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69º aniversário do Levante do Gueto de Varsóvia

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Memória da resistência

Qual é a importância de lembrar uma revolta que aconteceu há quase sete décadas, em meio à carnificina da Segunda Guerra Mundial ? Por que insistir em não esquecer ?
       
Há muitas razões. O Levante do Gueto de Varsóvia, iniciado na primeira noite do Pessach de 1943, mudou o padrão secular de acomodação às perseguições, seguida pelos Judenrats de todos os guetos. Como bem disse o historiador Raul Hilberg, a revolta foi uma revolução na história judaica. Depois de dois mil anos de submissão e resignação, os judeus voltavam à resistência armada.
       
Em termos estritamente militares, o Levante teve pouca importância. Causou dezesseis mortos e oitenta e cinco feridos entre os nazistas e seus colaboradores. No entanto, há aspectos mais complexos a se destacar. Muito antes de se evidenciar o fracasso da política de conciliação do Judenrat de Varsóvia, grupos de militantes políticos dentro do gueto começaram a construir uma reação armada. Unificaram-se na ZOB – Organização Combatente Judaica, sob o comando de Mordechai Anilevitch, cujo núcleo era composto principalmente pela esquerda sionista (Hashomer Hatzair) e não-sionista (comunistas e bundistas), e articulada com a resistência não-judaica de fora do gueto (durante o Levante, partisans comunistas conduziram ações armadas diversionistas fora do gueto). Esta unidade na ação é, sem dúvida, um dos grandes legados dos insurgentes, legítimos herdeiros dos macabeus.
       
Outra lição dos heróis de Varsóvia é a escolha correta do instrumento de luta. Nenhum povo submetido à opressão, seja ela de natureza colonial, racial, imperial ou econômica, tem a obrigação de limitar-se ao protesto retórico. A arma da política é fundamental e necessária, mas há circunstâncias em que ela é insuficiente. Isso foi válido em 1943, quando os que reverenciamos hoje escolheram a política das armas, e em muitos outros momentos históricos. Cada povo escolhe a melhor forma de resistir contra os que sufocam suas legítimas aspirações.

Na Hagadá tradicional do Pessach, há uma passagem que sugere que cada um sinta a saída do Egito como se fosse sua própria libertação. Nessa mesma linha, a revolta de 1943 é também nossa, como nossa é e será, sempre, a indignação contra todas as formas de injustiça e dominação.

Rio de Janeiro, 19 de abril de 2012
ASA – Associação Scholem Aleichem de Cultura e Recreação
CCMA – Centro Cultural Mordechai Anilevitch
CCHD – Centro de Cultura Habonim Dror
Hashomer Hatzair
ICIB – Instituto Cultural Israelita Brasileiro (São Paulo)
Meretz Brasil
ICUF – Federação das Entidades Culturais Judaicas da Argentina
ACIZ – Associação Cultural Israelita dr. Jaime Zhitlovsky (Uruguai)
Instituto Casa Grande
Algo a Dizer – Jornal de Cultura e Política
SINPRO RJ – Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região
       


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