Depois da polêmica em que se viu envolvido no fim de semana, por sua conturbada participação na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), Claude Lanzmann resolveu explicar sua postura impaciente e rebater as críticas que recebeu do curador do evento, Manuel da Costa Pinto.
O cineasta francês - que veio ao Brasil lançar o livro "A lebre da Patagônia" (Companhia das Letras) e é reconhecido em todo o mundo como diretor do principal documentário sobre o Holocausto, "Shoah" - soube que Costa Pinto afirmara que ele havia feito "uma coisa nazista" pela forma deselegante como agiu em sua mesa na Flip. Na ocasião, sob mediação do professor Márcio Seligmann-Silva, Lanzmann se irritou e disse que poderia se levantar e abandonar o debate.
- Esse sujeito (Costa Pinto) é um estúpido. É uma vergonha ele dizer isso, logo eu, um inimi$dos nazistas. Eu dediquei a minha vida a revelar os abusos do Holocausto. Ele deveria ser demitido. Já o mediador queria demonstrar erudição às minhas custas. Ele queria mostrar o quanto era inteligente, mas eu estava ali para conversar com o público e falar do meu livro - diz Lanzmann, que durante a entrevista em São Paulo, onde participou na noite de ontem de um debate no Centro de Cultura Judaica, mostrou a mesma antipatia e rispidez que dedicou ao seu entrevistador na Flip.
Nascido em Paris em 1925, com 18 anos o autor lutava na resistência francesa contra os nazistas e pautou toda a sua vida à questão judaica e a expor as atrocidades do nazismo.