Obama exalta laços com Israel, mas volta a defender fronteiras pré-1967

Obama exalta laços com Israel, mas volta a defender fronteiras pré-1967

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Joshua Roberts/Getty Images/AFP
Joshua Roberts/Getty Images/AFP

Em discurso ontem na Aipac, o mais poderoso lobby pró-Israel dos EUA, o presidente Barack Obama manteve firme a posição adotada na quinta-feira e voltou a defender a criação de um Estado palestino tendo como base as fronteiras pré-1967, com os ajustes necessários que levem em consideração as transformações ocorridas nos últimos 44 anos.

Diplomacia. Obama tenta tranquilizar a comunidade judaica nos EUA em discurso realizado na conferência anual da Aipac, em Washington

Desta vez, o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, elogiou o discurso, diferentemente de sua declaração de sexta-feira, após encontro entre os dois na Casa Branca, quando criticou a proposta de estabelecer as fronteiras pré-1967. A mudança ocorreu porque o presidente americano colocou a questão das fronteiras como "base", sem ser necessariamente a linha divisória final entre os dois Estados.




"As fronteiras entre Israel e Palestina devem ter como base as linhas de 1967, com trocas mútuas de territórios, para que fronteiras seguras e reconhecidas sejam estabelecidas entre os dois países. O povo palestino precisa ter o direito de se governar e de atingir seu potencial em um Estado soberano e contínuo", disse Obama.


As fronteiras pré-1967 se referem à linha divisória entre Israel e os territórios palestinos da Cisjordânia e Faixa de Gaza, que até então estavam nas mãos de Jordânia e Egito, respectivamente


Bastante aplaudido por muitos líderes da comunidade judaica americana, Obama tentou esclarecer ainda mais o que disse no discurso da semana passada, interpretado por muitos como uma defesa das fronteiras pré-1967, consideradas "indefensáveis" pelo governo israelense.


"Deixem-me reafirmar o que as linhas pré-1967 com trocas mutuamente acordadas significam. Por definição, quer dizer que os dois lados - israelenses e palestinos - negociarão uma fronteira que será diferente da existente em 4 de junho de 1967 (quando Israel ocupou os territórios na Guerra dos Seis Dias). Isto quer dizer troca acordada. É uma fórmula que funcionou por uma geração, pois permite aos dois lados levarem em conta as mudanças ocorridas nos últimas 44 anos", afirmou o presidente.


Com a proposta, defendida por muitos especialistas, Israel teria condições de manter os principais blocos de assentamentos próximos às linhas de 1967, em troca de terras desabitadas, do mesmo tamanho, em outras áreas, que seriam entregues aos palestinos como compensação.


O presidente advertiu que três fenômenos podem isolar ainda mais Israel: o crescimento da população palestina, o uso de novas tecnologias, dificultando da defesa dos israelenses sem um acordo de paz, e uma geração de jovens árabes que estão transformando a região.


Obama também criticou, mais uma vez, a iniciativa da Autoridade Palestina de buscar reconhecimento unilateralmente na Assembleia Geral da ONU, em setembro, garantindo a Israel que vetará qualquer resolução sobre o tema.
O americano também exigiu que o Hamas reconheça o Estado israelense, afirmando não ser possível negociar com uma organização terrorista. Para completar, pediu a libertação do soldado Gilad Shalit, preso há cinco anos na Faixa de Gaza por militantes palestinos.
Em tom bem diferente do adotado na quinta-feira, Netanyahu disse ter "gostado do discurso de Obama na Aipac". O premiê israelense falará hoje na mesma organização, um dia antes de fazer pronunciamento para o Congresso dos EUA, a convite de parlamentares republicanos.


Netanyahu também afirmou querer trabalhar com Obama em busca de um acordo no Oriente Médio. Na imprensa americana, há especulações de que o presidente não crê que o líder israelense esteja realmente interessado na paz.
Saeb Erekat, principal negociador palestino, disse que Netanyahu precisa aceitar a proposta de Obama e retomar as negociações de paz, mas não comentou os trechos em que o presidente mencionou o Hamas, grupo extremista que reatou relações com os moderados do Fatah há um mês.


PARA ENTENDER


As razões de Bibi
A posição de Binyamin Netanyahu reflete a retórica da extrema direita israelense, que participa de sua frágil coalizão de governo. Para essa corrente, a retirada dos 300 mil judeus que vivem nos assentamentos da Cisjordânia - cujo crescimento demográfico está diretamente ligado à política de colonização do Estado israelense desde 1967 - é inviável. Além disso, o retorno às fronteiras pré-1967 colocaria em risco a segurança dos israelenses.


As razões de Obama


A proposta de retorno às fronteiras anteriores a 1967 tem como base a Resolução 242 da ONU, aprovada no mesmo ano, e nos acordos entre palestinos e israelenses de 1994 - que admitem a possibilidade de compensação territorial em troca da manutenção de alguns assentamentos. 

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