A eliminação do chefe de um grupo radical palestino, atingido na sexta-feira por um ataque aéreo israelense, desencadeou uma nova onda de violência, marcada pela morte de 15 palestinos em Gaza e pelo disparo de cerca de 100 foguetes em direção a Israel.
Três palestinos que circulavam de moto foram mortos neste sábado em dois novos ataques aéreos israelenses no sul da Faixa de Gaza, elevando para 15 o número de mortos no território palestino desde sexta-feira à tarde, segundo fontes médicas locais. Foram as 24 horas mais violentas em Gaza desde a ofensiva israelense "Chumbo Grosso", durante o inverno entre os anos de 2008 e 2009.
Enquanto isso, segundo o Exército israelense, mais de 90 foguetes e obuses "de todos os tipos" caíram em 24 horas em território israelense disparados a partir do território palestino. Pelo menos quatro pessoas - sendo três trabalhadores agrícolas tailandeses, de acordo com a imprensa - ficaram feridas por projéteis no setor de Eshkol (sul), segundo os serviços de segurança israelenses.
Em represália, a aviação israelense lançou ataques contra "alvos terroristas". De acordo com um comunicado militar, o sistema de defesa antimísseis Iron Dome (Cúpula de Ferro) interceptou dez foguetes Grad lançados sobre as cidades de Beersheva, Ashdod e Ashkelon (sul de Israel).
As autoridades pediram à população local que ficasse próxima a abrigos. As partidas de futebol foram canceladas neste sábado no sul do país. A União Europeia manifestou a sua preocupação e exortou todas as partes a "evitar a escalada" e a "restabelecer a calma".
Esta onda de violência ocorre após a eliminação do secretário-geral dos Comitês de Resistência Popular, Zuheir al-Qaissi, e de um outro alto membro das CRP, Mahmud Hanani, mortos na sexta-feira à tarde por um ataque israelense no oeste da Cidade de Gaza.
Dez membros das Brigadas Al-Qods, braço armado de um outro movimento radical, a Jihad Islâmica, foram mortos em ataques aéreos --um em pleno centro da Cidade de Gaza, segundo esta organização.
Milhares de moradores de Gaza assistiram aos funerais neste sábado, jurando vingar "os mártires", principalmente em Rafah (sul), reduto dos CRP. Quatro pessoas ficaram feridas por tiros disparados por policiais israelenses durante as cerimônias em um cemitério no leste da Cidade de Gaza, próximo à fronteira com Israel, segundo fontes de segurança locais.
Os CRP, as Brigadas de Mártires de Al-Aqsa, grupo ligado ao movimento Fatah do presidente Mahmud Abbas, e as Brigadas Al-Qods da Jihad Islâmica reivindicaram a maioria dos disparos contra Israel na sexta-feira. O braço armado dos CRP, as Brigadas Al-Nasser Salaheddine, ameaçou Israel com uma "resposta-relâmpago" após a morte de seu líder.
O Exército israelense afirmou em um comunicado que os CRP são "responsáveis pela preparação de um ataque terrorista que deveria ser praticado no Sinai nos próximos dias". "A equipe fazia parte da infraestrutura terrorista utilizada para lançar ataques pela Península do Sinai e pela fronteira entre Israel e Egito".
Em 18 de agosto, homens armados passaram pela fronteira entre Israel e Egito e efetuaram vários ataques no deserto israelense de Neguev. Oito israelenses foram mortos, incluindo um soldado e um policial, e o Estado hebreu atribuiu os ataques aos CRP, que negaram.
O Hamas, que controla Gaza, impõe uma trégua com Israel, mas os combatentes de outros movimentos ainda disparam foguetes. Em um comunicado, o porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, denunciou neste sábado "uma perigosa escalada sem a menor justificativa". "O Hamas reafirma o direito de nosso povo à resistência e a se defender frente a esta agressão israelense", ressaltou.
O secretário-geral anterior dos CRP, Kamal al-Nayrab, e um chefe de seu braço armado, foram mortos no dia 19 de agosto em um ataque israelense em Rafah, seu bastião no sul da Faixa de Gaza, perto da fronteira com o Egito.