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Hezbollah quer mais poder político


Elizabeth A. Kennedy - Associated Press

Beirute - O Hezbollah, que já é a mais potente força militar do Líbano, está tentando expandir seu poder político, nomeando um aliado como primeiro-ministro depois de ter derrubado o governo. Se o grupo militante xiita obtiver sucesso, o Hezbollah e seus patrocinadores - o Irã e a Síria - terão muito mais influência neste volátil canto do Oriente Médio - algo que Washington tem trabalhado para evitar. “Eles terão provado que podem dominar o Líbano sem usar suas armas”, disse Paul Salem, diretor do Centro Carnegie para o Oriente Médio, em Beirute, à Associated Press. 

Mas o sucesso não é garantido. Depois que o Hezbollah e seus aliados deixaram o governo na quarta-feira, provocando sua queda, longas negociações vão ocorrer entre os blocos apoiados pelo Ocidente e a aliança liderada pelo Hezbollah, conhecida como 8 de Março. E se as conversações falharem, o Líbano pode ver o ressurgimento dos protestos de rua que atormentaram o país no passado. Ainda assim, o fato de o grupo militante ter a possibilidade de comandar o governo libanês é um golpe para os Estados Unidos. Washington vem tentando, nos últimos cinco anos, levar o Líbano para a esfera ocidental e colocar um ponto final na influência do Hezbollah, da Síria e do Irã. 

Mas ao contrário disso, o Hezbollah conseguiu, com seu poder militar e político, mostrar que o bloco pró-Ocidente não consegue governar o país sem ele - e pode ir mais além e mostrar que não precisa dos oponentes. O movimento xiita possui um arsenal que é muito maior do que o do Exército nacional, conta com o auxílio de milhões de dólares em recursos iranianos e com o apoio da maioria dos xiitas libaneses. 

O colapso do governo mergulhou o país num clima de incerteza política após um ano de relativa estabilidade sob o primeiro-ministro Saad Hariri, aliados dos Estados Unidos e das potências ocidentais, num complicado governo de união com o Hezbollah e seus aliados. 

A crise foi o clímax das crescentes tensões sobre a investigação do tribunal da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o assassinato, em 2005, do ex-primeiro-ministro Rafik Hariri, pai de Saad. O tribunal poderá indiciar, em breve, integrantes do Hezbollah e teme-se que isso possa reiniciar a violência no pequeno país, assolado durante décadas pela guerra civil e disputas políticas.

O Líbano sofreu com uma devastadora guerra civil entre 1975 e 1990, com a invasão de Israel em 1982 feita com o objetivo de eliminar os combatentes palestinos, e com a guerra de 2006 entre Israel e o Hezbollah, além da sangrenta luta sectária entre sunitas e xiitas em 2008.

O presidente Michel Suleiman vai iniciar negociações formais para a criação de um novo governo na segunda-feira e os legisladores vão votar para definir se aprovam o novo primeiro-ministro. De acordo com a Constituição libanesa, o presidente deve ser um cristão maronita, o primeiro-ministro um sunita e o presidente do Parlamento um xiita. Cada uma dessas religiões representa cerca de um terço da população do Líbano, que é de 4 milhões de habitantes. 

Hariri, agora primeiro-ministro interino, pediu apoio a seus aliados. Ele estava em Washington em reunião com o presidente Barack Obama quando o Hezbollah derrubou o governo. Depois seguiu para a França e para a Turquia.

Hariri retorna ao país, após queda do governo

Beirute  (AE) - O primeiro-ministro interino do Líbano, Saad Hariri, retornou sexta-feira ao país nesta, dois dias depois de a coalizão liderada pelo Hezbollah ter derrubado seu governo. Hariri vem tentando angariar apoio internacional nos Estados Unidos, França e Turquia desde que os ministros aliados ao grupo militante xiita renunciaram na quarta-feira. 

Hariri se reunia com o presidente Barack Obama na quarta-feira quando o governo caiu. Seu escritório não divulgou o resultado de suas reuniões no exterior, que também incluíram o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.

O governo turco deve propor uma conferência internacional para cuidar da crise e aconselhar Hariri a buscar um consenso com o Hezbollah, disse a rede de televisão privada NTV nesta sexta-feira.  O Hezbollah, que já é a maior força militar do Líbano, tenta expandir seu poder político ao colocar um aliado como primeiro-ministro.

As demissões ministeriais ocorreram depois do fracasso da Arábia Saudita e da Síria em conseguir um acordo entre os dois grupos rivais. Os 11 ministros se retiraram do governo, formado em novembro de 2009, no exato momento em que Hariri estava em Washington 

Candidato sunita pode ser a solução para a crise

Políticos da coalizão pró-Ocidente, por sua vez, dizem que não há alternativa a Hariri, um bilionário de 40 anos que ainda é a escolha mais popular entre os muçulmanos sunitas. Samir Geagea, líder do grupo cristão de direita Forças Libanesas, que é aliado a Hariri, disse que os partidários do premiê interino o indicariam novamente para o cargo. “Seria um grave erro sequer pensar a respeito de uma alternativa a Saad Hariri”, disse ele na quarta-feira. Geagea, contudo, é cristão maronita. Encontrar um candidato sunita pode se mostrar o maior obstáculo para o Hezbollah. Alguns analistas acreditam que o fato de haver um concorrente a Hariri poderia ser considerado pelos sunitas como uma traição. 

Os aliados do Hezbollah afirmam que um sunita leal ao movimento pode ser encontrado e pode aglutinar apoio suficiente no Parlamento, particularmente se for algum político sunita que tenha feito parte dos governos pró-Síria anteriores a 2005. 

Para formar seu próprio governo, o Hezbollah também vai precisar do apoio de Walid Jumblatt, o influente líder druso que rompeu com Hariri em 2009. Jumblatt é um político astuto, conhecido por trocar de lado, e que ainda não indicou sua posição neste caso. 

Rami Khouri, diretor do Instituto Fares de Políticas Públicas e Assuntos Internacionais da Universidade Americana em Beirute, disse que nenhum dos lados pode conseguir muita coisa sozinho. “O Hezbollah é muito mais forte militarmente, mas esta não será uma batalha militar”, disse Khouri, na quinta-feira. “Eles têm de chegar a um acordo.”

Mas, pelo menos no momento, nenhum dos lados parece querer voltar atrás na questão da investigação do assassinato de Rafik Hariri, a causa do colapso do governo. 

O Hezbollah diz que o tribunal, sediado na Holanda, é uma conspiração dos Estados Unidos e de Israel e exigiu que Hariri rejeite as descobertas das investigações, antes mesmo de elas serem divulgadas, mas Hariri recusou interromper sua cooperação com o tribunal. Nos últimos dois meses, a disputa paralisou o governo de unidade, que durou 14 meses, uma coalizão formada com a expectativa de estabilizar o país. 

Quando as negociações entre a Síria e a Arábia Saudita fracassaram em chegar a um acordo, o Hezbollah saiu da coalizão.

Agora, o Hezbollah espera que sua decisão - tomada com a clara intenção de destacar seu poder - o leve a uma posição de barganha mais forte do que já mostrou. Os governos anteriores a 2005 eram geralmente liderados por primeiros-ministros que apoiavam o Hezbollah, mas na época, integrantes do grupo não faziam parte do governo. Um premiê simpatizante e cadeiras no gabinete dariam ao grupo xiita uma influência sem precedentes. 

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