O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu respondeu neste sábado
a uma carta do líder palestino Mahmud Abbas sobre o fracassado processo
de paz, disse uma fonte do escritório de Abbas.
O negociador-chefe de Netanyahu, Yitzhak Molcho, entregou a carta para
Abbas em Ramallah, onde fica o escritório da autoridade palestina, pouco
depois das 21h00 locais (15h00 de Brasília).
O conteúdo da carta não foi revelado.
No dia 17 de abril, Abbas enviou a Netanyahu uma carta que, segundo o
negociador Nabil Shaath, desafiaria o líder israelense sobre o
fracassado processo de paz e "colocaria Netanyahu em uma situação
difícil."
Netanyahu devia ter respondido em duas semanas, mas estava ocupado com acontecimentos domésticos e a morte de seu pai.
Em sua carta, Abbas pediu a Israel para esboçar "o quanto antes" suas
posições sobre quatro questões principais: o princípio de uma solução de
dois estados baseada nas fronteiras pré-1967, a suspensão da construção
de assentamentos, a libertação de prisioneiros palestinos e a revogação
de todas as decisões que prejudiquem os acordos bilaterais desde 2000.
"Estamos prontos para recomeçar imediatamente as negociações no minuto
que recebermos a resposta positiva de vocês sobre esses pontos,"
escreveu ele.
Anteriormente, Israel tinha dito que queria negociações sem pré-condições.
O gabinete de Netanyahu informou que, em sua resposta a Abbas, ele
ofereceria aumentar o nível dos contatos com os palestinos para
conversas diretas entre os líderes.
Em janeiro, negociadores de ambos os lados tiveram cinco encontros
iniciais em uma proposta para encontrar um caminho para retomar o
diálogo, mas eles resultaram sem conclusões.
O negociador palestino sênior Erakat já alertou que, na ausência de
resposta favorável de Netanyahu, Abbas irá renovar sua campanha para
membro da ONU de um estado palestino "na Assembleia Geral, no Conselho
de Segurança e em outros órgãos da ONU".
Depois que Abbas enviou sua carta, Netanyahu fechou um acordo
surpreendente com o partido opositor Kadima para formar uma nova e ampla
coalização no governo.
O acordo de união da terça-feira envolve um compromisso de renovar o processo de paz.
Netanyahu afirmou que espera que sua decisão possa encorajar os
palestinos para uma retomada às negociações após uma pausa de mais de 20
meses.
"Espero que Abbas aproveite essa oportunidade para voltar às
negociações. Eu não sei como avançar nas discussões sem os incluir",
disse.
O porta-voz de Abbas, Nabil Abu Rudeina, respondeu que "o governo de
Israel para aproveitar a ocasião da expansão da coligação para chegar
mais rápido a um acordo de paz com o povo palestino e seus líderes"
No entanto, o Hamas, grupo islâmico palestino, que controla a Faixa de Gaza, fez uma avaliação sombria da coalizão.
"A formação de um governo de união em Israel representa uma grave ameaça
à Faixa de Gaza e dá um golpe no projeto de negociações de Abbas",
anunciou Yusef al-Rizq, o conselheiro político do primeiro-ministro do
Ismail Haniya.
Os palestinos se recusaram a retomar as negociações diretas, a menos que
Israel interrompa a construção de assentamentos e se comprometa a um
promover um debate amplo sobre as fronteiras que se baseiam nas linhas
que existiam antes de 1967, com a Guerra dos Seis Dias.