Reprovação de Netanyahu chega a maior nível desde 2009

Pela primeira vez desde que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, formou seu segundo governo, em abril de 2009, a insatisfação dos israelenses com a administração do líder do Likud atingiu a marca de 60% da população. Segundo uma pesquisa divulgada pelo jornal Hareetz e pelo instituto Dialog, apenas 31% dos habitantes afirmam estar satisfeitos com o político de direita.

<sub>Agência Efe

O primeiro-ministro de Israel (centro) e o ministro das Finanças (direita) anunciam pacote de austeridade.</sub>

O ministro das Finanças, Yuval Steinitz, se saiu ainda pior no levantamento. Mais de dois terços da população reprovou sua atuação à frente da pasta econômica. Em um claro sinal de insatisfação da situação macroeconômica do país, que realizou cortes orçamentários no último mês.

A situação do primeiro-ministro é ainda pior devido à recente saída do partido Kadima da “supercoalizão” de Netanyahu, que supõe um golpe ao atual governo. O líder do partido, Shaul Mofaz, passou várias semanas ameaçando que caso não se encontrasse uma saída ao imbróglio da lei Tal, que criava uma brecha legal que os ultraortodoxos utilizavam para evitar o serviço militar, a legenda deixaria a coalizão.

A entrada do Kadima na coalizão era avaliada como uma demonstração de força do governo, convertendo-o em um dos mais estáveis da história política israelense. Netanyahu anunciou eleições antecipadas justo antes de o Kadima ingressar na coalizão, mas acabou mudando de idéia.

Agora que já não conta com Mofaz, os rumores sobre o possível anúncio de um pleito adiantado tomam conta dos políticos de Israel. Para o ministro de Assuntos Exteriores, Aviador Lieberman, há muitas possibilidades de que Netanyahu tome esta decisão e convoque eleições para princípios de 2013.

“Está muito claro para mim que haverá eleições antecipadas no próximo ano, ainda que a data oficial seja 22 de outubro. Mas a partir de fevereiro, qualquer outra data é possível”, comentou Lieberman à imprensa israelense.

Os analistas políticos não têm certeza se seria conveniente para Netanyahu convocar as eleições, já que apesar da saída do Kadima, os dois outros partidos fortes do país seguem na coalizão. Israel Beitenu, partido de Lieberman, e o ultraortodoxo Shas não têm planos de deixar a aliança.

“Eu duvido que Netanyahu convoque eleições antes da data programada. O problema de cogitar uma nova lei de alistamento que inclua os ultraortodoxos será solucionado de uma forma ou outra, e isto, tanto Israel Beitenu como o Shas já sabem”, comentou ao Opera Mundi o professor de Ciências Políticas da Universidade Hebréia de Jerusalém, Abraham Diskin.

“Os líderes de ambos os partidos já disseram que não têm intenção de renunciar e o Kadima ganhará tempo para voltar a ganhar o eleitorado até outubro de 2013, já que por enquanto não está saindo muito favorecido nas pesquisas”, disse Diskin.

Apesar de nenhum dos dois paridos da aliança ter intenção de deixar a coalizão, as eleições adiantadas poderiam ser muito favoráveis para ambos, que poderiam ganhar mais vagas no Parlamento israelense.

Outros partidos fora da coalizão, como o Trabalhador e o novo partido do jornalista Yaur Lapid, também sairiam favorecidos com pleitos adiantados, já que a confiança do público israelense no governo de Netanyahu se encontra bastante baixa desde os protestos sociais do último verão.

“As cartas estão sobre a mesa para Netanyahu, ele é o único que pode convocar-las, e enquanto tenha estabilidade política, não se arriscará a adiantar os pleitos”, comentou Diskin.

Com novos protestos baixo o lema da justiça social, o descontentamento latente por todo país sobre o alto custo de vida em Israel e a perda de ajudas sociais, muitos culpam a Netanyahu pela deterioração social e a virada à direita do país nos últimos anos.

“Não é um bom momento para novas eleições com as pesquisas que Netanyahu possui em suas mãos. Eu não convocaria, se fosse ele”, concluiu Diskin.