- Sim majestade diga-me seu problema, conte-me desde o princípio.
- No princípio Eu criei o céu e a terra, todas as criaturas e a mesmo.
- Sim majestade, e então?
- Êste M..M..Moisés me incomoda desde o dia que veio ao mundo.
- E por que razão Sua Majestade?
- Êle é considerado o MAIS humilde de todos os humanos.
- Majestade, desculpe a intromissão, porém não lhe parece estranho Vossa Majestade ter criado o céu e a terra e ao mesmo tempo se incomodar tanto com o um humilde homem de D-us?
- Guardas! Prendam êste homem! Êle é louco!
A saga do Egito é uma aventura que atravessa os tempos – límpida como uma fonte – para nos alcançar exatamente neste fim de semana. Assim como uma fonte de água, ela guarda em si o mistério de revelar o que se esconde nas profundezas.
A mais de 3000 anos contamos esta história - pois carregada de conteúdo - levamos anos para perceber sua mensagem : É a nossa história de vida pessoal.
Mas qual a ligação?
Todo o Seder guiado pelo texto da Hagadá fala sobre o segredo da Liberdade que tanto ansiamos. Faraó mostra tamanho de nossa crença de que o mundo gira à nossa volta, de nossa autoridade absoluta ou nosso controle.
O Egito foi o berço do desenvolvimento máximo do ego. Alguém tem dúvidas?
Lá fomos escravizados .
Ao recontarmos esta história lembramos que o maior fator escravizador está dentro de nós mesmos: nosso prório ego e suas idéias faraônicas que conhecemos bem.
Pouco conhecemos o motivo que nos leva a repeti-lo, porém êle sempre nos lembra das idéias de liberdade e escravidão.
Ao confrontarmos o Faraó dentro de nós com Moisés e sua promessa de liberdade, estamos vivendo a saga descrita na Hagadá, desta vez não mais uma história contada, mas vivida.
Pois uma história contada só faz sentido quando há ouvintes que possam absorver dela o que tem a dar.
Se exatamente hoje cada um de nós não existisse para ouvir e viver esta história, o mundo estaria subtraído do maior de todos os sentidos da vida : o encontro da liberdade.
A liberdade se distancia de egos sólidamente construídos pelo tempo, mas se aproxima daqueles que encontram espaço dentro de si para perguntar : Ma Nishtaná? Como?
A resposta é que ainda precisamos de Moisés para nos guiar nesta jornada. Nos envolvemos tanto com nossas idéias faraônicas, que hoje conseguimos reconhecer bem o Faraó dentro de nós, mas não sabemos mais reconhecer o Moisés dentro de nós. Só êle conhece o que é liberdade e transcendência.
É uma benção que recebemos poder ter a Hagadá de Pessach para nos lembrar do que é importante.
Para poder nos reconectar com quem nós realmente somos.