Israel não está preparado para votação de Estado palestino, diz relatório

Israel não está preparado para enfrentar as consequências diplomáticas internacionais de uma resolução na ONU a favor da criação do Estado palestino, segundo um relatório parlamentar divulgado a três semanas da votação. O relatório, produzido a pedido da Comissão de Relações Exteriores e Segurança do Parlamento israelense e citado pelo diário "Ha'aretz", reflete um ambiente de pessimismo pelo isolamento diplomático que Israel pode ter de enfrentar quando em 20 de setembro os palestinos apresentarem sua questão na ONU.

 Conforme os cálculos do governo palestino de Ramala, a resolução pode obter na Assembleia Geral mais de 130 votos a favor, enquanto no Conselho de Segurança será a princípio vetado pelos Estados Unidos, um de seus cinco membros permanentes. Segundo o relatório parlamentar, encomendado pelo chefe da Comissão, Shaul Mofaz, do partido de oposição Kadima, "o governo não impediu o que podia ter sido impedido, e depois fracassou na hora de se preparar" para as consequências.

 Nos últimos meses a comissão seguiu de perto a evolução dos preparativos mediante consultas com altos comandantes dos serviços de segurança e dirigentes do governo, entre eles o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e o titular da Defesa, Ehud Barak. Zofaz indica em um breve comunicado que as conclusões do relatório são "um sinal de advertência aos líderes israelenses".

 Entre as possíveis consequências avistadas pelos serviços de inteligência estão não só o isolamento de Israel no cenário internacional, mas uma possível revolta popular nos territórios ocupados palestinos que, se evoluir para um banho de sangue, levaria à piora da imagem deste país na opinião pública mundial.

 Segundo o relatório, Israel deveria ter oferecido há tempos "uma alternativa política" que tivesse permitido aos EUA reativarem as negociações de paz e, com isso, bloquear o caminho dos palestinos em direção à ONU após 11 meses de detenção brusca nas negociações.

 O único aspecto elogiado pelo relatório é a preparação dos serviços de segurança, e em particular do Exército, para enfrentar possíveis distúrbios civis na Cisjordânia e provenientes de Gaza.