O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, faz discurso um dia após acordo assinado com o Fatah.
GAZA - O líder do Hamas na Faixa de Gaza, Ismail Haniyeh, pediu nesta quinta-feira, 5, que as diversas facções palestinas no território mantenham o cessar-fogo com Israel para que o Fatah "tenha uma chance" de estabelecer a paz com as autoridades israelenses, informa o jornal Haaretz.
"Peço que uma chance seja dada ao futuro governo mantendo o acordo de cessar-fogo", disse Haniyeh, um dia depois de o Hamas, o Fatah e outras facções palestinas assinarem um acordo de reconciliação na capital do Egito. O pacto, mediado pelo Cairo, oferece uma nova estratégia para que a paz seja negociada com Israel, embora o Estado judeu rejeite a aproximação com o Hamas.
O cessar-fogo ao qual Haniyeh se refere foi acordado em abril. Logo após ser anunciado, porém, houve uma nova escalada da violência entre Israel e algumas facções, que trocaram disparos de mísseis. Houve algumas mortes e dezenas de pessoas ficaram feridas nos incidentes.
O líder do Hamas pediu que a comunidade internacional também faça sua parte e trabalhe em conjunto com o novo governo palestino de unidade. "Boicotes e sanções econômicas fazem parte da política do fracasso", disse.
Israel, os EUA e outras nações expressaram preocupação com a possibilidade de o Hamas se unir ao governo da Autoridade Palestina, comandada pelo presidente Mahmud Abbas. A facção não reconhece o direito de existência do Estado de Israel e é considerada uma organização terrorista por vários governos devido aos ataques e disparos feitos contra israelenses.
'Clareza'
Também na quinta, o premier israelense, Benjamin Netanyahu, pediu em Paris que o Hamas esclareça sua posição com relação a Israel, antes que o processo de paz possa ser retomado. Falando a jornalistas após uma reunião com o presidente Nicolas Sarkozy, Netanyahu acusou o Hamas de desejar a criação de um Estado palestino para perseguir seu objetivo de destruir Israel, em vez de conviver em paz.
"A ideia não é estabelecer um Estado palestino para continuar o conflito, como quer o Hamas. A ideia é estabelecer um Estado palestino para acabar com o conflito", disse Netanyahu. "Acho que a clareza é necessária, porque na verdade o que está em discussão hoje é criar um Estado palestino a fim de melhorar as posições a partir das quais o Hamas pretende jogar Israel no mar".
Na quarta-feira, em Londres, Netanyahu qualificou o pacto de unidade entre as facções Hamas e Fatah como "um tremendo golpe para a paz".
Com Reuters