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O judaísmo como uma comunidade étnica


B'H

Não basta àqueles que passam a fazer parte do Povo Judeu aprender somente as crenças e práticas da nova religião; eles também precisam se tornar parte de um grupo étnico. A conversão ao judaísmo leva um tempo maior de adaptação justamente porque há muitos outros fatores a serem incorporados. Após o tempo de aprendizado, muitos dos que se convertem se sentem como um peixe fora d’água quando passam a conviver dentro da comunidade judaica.

Para complicar um pouco mais as coisas, não há apenas uma referência étnica: no Brasil, por exemplo, cuja população judaica é composta de judeus ashkenazís (1) e sefaradís (2) — sem falar dos judeus marranos (ou bnei anussim) (3), cuja presença no Brasil remonta ao século XVI — a comunidade judaica incorporou ao seu dia-a-dia muitas expressões e ditados populares em yidish (4) ou em ladino (5). Conhecer algumas dessas expressões poderá acelerar o processo de adaptação à cultura judaica e ajudar o convertido a se entrosar melhor dentro de sua nova comunidade. Uma palavra em yidish resume bem essa necessidade: é preciso Yidishkeit, incorporar “o espírito judaico”.

Embora o espaço aqui seja escasso, daremos algumas dicas que poderão ajudá-lo(a) a incorporar esse espírito judaico.

(1) Além do hebraico necessário para fins religiosos, aprenda também alguns termos e expressões populares em hebraico, yidish e ladino. Para isso, preste atenção nas expressões utilizadas na convivência dentro da sua congregação, nos clubes ou em conversa com pessoas mais velhas.

(2) Para quem está nos EUA, o livro “The Joys of Yiddish” de Leo Rosten é particularmente engraçado e útil. Outros livros de expressões em yidish também podem ser úteis. No Brasil recomenda-se o livro “1001 Provérbios em Yidish” de Fred Kogos, uma divertida e instrutiva coletânea de provérbios em yidish (transliterado) e em português. Recomenda-se também o livro “Em Ladino” de Mishel Levy, uma coletânea de provérbios e expressões em ladino. Ambos estão disponíveis na Editora Sefer.

(3) Aqui vão algumas expressões em Yidish:

(a) Mensch ( pronuncia-se “mêntsh”): Uma pessoa de bem, decente. “Ele é um mensch” (Ele é “gente”).

(b) Schleper (pronuncia-se “shléper”): pessoa desleixada, que anda mal-vestida, cafona. “Aquele homem é um schleper” (Aquele homem é desleixado”).

(c) Mishiguine (pronuncia-se “mishíguine”). “Um louco”. “Isaac é um mishiguine, como ele pôde fazer aquilo?”.

(4) Aprenda os nomes (e sabores) de algumas comidas típicas. Inclua, entre outros, a chalá (pão trançado comido no Shabat), latkes de batata, guefilte fish, tsimes (acompanhamento de cenouras e ameixas secas), kreplach (massa recheada de carne) e latkes (panquecas de batatas gratinadas e frita em óleo). Outro prático típico judaico-israelense que não pode faltar é o faláfel (sanduíche com bolinhos fritos, homus, tahine, pepino azedo e salada, em pão sírio).

(5) Preste atenção nas expressões utilizadas por alguns atores e comediantes judeus. Há um toque especial de humor judaico que hoje em dia faz parte da identificação étnica judaica e que tem sido incorporado aos diálogos de inúmeros seriados e filmes americanos. Assim sendo, assistir a filmes, ler livros e ouvir música de temática judaica também pode ser útil.

Essas e outras atividades semelhantes com certeza farão o recém-convertido ao judaísmo se sentir mais à vontade com a sua identidade judaica.

Notas do tradutor:

(1) Ashkenazí: judeu cujos antepassados viveram na Europa Oriental (Rússia, Polônia, Bessarábia, etc).

(2) Sefaradí: judeu cujos antepassados viveram em Portugal, Espanha e países árabes.

(3) Judeus marranos ou bnei anussim: judeus que, durante a Inquisição em Portugal, Espanha e também no Brasil, foram convertidos à força ao cristianismo, porém mantiveram-se judeus secretamente e preservaram seus costumes dentro do lar. Também conhecidos como cripto-judeus (judeus secretos). A integração dos bnei anussim à comunidade judaica brasileira ainda é problemática, embora alguns avanços estejam começando a ocorrer nesse sentido.

(4) Yidish: dialeto judeu-alemão comumente falado pelos judeus ashkenazís.

(5) Ladino: dialeto judeu-espanhol comumente falado pelos judeus sefaradís.


Créditos:

Texto adaptado do site em inglês www.convert.org com a permissão de Barbara Shair
Tradução: Uri Lam
Edição: Adriana Lacerda
Adaptação para o judaísmo brasileiro: Uri Lam
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