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Ser ou não ser?

Por Daniela Kresch
Jornalista
direto de Tel-Aviv


Dizem que cinema é uma espécie de espelho de cada país. No Brasil, o sucesso de “Tropa de Elite 2” é uma prova: um país que lida com a violência urbana, principalmente nas cidades grandes onde a desigualdade social é mais latente, produz bons filmes que lidam com o assunto.

Em Israel, os filmes que mais fazem sucesso – e ganham prêmios – nos últimos tempos são os de guerra. Principalmente os que tem como tema a Guerra do Líbano, uma ferida aberta por aqui. Entre eles estão “Líbano”, “Valsa com Bashir” e “Beaufort”. Outro tema é o relacionamento entre árabes e judeus no país, representado por “Ajami”, outra película premiada e que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro.

Agora, um filme novo promete quebrar esse ciclo. Chama-se “Calevet” (“Raiva”, em hebraico, referindo-se à doença transmitida por animais), dos diretores Ahron Keshales e Navot Paposhaddo. É tido como o primeiro filme de terror israelense, que não se refere à guerra, atentados, conflitos, iniciativas frustradas de paz e outros assuntos considerados “típicos” do Oriente Médio.

O elenco conta com ídolos adolescentes vindos de seriados televisivos. O cenário: uma floresta que poderia estar localizada em qualquer outro país. O enredo: um grupo de jovens que se perde entre as árvores e enfrenta um inimigo misterioso. Tensão, nervosismo e muito sangue. Como em muitos filmes de horror falados em línguas diversas.

O fato de que o cinema israelense começa a se aventurar por terras nunca dantes navegadas (temas mundanos, adolescentes ou não, mas que não têm necessariamente a ver com o conflito na região) é um bom sinal, para mim. Sinal de que o país tenta se salvar do buraco negro, da paralisia, do bater da mesma tecla. Não que os problemas tenham sido resolvidos. Mas os israelenses querem viver, querem produzir, querem pensar em outros assuntos.

Ao mesmo tempo, o espelho-cinema mostra que os israelenses tendem, neste momento, a tentar esquecer ou ignorar os problemas mais tradicionais. E ignorar problemas também pode ser um mau sinal. O novo filme de terror é mais uma das muitas idiossincrasias israelenses: ser ou não ser? Pensar sempre nos mesmos problemas ou não? Fugir ou não? Eis a questão.
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