Racismo provocou atentado nos EUA

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(JTA) – Um memorando do Departamento do 'Homeland Security (Segurança Interna)' dos EUA reporta que Gabrielle Giffords é judia ao descrever os motivos do agressor que atirou na congressista do Arizona.

A nota, obtida pela Fox News Channel, diz que Jared Lee Loughner mencionou a 'American Renaissance (O Renascimento Americano), que é um grupo extremista anti-imigrante, conforme suas próprias observações. "A ideologia do grupo é anti-governo, anti-imigração, anti-ZOG (Zionist Occupational Government = Governo de Ocupação Sionista), e anti-semita" diz o memorando enviado para as autoridades policiais, e também mencionando que Giffords, uma democrata, foi a primeira congressista judia eleita pelo estado do Arizona.

Loughner foi preso depois que Giffords e pelo menos outras 16 pessoas foram baleadas no sábado durante um evento de 'encontro com o seu parlamentar' em um Shopping Center em Tucson. Seis pessoas foram mortas, incluindo uma menina de 9 anos de idade e John Roll que é juiz federal. Loughner foi perseguido e preso. Giffords, uma democrata já no seu terceiro mandato, continua em estado crítico após ser baleada no crânio.

Loughner, que está preso pelo FBI e descrito pelas autoridades como "instável", teria dito na sua página no MySpace que o "Mein Kampf" e o "Manifesto Comunista" são os seus livros favoritos. Várias horas antes do ataque a tiros ele teria deixado uma mensagem de "Adeus amigos" que também dizia: "Por favor, não fiquem com raiva de mim".

Giffords comparecia ao seu tradicional evento "O Congresso Na Sua Cidade" realizado na porta de um supermercado Safeway em Tucson, que faz parte do seu distrito congressional, quando um homem armado se aproximou e imediatamente atirou nela. Um membro da equipe de Giffords, Gabe Zimmerman, judeu-americano de 30 anos e que organizou o evento foi uma das seis vítimas fatais.

Um cúmplice cuja imagem foi obtida através de uma câmara de vigilância no lado de fora do centro comercial também está sendo procurado, conforme os relatórios.

O Dr. Michael Lemole que é cirurgião no University Medical Center em Tucson – Arizona informou no domingo de manhã, em uma coletiva para a imprensa, que Giffords estava respondendo aos comandos dos médicos. Durante uma cirurgia de duas horas no sábado os médicos removeram os fragmentos ósseos do seu cérebro a fim de ajudar a reduzir o inchaço. A bala atravessou o lado esquerdo da sua cabeça, ele disse.

Giffords foi eleita para o Congresso na vitória democrata em 2006. A sua identidade judaica fazia parte da sua campanha. "Se você quer algo bem feito, o melhor é pedir para uma mulher judia para fazê-lo", Giffords, uma ex-senadora estadual, dizia na época. "As mulheres judias - pelas nossas tradições e pela forma como fomos criadas - têm a capacidade de compreender todas as razões por que algo deve ou não deve ser feito, e incentivar as pessoas para serem bem sucedidas".

Giffords, de apenas 40 anos, foi criada num ambiente "misto", por uma mãe cristã e pai judeu, mas ela disse que decidiu que era judia somente após visitar Israel em 2001. Ela comparecia aos serviços de uma sinagoga reformista local.

Em uma foto recente, ela posou com o novo porta-voz do Congresso Americano John Boehner (R-Ohio), quando prestou seu juramento de posse colocando sua mão sobre os Cinco Livros de Moisés.

Giffords travou no ano passado uma difícil batalha pela reeleição no meio de um sentimento nacional anti-Democrata. Ela se juntou à ala direita do seu partido em relação à imigração dizendo que a segurança nas fronteiras era uma questão essencial. A eleição foi decidida a seu favor semanas após a votação.

O gabinete de Giffords já havia sido vandalizado em março, depois que ela votou a favor da reforma do sistema de saúde. Seus amigos disseram que ela havia recebido ameaças por causa das suas posições sobre o sistema público de saúde e ao se opor a uma nova legislação que permitiria que a polícia prendesse imigrantes ilegais durante as suas atividades de rotina.

O 'National Jewish Democratic Council = Conselho Democrático Nacional Judaico' sugeriu que a retórica inflamada do ano passado contribuiu para o clima que levou ao ataque. "Um dos suspeitos, que já está preso, pode ser o responsável direto por este crime" afirmou o grupo em um comunicado.

 "Mas é justo que se diga - no clima político de hoje, e por causa da retórica política de hoje - que muitos têm contribuído para os níveis de causticidade  no discurso político do país, o que certamente contribuiu para a atmosfera no qual este evento transcorreu".