Yoram Shir, chefe da clínica de dor da McGill University Health Centre, diz que é hora de mudar o modelo atual da gestão da dor.
De acordo com importantes pesquisadores da dor o consumo de soja poderá desempenhar um papel vital no controle da dor. Yoram Shir tem sido um pioneira em estudos com roedores em universidades, tanto em Israel como nos Estados Unidos, antes de vir para a Universidade McGill.
De acordo com Shir os cientistas já sabem que a soja é elemento chave na redução da dor em ratos, mas eles recentemente estão verificando que o seu efeito analgésico fica ainda mais notável quando os ratos receberam uma dieta rica em soja antes da lesão de um nervo. Parecia que a soja estava protegendo-os de desenvolverem a dor. "Os resultados do estudo foram tão robustos que eu não acreditei neles" disse Shir. "Então eu repeti o estudo e os resultados foram ainda melhores".
De acordo com Shir já era tempo de se modificar o atual modelo do controle da dor, que utiliza os tratamentos tradicionais com opiáceos e morfina que são aplicados depois que o paciente sente a dor e então procura ajuda médica. "São inúteis, pois uma vez que a dor crônica se estabelece se torna uma doença incurável, em certa medida" disse Shir. "Eu já tratei de centenas de pacientes... Então a proposta é tentar impedir que a dor crônica se estabeleça e com este objetivo é que investiremos nossos esforços e dinheiro".
Estatísticas do 13 º Congresso Mundial sobre Dor, recentemente realizado em Montreal, propõem que uma em cada cinco pessoas sofrem de dor que se prolonga por mais de três meses e muitos ficam gravemente incapacitados por ela, de acordo com o The Vancouver Sun.
As ligações entre dieta e saúde, em doenças como o câncer, doenças cardiovasculares e depressão estão bem estabelecidas diz Shir, e existe uma correlação semelhante entre a dieta e a dor. Mas, antes de incentivar as pessoas de se empanturrarem com produtos de soja, a equipe de Shir na Unidade de Controle da Dor Alan Edwards está desenvolvendo um estudo em grande escala e utilizando o procedimento ‘duplo-cego’ em humanos para a replicação dos resultados obtidos com ratos.
A equipe de investigação planeja um período de três anos para o exame dos benefícios da soja na prevenção da dor crônica nas mulheres, especialmente para aquelas que se submeteram recentemente à cirurgia de câncer de mama. Metade das participantes do estudo receberá proteína de soja e metade irá receberá suplementos de proteína do leite.
Os participantes deverão substituir diariamente de 40 a 50 gramas da quantidade de proteína que consomem usualmente com soja (ou placebo) durante duas semanas antes da cirurgia, e receberão assistência de uma nutricionista para a programação das refeições.
Os pesquisadores esperam constatar que uma dieta de soja servirá para diminuir o número de mulheres com dor crônica pós-cirúrgica em até 50%, em comparação com o grupo de controle que recebeu um suplemento de leite. A pesquisa de Shir é financiada por uma dotação do Instituto Nacional de Saúde dos EUA.
A dor crônica após a cirurgia de câncer de mama é a causa mais comum de sofrimento de longo prazo em mulheres diagnosticadas com câncer de mama, com uma incidência que pode ser de mais de 50%.
Esta dor especifica pode ser resistente ao tratamento e durar anos. "Se pudermos demonstrar que uma dieta pré-cirúrgica rica em soja é segura e eficaz para a prevenção da dor pós-cirúrgica crônica, as implicações clínicas serão significativas e poderão ajudar muitas mulheres em todo o mundo" afirmou Shir.
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