Eduardo Saverin, o judeu brasileiro que ajudou a fundar o Facebook

Eduardo Saverin, o judeu brasileiro que ajudou a fundar o Facebook

magal53
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Eduardo Saverin (esq.) e Mark Zuckerberg (dir.) aparecem juntos com colegas de Harvard

Ainda que o Facebook nĆ£o esteja entre os sites mais usados por brasileiros, um paulistano chamado Eduardo Saverin foi uma das figuras centrais na criaĆ§Ć£o da rede social mais popular do mundo – o site jĆ” ultrapassa os 500 milhƵes de usuĆ”rios, contra cerca de 85 milhƵes do Orkut. A estreia nos EUA do filme "A Rede Social", baseado no livro “BilionĆ”rios por acaso - A criaĆ§Ć£o do Facebook”, tirou o brasileiro de seu "quase" anonimato.

Saverin Ć© uma das principais fontes utilizadas pelo escritor Ben Mezrich (no filme que estreia no Brasil em dezembro, ele Ć© interpretado por Andrew Garfield, o futuro Homem Aranha). O longa ganhou repercussĆ£o bem maior que o livro, ao mostrar Mark Zuckerberg, diretor-executivo do Facebook,  como um jovem nerd e brilhante tentando "se dar bem" com as garotas da universidade e passando por cima dos amigos cofundadores do Facebook – especialmente Saverin. Os dois tiveram grandes divergĆŖncias quando a rede social comeƧou a crescer rapidamente, assim como seu potencial como fonte de dinheiro rĆ”pido.

As informaƧƵes disponĆ­veis sobre o brasileiro estĆ£o presentes principalmente no livro “BilionĆ”rios por acaso” e em seu perfil na rede social que ele mesmo ajudou a criar. Saverin Ć© resistente a entrevistas – e, por isso, ele surpreendeu a todos quando rompeu o silĆŖncio, na semana passada, com um post publicado no blog de convidados da rede "CNBC".

Mas Saverin nĆ£o usou o espaƧo para fazer crĆ­ticas a Zuckerberg ou contar sua versĆ£o dos fatos. No texto escrito em inglĆŖs (ele cresceu em Miami e estudou em Boston), o brasileiro afirmou que a experiĆŖncia de se ver retratado na tela do cinema era um tanto estranha e que assistiu ao vĆ­deo com "espanto e sem resistĆŖncia". Depois de tudo, disse ter percebido que "o filme tinha a clara intenĆ§Ć£o de ser uma diversĆ£o e nĆ£o um documentĆ”rio baseado em fatos reais".

"Espero que o filme inspire muitas outras pessoas a criar e dar um salto em novos negĆ³cios. Com um pouco de sorte, elas poderĆ£o mudar o mundo", conclui o bilionĆ”rio.
Do Brasil para os EUA

Apesar de ter nascido no Brasil, o vĆ­nculo de Saverin com o paĆ­s Ć© tĆŖnue. Ele nasceu em marƧo de 1982 em SĆ£o Paulo, mas em 1993 foi morar com a famĆ­lia em Miami, nos Estados Unidos, paĆ­s onde permanece atĆ© hoje. O motivo, segundo o livro “BilionĆ”rios por acaso”, foi a descoberta que Eduardo Saverin estava na lista de “possĆ­veis sequestrados”, em funĆ§Ć£o da riqueza de seu pai.

Em 2003, Saverin iniciou o curso de Economia na universidade de Harvard. Foi lĆ” onde conheceu Mark Zuckerberg, logo que entrou no curso. No ano seguinte, eles fundaram o “Thefacebook”, que mais tarde tornaria-se a maior rede social do mundo.

Eduardo Saverim - Coisas Judaicas
Zuckerberg, estudante de CiĆŖncia da ComputaĆ§Ć£o, jĆ” tinha experiĆŖncia na criaĆ§Ć£o de outras duas redes sociais embrionĆ”rias (a Coursematch, que permitia aos alunos verem listas dos matriculados na universidade, e a Facemash, rede que “media” a atratividade dos estudantes).
O “Thefacebook” fez grande sucesso entre os estudantes de Harvard em pouco tempo: em 24 horas, havia 1,2 mil inscritos, segundo o jornal "The Guardian". Em um mĆŖs, metade dos alunos da graduaĆ§Ć£o jĆ” utilizava a rede. Com a abertura a outras universidades, a rede social acabou crescendo num ritmo rĆ”pido.

O perfil oficial dos fundadores, no prĆ³prio Facebook, diz que “Eduardo” administrou o desenvolvimento de negĆ³cios e aspectos comerciais da rede social em seus primeiros anos.
Os problemas vieram quando os dois comeƧaram a divergir quanto ao rumo da rede social, conforme escreveu David Kirkpatrick, autor do livro "The Facebook Effect: The Inside Story of the Company That Is Connecting the World" (ainda nĆ£o disponĆ­vel em portuguĆŖs). Enquanto Zuckerberg queria “engordar” o “Thefacebook” com mais usuĆ”rios, Saverin era a favor de “engordar” as receitas do site, com a inserĆ§Ć£o de mais espaƧos publicitĆ”rios.

