"O primeiro-ministro está interessado em um encontro com o presidente da Autoridade Palestina em Nova York", indica o comunicado publicado a alguns dias do pedido de adesão total de um Estado palestino à ONU que Abbas deve apresentar na sexta-feira (23).
"Peço ao presidente da Autoridade Nacional Palestina que abra negociações diretas em Nova York, que continuarão depois em Jerusalém e Ramallah", na Cisjordânia, acrescentou, segundo o comunicado, reiterando uma posição conhecida do primeiro-ministro israelense.
Netanyahu deve viajar nesta terça-feira a Nova York para manifestar a "verdade" de Israel frente à reivindicação palestina.
Ele deve se reunir na quarta (21) com o presidente americano, Barack Obama, e fará um discurso na sexta-feira na tribuna da Assembleia Geral das Nações Unidas, no mesmo dia do presidente palestino.
O governo israelense, assim como os Estados Unidos, se opõem à iniciativa de Abbas, ao denunciar uma "iniciativa unilateral" por considerar que um Estado palestino não pode ser criado se não for com base em um acordo de paz com Israel.
PEDIDO À ONU
Abbas disse nesta segunda-feira estar sob "imensa pressão" contra a apresentação do pedido à ONU, mas que não desistirá.
Abbas confirmou nesta segunda-feira ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que na próxima sexta-feira (23) apresentará o pedido de adesão de seu país à organização.
Seth Wenig/Associated Press | ||
Líder palestino, Mahmoud Abbas, cumprimenta secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon |
Após a recepção da solicitação de admissão da Palestina como integrante número 194 das Nações Unidas, Ban terá que enviá-la ao Conselho de Segurança que, por sua vez, estudará o pedido e se pronunciará a respeito.
Para que o pedido de Abbas possa tramitar, é necessário que tenha o apoio propício de nove dos 15 integrantes do Conselho, e nenhum veto dos cinco permanentes (EUA, França, Reino Unido, China e Rússia), o que não deverá ocorrer, já que Washington diz que vetará a proposta.
O secretário-geral da ONU reiterou ao presidente da ANP seu apoio à solução do conflito que israelenses e palestinos enfrentam há mais de meio século mediante a criação de dois Estados que possam coexistir em paz.
O plano inicial dos palestinos era o reconhecimento como Estado-membro pleno da ONU, o que só é possível com a aprovação do Conselho de Segurança. Os EUA, aliado histórico de Israel e um dos cinco países com poder de veto, já declarou que não deixará a proposta passar.
A segunda opção, mais provável, é que Abbas peça o reconhecimento como um Estado observador não membro -como o Vaticano. Para isso, os palestinos precisam da aprovação de metade da Assembleia Geral, na qual afirmam ter cerca de 120 dos 193 votos.
Este reconhecimento permite aos palestinos fazer parte de agências e assinar estatutos da ONU. Na prática, eles poderiam levar Israel para o Tribunal Penal Internacional por suas ações nos territórios palestinos.
NEGOCIAÇÕES
Israel condena o voto palestino como abandono das negociações, que defende ser o único caminho para a criação de um Estado.
"Os palestinos podem argumentar que é necessário tentar de outra forma após 20 anos de fracasso, mas nós também estamos frustrados. Queremos que eles aceitem que somos um Estado judeu e voltem às negociações", defende Paul Hirschson, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores de Israel, em entrevista a jornalistas brasileiros em Jerusalém.
Xavier Abu Eid, negociador da Organização pela Libertação da Palestina (OLP), afirma que a questão é ganhar mais força na mesa de diálogo.
"Palestina será um território sob ocupação e cada agressão será um incidente internacional entre dois Estados membros das Nações Unidas", afirma a jornalistas em Ramalah, na Cisjordânia.
O reconhecimento na ONU permite ainda, segundo Abu Eid, que os palestinos troquem a mediação dos EUA por uma conferência internacional e multilateral.
"Ser um Estado abre incontáveis janelas e todas com um objetivo: colocar mais pressão internacional para Israel saber que a ocupação não é mais viável", diz.