Jerusalém (Israel) - O vice-primeiro-ministro israelense e
titular de Assuntos Estratégicos, Moshé Yaalon, afirmou nesta
quinta-feira que não haverá uma solução "no futuro próximo" ao conflito
com os palestinos e considerou que os israelenses podem "sobreviver" sem
qualquer tipo de acordo.
Em um encontro com meios de comunicação estrangeiros em Jerusalém,
entre eles a Agência Efe, Yaalon afirmou que inclusive nos Estados
Unidos "ninguém pensa que possa se chegar a um acordo em um futuro
próximo", o que não é empecilho para que "possam fazer muitas coisas"
relacionadas ao assunto.
"Em qualquer caso, estamos melhor que há 40 anos sem necessidade de
nenhum tipo de acordo", declarou, ressaltando que o reconhecimento do
Estado judeu representa um "pilar básico" para qualquer negociação.
Neste sentido, Yaalon destacou que o Governo israelense está
"disposto a negociar qualquer coisa, mas não a debater primeiro sobre
concessões territoriais deixando para o final questões fundamentais como
o reconhecimento do Estado judeu".
O vice-primeiro-ministro acusou os dirigentes palestinos de "não
estarem dispostos" a se sentar à mesa de negociações e de ter feito
"todo o possível" para evitar qualquer acordo.
Em relação à intenção palestina de comparecer em setembro à ONU para
buscar seu reconhecimento como Estado, Yaalon opinou que se trata "mais
de uma ameaça que de uma opção" uma vez que os EUA manifestaram sua
oposição à questão no Conselho de Segurança.
"A opção da Assembleia Geral representará uma resolução declarativa
sem nenhuma influência no terreno", disse, embora não tenha descartado
que essa votação possa criar "falsas expectativas" que degenerem em
violência.
Mesmo assim, Yaalon considerou que "não há razão do ponto de vista
econômico e social" para que a população palestina se mobilize na rua no
que alguns consideram que poderia causar uma terceira intifada.
Já sobre a posição europeia em uma possível votação na ONU, o
vice-primeiro-ministro reconheceu que ainda "não está clara" a atitude
que adotarão países como Reino Unido, França e Espanha e declarou que
existem "alguns casos perdidos" para o apoio israelense na Europa.
Yaalon também considerou que não haverá maneira de estabilizar o
Oriente Médio sem resolver o "problema do Irã", país que "desestabiliza
toda a região" e cuja influência pode ser percebida no Afeganistão,
Iraque, Barein, Iêmen, Síria, Líbano e inclusive nos territórios
palestinos.
"Sem convencer o regime iraniano que no Ocidente há uma determinação
clara, liderada pelos EUA, de exercitar a opção militar, o país seguirá
desestabilizando toda a região", afirmou.
Em relação à deterioração das relações com a Turquia após a morte de
nove ativistas turcos no ataque ao navio Mavi Marmara da primeira
Flotilha da Liberdade em maio de 2010, Yaalon descartou qualquer
possibilidade de reconciliação entre os países enquanto Ancara mantiver a
exigência que Israel apresente suas desculpas por essa ação.
"Não estamos dispostos a nos desculpar porque isso seria assumir
nossa culpabilidade, que não existe uma vez que nossos soldados atuaram
em legítima defesa", disse.
O vice-primeiro-ministro reconheceu, no entanto, que "podem haver"
diferenças no Executivo israelense em relação à apresentação de
desculpas à Turquia, embora tenha rejeitado que isso possa pôr em perigo
a estabilidade da coalizão de Governo, que qualificou de "muito forte".
As informações são da EFE