Sem chegar a um acordo sobre o futuro da rede social, Saverin deixou a empresa e continuou os estudos em Harvard. Enquanto isso, Zuckerberg largou a faculdade e mudou-se para a CalifĆ³rnia.

Um ano depois, o Facebook processou Saverin, alegando interferĆŖncia do brasileiro nos negĆ³cios da empresa. De acordo com a "Forbes", o intuito era diminuir sua participaĆ§Ć£o nos ganhos totais. Ele processou a rede social de volta, depois de ver a participaĆ§Ć£o de 30% no capital do Facebook ser reduzida para menos de 10%. Saverin ganhou a aĆ§Ć£o judicial e mantĆ©m atĆ© hoje 5% nos ganhos da empresa. Ainda segundo a "Forbes", o brasileiro Ć© o 356Āŗ homem mais rico do mundo, com uma fortuna estimada em US$ 1,15 bilhĆ£o.

    * Arquivo pessoal/Facebook

 O Facebook processou Saverin, alegando interferĆŖncia do brasileiro nos negĆ³cios. Ele processou a rede social de volta, depois de ver a participaĆ§Ć£o de 30% no capital do Facebook ser reduzida para menos de 10%. Ganhou a aĆ§Ć£o e mantĆ©m atĆ© hoje 5% nos ganhos.

VocĆŖ sabia?

De acordo com o livro “BilionĆ”rios por acaso”, ainda no tempo de universidade Saverin ganhou US$ 300 mil ao negociar petrĆ³leo. Na Ć©poca, ele fazia parte da AssociaĆ§Ć£o de Investidores de Harvard.

Eduardo mantĆ©m dois perfis no Facebook: um pessoal e outro pĆŗblico. No pessoal, ele revela que entre seus filmes favoritos estĆ£o "Anjos e DemĆ“nios", "KaratĆŖ Kid" e "This is it", que mostra os Ćŗltimos detalhes da turnĆŖ de Michael Jackson. Quanto aos programas de TV favoritos, Eduardo lista o "The Oprah Winfrey Show" e o "60 minutes", atraĆ§Ć£o jornalĆ­stica da CBS. 

No profissional, hĆ” apenas algumas fotos dele e grupos de discussĆ£o de internautas.
Ao chegar aos Estados Unidos, Saverin estudou em um colĆ©gio preparatĆ³rio para entrar em Harvard chamado Gulliver Schools. Blake Ross, um dos criadores do Mozilla Firefox, tambĆ©m estudou na mesma instituiĆ§Ć£o.
Eduardo Saverin e Mark Zuckerberg faziam cursos diferentes em Harvard. No entanto, um dos motivos que levou Saverin a aproximar-se dele foi um boato que Zuckerberg havia recusado um convite para trabalhar na Microsoft.  A especulaĆ§Ć£o era que a empresa pagaria entre US$ 1 milhĆ£o e US$ 2 milhƵes para Zuckerberg, quando ele ainda cursava o equivalente ao ensino mĆ©dio.

O primeiro investimento no Facebook foi de US$ 1 mil de Eduardo Saverin para comprar servidores. Na Ć©poca, a rede social era restrita a usuĆ”rios de Harvard. O objetivo da rede era integrar os alunos da instituiĆ§Ć£o.

Segundo Ben Mezrich, autor do livro “BilionĆ”rios por acaso”, inicialmente 70% do Facebook era de Mark Zuckerberg e o restante de Eduardo Saverin. ApĆ³s processos judiciais, hoje estima-se que Saverin tenha 5% das aƧƵes da empresa.

Eduardo Saverin, diferente de Zuckerberg, seu antigo sĆ³cio, terminou o curso em Harvard. Ele formou-se em Economia com “altas honras” (ou magna cum laude). Esse tĆ­tulo, usado em algumas universidades, diz respeito Ć  pontuaĆ§Ć£o do aluno. “Magna cum laude” Ć© o nĆ­vel intermediĆ”rio entre “com honras” (cum laude) e “mĆ”ximo com louvor” (summa cum laude).

EugĆŖnio Saverin, avĆ“ de Eduardo, era alemĆ£o e veio refugiado para o Brasil. Em 1952, ele fundou a Tip Top, marca de roupas infantis, e trouxe para o mercado um dos primeiros modelos de macacĆ£o para crianƧa. Em 1987, EugĆŖnio vendeu a empresa para o grupo TDB, que atĆ© hoje controla a marca.

Os pais de Eduardo Saverin sĆ£o Roberto e Sandra Saverin. Roberto, inclusive, chegou a trabalhar com o pai, EugĆŖnio Saverin, na fĆ”brica de roupas infantis.
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