Por José Chvaicer – Haifa - Israel
Neste mundo megacolorido de sabores, produtos, imagens, cheiros, formas e sons, nos restam pouco espaço na mente para sentir e se emocionar, e por vezes, nos ''encontramos'' perdidos num super-materialismo cibernético ou concreto, numa orgia consumista dos nossos cinco sentidos, dia após dia.
Já houve até os que quiseram nos fazer consumir ao dormir,... lembram da Hipnopédia? Alvin Tofler, nos anos 70, já havia definido tal situação como over-stimulation throw-away society. Neste cenário de todos, o que mais poderia nos emocionar hoje em dia?
Pois há duas semanas fui com meu irmão e namorada de visita a Israel, jantar no Restaurante Blackout, no porto de Yaffo. Um restaurante operado por cegos. Todos os garçons e garçonetes, árabes e judeus, 100% cegos.
E sendo previamente reservado, com inglês fluente. Você entra no mundo deles. Seu jantar é oferecido num ambiente TOTALMENTE ausente de qualquer luz. Você recebe um guarda-objetos para deixar todos os seus apetrechos luminosos do lado de fora, seja celular, relógios fluorescentes e tal.
O ambiente é agradável e calmo. Os garçons são seus olhos. Eles te levam até a cadeira, te ajudam a sentar, a achar o prato, os copos e os talheres. A comida nota 10. Alias você pode escolher o seu prato entre três opções suculentas antes de entrar, ou deixar para ser surpresa, para que você mesmo descubra com auxilio do olfato, paladar e tato.
A sobremesa o mesmo. Eu me deliciei ao descobrir o delicioso ravióli de quatro queijos, o coquetel de abacaxi com morangos, e uma mousse de chocolate de lamber os dedos. Sim, pois você poderá comer com as mãos, uma experiência a parte, e literalmente lamber os dedos... afinal ninguém esta vendo!
Recomendo a quem mora na Terra Santa e quem visitar Israel, marcar com antecedência e desfrutar desta EMOCIONANTE jornada única. Trata-se de mais uma contribuição da criatividade Israelense ao mundo, desta vez no lado social, provendo ofício e inclusão ao deficiente, lazer e emoção ao cliente, sendo acessível a qualquer casta. E prestem atenção, tal inovação sabra-gastronômica, em breve será provavelmente copiada nos cantos mais chiques do mundo. Viva Israel!
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