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"O Gueto de Varsóvia . O Levante de 1943.




Mas jamais deixará de existir a  lição imanente do heroísmo na luta contra a  opressão e a injustiça. Para toda a Eternidade.
  
Quand le plus grand emportera le pris
De Nuremberg, d'Auspurg, & ceux de Basle,
Par Agripine chef Frankfort(=Frank fort) repris,
Traverseront par Flamans jusqu'en Gale.

Quando o mais forte deportar  a presa
Os de Nuremberg, de Auspurg e os de Basle
Por causa do Agripino chefe (Hans) Frank    grande  repressão  
(ou: o forte de novo atacado)
Trespassarão  por causa dos inflamados e  irados  até a sarna.

"Nos revoltamos sem esperança alguma, mas com a firme intenção de humilhar os nazistas e recuperar assim a nossa própria dignidade"

Marek Edelman
 Último líder vivo do levante

... par Flamans jusqu'en Gale




A quadra refere-se aos Levantes de Varsóvia em 1941.  Faz menção a Hans Frank por meio do sobrenome, como acontece com alguns outros personagens. (Franco, Henrique, entre outros outros).
           O primeiro verso diz  "quand le plus grand emportera le pris". O verbo "emporter" tem vários significados e por isso a escolha para esse verso; todos esses significados servem para  descrever as situações aludidas.
        Em primeiro lugar, emportée quer dizer irascível, ou seja,   uma pessoa sujeita a ataques repentinos de cólera, o que é muito bem apropriado para descrever os rompantes de Hitler, em geral teatrais. Poderíamos então ler o verso, sem receio de cometer um erro, como "quando o maior  se enraivecer com a presa" e isso nos remeteria para a Polônia. Como sabemos, o cervo é animal usado por Nostradamus para simbolizar a Polônia e o lobo a Alemanha.  O cervo era a presa do lobo.  
      Mas "emporter" também quer dizer "prender e transportar de um lugar a outro" e de novo temos aqui a situação efetivamente aludida. De todos os países ocupados pelos alemães na Segunda Guerra Mundial, é reconhecido que a Polônia foi o que mais padeceu em virtude das atrocidades praticadas pelos nazistas. As cenas de

barbárie chegaram ao absurdo (ver XI,141). Os atos de violência verdadeiramente bestiais começaram cedo, já nos primeiros dias de ocupação, cometidos principalmente pelos SS.
     Era isso o que Nostradamus queria dizer com  o terceiro verso de I,34. (L'un bon prendra, l'autre ambigue sinistre). Só para  se ter uma idéia, em um ano de  ocupação, 1.200.000 poloneses e 300.000 judeus foram deslocados para  leste do rio Vístula. Para cada alemão que se mudasse para os territórios ocupados, duas pessoas seriam  expulsas da  Polônia.
      O segundo verso cita localidades da Alemanha, identificando a origem  de quem deportou a presa. É bem provável que refira-se às regiões de origem das tropas SS ou Einsatzgrupen que eram os responsáveis pelas deportações.
      Hans Frank foi nomeado governador-geral e Seyss-Inquart, o Quisling vienense, o seu representante, já em 12-OUT-1939.  Sua missão, hipocritamente denominada "Ação Extraordinária de Pacificação",  consistia em:   

    1)  arrancar da Polônia alimentos, suprimentos e mão-de-obra forçada


Quand le plus grand emportera le pris

    2) exterminar a classe culta da Polônia: intelectuais, políticos, nobres  e sobretudo o clero

     O diário de Hans Frank,  exibido nos julgamentos de Nuremberg, em 42 volumes, foi o documento mais estarrecedor  a respeito do tenebroso mundo nazista. "Os poloneses deverão ser escravos do Reich Alemão", declarou no dia seguinte à sua posse.

    Himmler e Heydrich haviam ficado com a incumbência de  exterminar os judeus.  Mas  Hans Frank não se esqueceu deles. Seu diário está repleto de idéias e de realizações nesse sentido.

      A perseguição ao judeus começou tão logo a luta cessou na Polônia(ver XI,14). Após a ocupação,  ao final do outono de 1940 a população 400.000 judeus - uns falam de 500.000 -, arrebanhada pelos SS, acabou confinada em uma pequena área de Varsóvia,  de duas milhas de comprimento por uma  de largura, O Gueto de Varsóvia. Os judeus eram retirados de suas casas, famílias separadas, incluindo aí as crianças


De Nuremberg, d'Auspurg, & ceux de Basle,
Par Agripine chef Frank fort  repris,

de seus pais. Os nazistas realizavam incursões esporádicas que reduziam a população do gueto e transportavam-nos para os campos de extermínio e de concentração. Para a população do gueto, a morte também vinha sob a forma de doenças e inanição, face às precárias condições de higiene e habitabilidade. Eram  cerca de 300 baixas por dia.

    Como Hans Frank desejava,  de 22-JUL-1942 a 03-OUT-1942, 310.322 judeus foram   deportados para os campos de extermínio, a maioria para Treblinka.

    Em JAN-1943,  os judeus efetuaram o primeiro levante e mil judeus, em um  ato de rebeldia, mataram  50 soldados alemães que faziam uma incursão com  fim de arrebanhar prisioneiros e transportá-los Treblinka. (Quand le plus grand emportera le pris).

     Restavam, então, 60.000/70.000 judeus no Gueto.

