![]() |
"sem que ninguém perceba, está surgindo uma geração de extremistas islâmicos no país (Brasil)" |
Por ter acontecido um dia depois do atentado contra a
sede da comunidade judaica da Argentina, AMIA, no qual foram mortas 85 pessoas e
outras centenas acabaram feridas, este fato brutal não conseguiu chamar a devida
atenção de países além do Panamá e da América Central. Mas marcou a terceira
intervenção sangrenta de terror islamita na América Latina, depois do atentado
contra a embaixada de Israel em Buenos Aires, em 1992.
Desde então, foram várias sinalizações de oficiais,
acadêmicos especializados e meios de comunicação sobre a inquietante presença de
integrantes do Hezbollah na região. No início do mês de julho, Roger Noriega,
ex-subsecretário de Estado para a América Latina disse, fazendo referência ao
Hezbollah, diante da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, que "podem
ser identificadas 80 células operárias em 12 países da região". Em abril, a
revista Veja informou a presença de 20 membros de grupos extremistas no Brasil.
Segundo a publicação, integrantes da Al Qaeda, Hamas e Hezbollah operam em solo
brasileiro, de onde arrecadam dinheiro, difundem propaganda, recrutam militantes
e planejam atentados. O próprio procurador-geral do Brasil advertiu que "sem que
ninguém perceba, está surgindo uma geração de extremistas islâmicos no país". Em
2006, o Departamento do Tesouro denunciou uma rede de arrecadação de fundos para
o Hezbollah na zona da Tríplice Fronteira entre Argentina, Brasil e Paraguai,
assim como no norte do Chile. Anos atrás, o Comando Sul do exército dos Estados
Unidos informou que o Hezbollah arrecadava, pelo menos, US$ 300 milhões
anualmente na América Latina.
A prisão, que ocorreu no ano passado em Tijuana, de
Jameel Nasr, alegado como responsável das operações do Hezbollah no México,
levou a questionamentos a possível ligação entre o grupo libanês e os cartéis
mexicanos de drogas, hábeis infiltradores da fronteira com o vizinho do norte. A
ilha Margarita, na Venezuela, foi assinalada por especialistas como uma base de
atividades do Hezbollah. O patrão desse agrupamento, a república iraniana,
sente-se confortável na zona que seu ministro da Defesa, sob mandado de captura
internacional pela INTERPOL devido ao seu envolvimento no atentado contra a
AMIA, teve permissão de visitar no mês passado, a Bolívia, em viagem oficial. O
presidente Mahmoud Ahmadinejad visitou, pelo menos, cinco países da região nos
últimos anos e tem recebido seus correspondentes em Teerã.
Os esforços do grupo terrorista libanês de se introduzir
na América Latina podem ser vistos, também, no acordo firmado com o Estado
espanhol em 2004 para a difusão via satélite da programação de seu canal de
televisão, Al Manar, destinada à América Latina. Sob fortes pressões
internacionais, a Espanha cancelou tais transmissões posteriormente. No início
de 2009, foi celebrado no Líbano o "Fórum Internacional de Beirute para a
Resistência, Anti-imperialismo, Solidariedade entre Povos e Alternativas", que
reuniu centenas de autoridades, até mesmo da América Latina. Este encontro,
organizado pelo Hezbollah, visava reforçar o "Primeiro Congresso Internacional
de Literatura Latino-americana" de 2007, patrocinado pelo governo do
Irã.
Irã e Hezbollah têm sido ativos na América Latina por
vários anos. À luz desta realidade e do perigo que suas atividades trazem para
cá, da mesma forma que criaram a Revista do Oriente Médio - um editorial em
espanhol da publicação estado-unidense -, é impressionante a escassa atenção
pública quanto ao tema em questão. Enquanto que a Argentina e o Panamá acabam de
comemorar um novo aniversário dos atentados impunes, cabe a nós esperarmos que o
resto das nações latino-americanas advirtam sobre o alerta
vermelho.
Fonte: Julián Schvindlerman, de Por
Israel
Tradução: Jônatha Bittencourt - Cessar-Fogo / Olho na Jihad