbologia, neste caso, é simples, pois a romã possui 613 grãos o número das mitzvot da Torá.
Com os outros alimentos, pedimos a D´us que nos afaste de tudo aquilo que nos faz mal ou leva a fazê-lo. Assim, comemos tâmaras, cujo nome tamarlembra o radical tam – exterminar.</p>
E pedimos que sejam exterminados todos os nossos inimigos e aqueles que nos queiram fazer mal. Em aramaico, alho-poró é cartie e, em hebraico,carat, que também significa ‘eliminar.
Assim, ao comer o alho-poró, pedimos a D´us que elimine nossos inimigos. Com a silcá, acelga, cuja palavra vem da raiz silec, afastar, pedimos que sejam afastados aqueles que querem o nosso mal. Entre os alimentos doces, os sefaraditas costumam comer um doce feito de abóbora, em hebraico, cara, termo que nos remete à palavra cará, anular. Ao comê-lo, pedimos que nesse dia de julgamento sejam anulados os maus decretos e apenas os nossos méritos sejam lidos perante D´us.
Finalmente o último pedido: ao comer alguma parte da cabeça de um animal ou peixe pedimos para ser bem-sucedidos, colocados "na cabeça e não na cauda". Mas por que há uma aparente redundância nas palavras? Para lembrar Israel a não ser subserviente a nenhum outro poder a não ser a D´us. Para este pedido, costuma-se usar uma parte da cabeça do carneiro. Assim, D´us se recordará, para o nosso bem, o mérito do sacrifício de Yitzhak que, à última hora, foi substituído por um carneiro.
Em algumas comunidades costuma-se comer uma fruta nova da estação na segunda noite de Rosh Hashaná, para justificar a bênção de Shehecheianu que fazemos sempre que temos prazer com coisas novas.
Com o tempo, foram adotados vários outros costumes específicos, inspirados nos nomes de certos alimentos. Os judeus da Ucrânia, por exemplo, costumavam dar aos filhos, em Rosh Hashaná, fígado de galinha. Isto porque em ídiche, fígado é leberlach um homófono da palavra leb ehrlic-viver honestamente. Há os que não comem nozes nesta festividade, porque a soma das letras da palavra egoz (noz) tem o mesmo valor numérico do que chet, o termo hebraico para pecado.
Fontes : Dicionario Sefaradi de sobrenomes