A decisão do Tribunal Supremo israelense de declarar inconstitucional a lei que exime do serviço militar obrigatório os judeus ultraortodoxos foi condenada nesta quarta-feira pelo grupo, mas não deve ameaçar a continuidade de seu apoio ao governo de Benjamin Netanyahu.
Eli Yishai, presidente do partido ultraortodoxo sefardita Shas, um dos aliados mais importantes do Executivo de coalizão, minimizou nesta quarta as especulações sobre uma possível crise de governo ao esclarecer que a decisão judicial não representará o fim automático de sua colaboração com Netanyahu.
O líder do Shas destacou que "a contribuição dos estudantes rabínicos ao povo judeu e ao Estado de Israel é óbvia para qualquer crente judeu". Na última noite, o Supremo revogou a lei que exime os jovens ultraortodoxos dedicados ao estudo da Torá dos entre dois e três anos que os demais israelenses, com exceção da minoria árabe, são obrigados a realizar o serviço militar.
A Corte considerou que a lei, aprovada em 2002 com o objetivo de integrar voluntária e gradualmente no Exército os chamados "estudantes eternos", era inconstitucional e discriminatória. A norma "viola o princípio de igualdade como parte do direito à dignidade", além de "não respeitar os critérios de proporcionalidade", argumentou a presidente do Tribunal Supremo, Dorit Beinisch, que acusou o Estado de não ter conseguido implementar a lei em seu conjunto.
Desde que a norma foi aprovada, de 61.877 pessoas, apenas 898 se alistaram e outras 1.122 aceitaram fazer um curto serviço social. A lei, que expirava em agosto e que o governo considerava renovar, permite aos ultraortodoxos escolher entre continuar com seus estudos ou se alistar para um serviço reduzido após completarem 22 anos.