    Em 19-ABR-1943, o general Stroop da SS chega ao gueto com tanques, artilharia, bombas de gás venenoso,  lança-chamas e dinamitadores. Quatro semanas mais tarde  o Gueto já não existia mais.  Os judeus, em lugar de aceitar a morte, decidiram rebelar-se transformando as galerias subterrâneas e adegas  em uma praça fortificada, o fort citado terceito verso. 

        A resistência dos judeus prolongou o que os alemães esperavam resolver em três dias. Em sua lógica fria e absurda, os alemães  ficaram sem entender porque os resistentes preferiam as chamas (Flamans) em lugar de se entregar e morrer nas câmaras de gás. Foi uma poucas vezes que os judeus se rebelaram com armas contra os opressores. ( Flamans jusqu'en Gale) . Essa expressão, inflamados até a sarna, possui muito provavelmente um sentido figurado com o fim de descrever a resistência dos habitantes do gueto. Possuíam poucos armamentos  e uma operação que os alemães esperavam durar pouquíssimo tempo acabou por levar quatro semanas. O Levante de Varsórvia foi uma das páginas mais dramáticas  das atrocidades cometidas na Polônia pelos nazistas. O saldo foi  sete mil judeus mortos e 50.000 deportados para os campos. O movimento de resistência foi completamente arrasado.

       A grafia do terceiro verso precisa ser ligeiramente alterada com a introdução de um espaço entre Frank e fort para fazer sentido.
        O terceiro verso fala do Agripine chef  Frank. Há duas Agripinas, a velha, mãe de Calígula, e a nova, irmã de  Calígula e  mãe de Nero.  Há aqui uma referência a Hitler (Agripine)  e a Hans Frank. Hilter decidiu  o extermínio, Hans Frank  era o governador-geral.  Hitler é  comparado por Nostradamus ao novo Nero (ver IX,17, IX,53), é dito que viria do catre e assim por diante. Dessa forma, o Agripine chef Frank refere-se a Hans Frank, o  governador-geral de Hitler para a faixa do Polônia ocupada. E o verso diz que o causador das ações seria Hans Frank, embora os executores fossem as SS.  Isto está muito de acordo com  o citado na introdução  a respeito de Hans Frank, Himmler e Heydrich. O termo  agrippine  aqui tem o significado de nazista, totalitário.

        E são citadas no terceiro verso  as duas ofensivas contra o Gueto,  a primeira em janeiro, por causa das deportações para os campos (Quand le plus grand emportera le pris) e a segunda,  em abril (fort repris), dando o causador: o governador-geral Hans Frank (Par Agripine chef Frank)

        O último verso  fala  da insurreição. O termo flamans está sendo usado com duplo sentido, tanto com a acepção de rebelados (flamant=flamingo, pássaro de plumagem de forte coloração vermelha, ver Traduções)  quanto literalmente, referindo-se aos incêndios provocados pelos alemães no ataque ao Gueto e às condições sub-humanas a que estavam submetidos os seus  moradores.

        Cabe aqui uma observação importante. A poesia é uma linguagem que permite a síntese de vários significados em um mesmo texto e os grandes poetas são habilíssimos nesse mister - desnecessário dizer, Nostradamus está obviamente incluído, segundo nosso entendimento. Essa quadra permite várias leituras, todas elas referindo-se aos Levantes de Varsóvia.
           
         Por exemplo, o terceiro verso pode ser muito bem lido entendendo-se fort  como um adjetivo. O verso seria lido como " Por causa do chefe nazista Frank forte repressão", ou de forma equivalente, o que estaria muito bem dentro do segundo ataque ao Gueto de Varsóvia.  Da mesma forma, o termo flamans não existe e foi entendido aqui inflamados. Mas não seria fora de propósito traduzir flamans  como uma referência aos lança-chamas. O verso seria  lido como "atravessarão pelas chamas até sarna", entendendo o par não com o sentido de causa, mas de meio, intermédio. A imagem   representaria não só as duras condições de vida e saúde no Gueto de Varsóvia, mas também o desprezo que os nazistas devotavam aos judeus.
   
        É muito provável que outros sentidos ligados ao mesmo conjunto de fatos também possam ser associados. O segundo verso demanda  uma pesquisa  para levantar a origem das  forças SS que acabaram com o Gueto. É provável que informações interessantes sejam encontradas. 
 
     
Referências
     
XI,14,I,34,IX,17,IX,53. 
     
Notas
     
21-ABR-2003. Revisão de texto e aposição de fotos.
     
    a) Levante do Gueto Varsóvia completa 60 anos.
     
09-NOV-2002. Revisão de texto. Novas visões sobre o terceiro e o quarto versos.
     
08-NOV-2002. Revisão de texto.
     
01-NOV-2002.  Correção da interpretação dos  terceiro e quarto versos.
     
10-SET-2002. Interpretação inicial.
1 Por esta data a sextilha XI,14 ainda não tinha a sua interpretação divulgada.
     
Traduções

Dictionnaire de L'Académie française (1835)

FLAMANT (1:764)

FLAMANT. s. m. T. d'Hist. nat. Oiseau de l'ordre des Échassiers, à taille élevée, qui habite les rivages des mers méridionales, et qui est ainsi nommé à cause de la belle couleur rouge de son plumage. On lui a donné aussi les noms de Phénicoptère et de Bécharu.
     
Créditos das Fotos:
Glowna Komisja Badania Zbrodni Przeciwko Narodowi Polskiemu, USHMM Photo Archives
Poland National Archives
Main Commission for the Investigation of Nazi War Crimes,  USHMM Photo Archives.
National Archives, USHMM Photo Archives 

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